A lição de Petrus

Sempre vale a pena recordar de exemplos de como devem se comportar as pessoas no exercício de suas funções. Em um dos momentos mais lamentáveis da história ? não necessariamente negativo, se soubermos aproveitá-lo e expulsar do templo da democracia ladrões e corruptos de toda ordem e iniciarmos uma nova etapa em nosso País ? sempre vale a pena recordar de exemplos de como devem se comportar as pessoas no exercício de suas funções. Em um clima de Agatha Christie, no tradicional restaurante Petrus, em Londres, seis executivos do Barclays Capital decidiram comemorar, em 2004, em um histórico jantar que custou a bagatela de 62.700 dólares, o fechamento de um importante negócio ? no ponto de vista deles.

Na verdade, se cobrado na totalidade, incluindo os serviços, o jantar teria ultrapassado os 75 mil dólares, mas o dono do restaurante, emocionado pela ousadia de clientes tão corajosos, que em época de crise beberam, dentre outros, uma garrafa do vinho Château Pétrus 1947 ? 17.500 dólares ?, e outra da safra de 1945 ? 16.500 dólares?, decidiu oferecer a comida de cortesia e não cobrar pelos serviços.

Nada demais teria acontecido, se não fosse por dois pequenos detalhes. O primeiro é que depois de pagarem a despesa com seu próprio dinheiro, os executivos decidiram pedir reembolso, e o segundo, fatal, que essa história vazou para a imprensa, causando tremendo mal-estar em Londres e na comunidade financeira internacional.

Os executivos, dias depois, com exceção de um dos seis que no dia seguinte relatou o comportamento politicamente incorreto, foram sumariamente despedidos. E não se fala mais no assunto. Ou melhor, se fala, apenas no discretíssimo restaurante Petrus, que mandou enquadrar a nota das despesas e a ostenta como troféu em uma de suas paredes. Assim como a mulher de César, executivos de empresas, especialmente das que cuidam do patrimônio de seus clientes, como é o caso de bancos e demais instituições financeiras, além de terem de ser honestos, confiáveis, austeros e comedidos, têm de ter um comportamento público irrepreensível, capaz de garantir e transmitir aquilo que se supõe que sejam.

O que dizer, então, de políticos cuja base é uma clientela de, no mínimo, milhares de eleitores e que confiaram a eles