4 estudos sobre como aumentar sua produtividade

Algumas coisas parecem inegavelmente ajudar a imensa maioria das pessoas que buscam melhorar sua eficiência, sua produtividade e sua performance.

Existem atalhos para a alta performance? Difícil responder isso, pois cada pessoa tem sua própria fórmula, seu ritmo, suas aspirações e objetivos, suas habilidades.

Mas algumas coisas parecem inegavelmente ajudar a imensa maioria das pessoas que buscam melhorar sua eficiência, sua produtividade e sua performance.

Estudando o assunto, encontrei 4 trabalhos acadêmicos muito interessantes que podem ajudá-lo a repensar a forma como você pensa e age.

Afinal de contas, se temos todos 24 horas por dia, então o verdadeiro segredo da alta performance é usar essas horas da melhor maneira possível, certo?

Aqui estão então os 4 estudos e o que eles significam para você:

1) Formando novos hábitos:

Uma das coisas que as pessoas não compreendem plenamente é que, para melhorar nosso rendimento e nossa performance, precisamos mudar a forma como agimos em algumas situações. Mas você só muda a forma como age se mudar primeiro a forma como pensa. Ou seja, você precisa criar novos hábitos e, para muita gente, isso é extremamente difícil.
Por que, por exemplo, tantos treinamentos de vendas falham? Por que apresentamos tantas técnicas de venda diferentes e pouquíssimas são realmente utilizadas de maneira consistente? Porque no fundo estamos falando de mudar hábitos e a maior parte das pessoas quer continuar na sua zona de conforto, fazendo o que sempre fez.
Problema disso? Se fizer o que sempre fez, terá os resultados que sempre teve. Então se queremos melhorar, precisamos mudar.

Toda a literatura de autoajuda diz que formar um novo hábito leva em média 21 dias. Não encontrei nenhum estudo que dê respaldo a esse número. O único estudo sério que encontrei foi um feito pela University College of London, onde foi pedido às pessoas participantes da pesquisa que anotassem num diário o grau de dificuldade que haviam encontrado, dia a dia, ao estabelecer um novo hábito.

A média encontrada analisando as respostas do grupo foi muito maior do que sugere a maior parte da literatura de autoajuda atual. Foram 66 dias (um pouco mais do que o triplo recomendado). Eu mesmo fiquei surpreso porque achava que eram 30 dias.

Ou seja, leva bem mais tempo para se estabelecer um hábito novo, que faça parte regular da sua rotina diária de maneira consistente, do que se supunha até agora.

O mínimo de dias encontrado no estudo para implantar um novo hábito foi de 18 dias e o máximo de 254 (6 meses e meio – haja disciplina!).

Dica de sucesso do Raúl: quando queremos melhorar algum resultado nas nossas vidas, seja na área pessoal, seja profissional, precisamos mudar um ou mais hábitos. A recomendação é que se mude apenas um hábito por vez (foco) e que se tenha paciência, persistência e perseverança por pelo menos 66 dias. A partir de 66 dias, esse hábito fica automático e não exige mais esforço para ser realizado. Pelo contrário, ele passa a fazer parte da nossa rotina de maneira automática. (Fonte: University College of London)

2) Gratificação com delay:

Delay é uma expressão em inglês que significa deferir algo para o futuro. Não gosto de traduzir como ‘atrasado’ por que atrasado faz parecer que está errado, fora do horário, e você vai ver que não é isso que queremos dizer.

Um exemplo talvez ajude a entender melhor: planto uma semente de feijão. Existe um ‘delay’ até que eu consiga colher o feijão, certo? Não é que o feijão está atrasado – ele está no ritmo dele. O que existe é um espaço de tempo entre a ação inicial (plantar a semente) e o resultado esperado (colher o feijão).

Entender esse delay é uma das coisas mais importantes que existe no mundo em termos de sucesso e alta performance.
Num estudo já bastante conhecido, Walter Mischel fez uma experiência muito interessante com mais de 500 crianças na Stanford University’s Bing Nursery School.

Ele dava às crianças duas opções e elas tinham que escolher A ou B:

a) Um marshmellow ou bolacha agora.
b) Dois marshmellows ou bolachas se a criança esperasse 15 minutos antes de comer.

O pesquisador dava as instruções e saía da sala, deixando as crianças sozinhas com seu dilema. As cenas das coisas que as crianças faziam para resistir à tentação eram hilárias. Faziam caretas para o doce, levantavam e davam as costas para ele, puxavam o cabelo, agarravam e puxavam a roupa… Enfim, um festival de técnicas diferentes para tentar resistir à tentação.
Média de tempo de resistência das crianças antes de pegar o doce: 3 minutos.

Note que o ‘dilema’ era simples: pego o doce e me satisfaço imediatamente ou espero, aguento um pouco e recebo o dobro depois?

30 anos depois, foi feito um estudo de follow-up com as crianças que participaram do daquela experiência inicial. Não vou cobrir você de estatísticas aqui, mas o resumo é o seguinte:

  • Pessoas que esperaram os 15 minutos e receberam como prêmio os dois doces tinham uma probabilidade maior de serem bem-sucedidas profissionalmente, estarem bem de saúde e darem-se notas altas em termos de satisfação e prazer com a vida.
  • Pessoas que pegaram imediatamente o doce tinham uma probabilidade muito maior de serem classe média baixa ou baixa, estarem obesas e terem problemas de autoestima, dando notas baixas de satisfação e prazer com a vida.

Dica de sucesso do Raul: excesso de imediatismo é um dos maiores inimigos da alta performance. Muitas coisas importantes na sua vida precisam de um certo tempo de maturação antes de começarem a dar resultados. Tenha paciência. (Fonte: Stanford University)

3) Custo energético do novo hábito

Quem já assistiu à minha nova palestra sobre alta performance sabe que este é um assunto que tenho comentado bastante: a questão de como lidar com tentações e distrações no caminho da alta performance.

Esse assunto está muito ligado ao anterior, do imediatismo, mas tem um aspecto diferente que é fundamental entender.
Depois de analisar o assunto em diversos estudos de neurociência, os cientistas estão chegando à conclusão de que nossa força de vontade é como se fosse uma bateria: ela descarrega conforme o dia vai passando e você a vai usando.

Exemplo típico disso (e sua consequência) é a pessoa que está tentando parar de fumar mas ‘tropeça’ à noite, depois do jantar. Essa pessoa usou toda a bateria de força de vontade durante o dia e, quando chega o final de tarde ou noite, a bateria está descarregada e não funciona mais.

Mesma coisa acontece com a alimentação: a pessoa de dieta faz um café da manhã perfeito, um almoço razoável e às 4 da tarde ataca um pacote de bolachas. Não é só a fome – é a bateria da força de vontade que descarregou.

Inclusive, existem estudos mostrando que os níveis glicêmicos do nosso sangue mudam conforme você vai sendo exigido em termos de autodisciplina. Não é à toa que as pessoas tentando mudar um hábito terminam o dia literalmente exaustas: elas gastaram/investiram uma quantidade absurda de energia para manter a decisão do hábito novo.

É fácil de entender por que isso acontece: nosso cérebro geralmente representa, na média, 2% do peso do nosso corpo. Mas representa mais de 20% de toda a energia diária que precisamos para viver. Nenhum outro órgão exige tanto em termos de energia quanto o cérebro.

Uma pessoa mudando um hábito está constantemente pensando no hábito antigo e resistindo a ele, principalmente no começo do processo. Quando olhamos o processo de perto então, fica claro que a pessoa está tomando o tempo inteiro microdecisões (não vou fumar, não vou comer, etc.).

Um estudo feito com 165 alunos por Baba Shiv, também de Stanford, deixou isso bem claro. Foi dado aos alunos a instrução de que decorassem um número. Metade da turma tinha que decorar um número de dois dígitos (por exemplo, 17). A outra metade da turma tinha que decorar um número de 7 dígitos (por exemplo, 1223345).

As pessoas tinham o tempo que quisessem para decorar o número e quando sentissem que estivessem prontas, podiam sair, ir para uma sala ao lado e recitar seu número ao pesquisador. Nessa sala é que acontecia o verdadeiro teste, pois ali eram oferecidos 2 prêmios: um bolo de chocolate supercalórico e uma salada de frutas supersaudável.

Os alunos que haviam pego os 7 números para decorar preferiam o bolo de chocolate 2x mais do que os alunos que haviam pego os números mais fáceis.

Dica de sucesso do Raúl: Primeiro, entenda que mudar um hábito é tomar uma série de decisões durante o dia, persistindo no novo hábito. Segundo, você precisa alimentar-se de maneira saudável para manter seu nível de energia equilibrado durante o dia, sem cair em ‘buracos energéticos’ que fazem você cair em tentação. Terceiro, monitore de perto esses momentos para entender e analisar por que aconteceram – muitas vezes uma ação preventiva uma hora antes teria evitado cair na rotina e na zona de acomodação do velho hábito. Quarto e último: quando tiver algo realmente importante para fazer, faça logo de manhã, quando sua resolução e força de vontade estão ainda fortes e consistentes.

4) Importância de colocar seus objetivos no papel

Reservei para este último espaço o que considero talvez o mais importante destes 4 estudos citados. Em 1979, a Universidade de Harvard perguntou aos seus alunos de MBA: “Você estabeleceu e colocou no papel metas claras e objetivas e fez planos para alcançá-las?”.

  • 84% dos alunos não tinham objetivos específicos
  • 13% tinham objetivos mas não haviam feito planos nem colocado no papel
  • 3% dos alunos tinham objetivos, planos para alcançá-los e haviam colocado tudo no papel

Em 1999, 20 anos depois, Harvard foi fazer um estudo de follow-up, entrevistando os alunos da mesma turma. Veja só que impressionante estes resultados:

  • Os 13% que tinham objetivos mas não haviam colocado no papel ganhavam o DOBRO do que os 84% que não tinham objetivos.
  • Os 3% que tinham objetivos, planos e haviam colocado no papel, ganhavam 10 vezes mais do que os outros 97% JUNTOS.
  • Dica de sucesso do Raúl: Esta é a mais fácil e clara de todas as minhas dicas. Defina seus objetivos, trace seus planos para alcançá-los e COLOQUE ISSO NO PAPEL!!! Pode ser via mapa mental, com imagens e/ou palavras, pode ser por escrito, pode ser do jeito que você quiser. Mas coloque seus objetivos e planos no papel. Você estará na frente de 97% da humanidade, e muito mais próximo de realizar seus sonhos.

Abraço e boas vendas de alta performance,

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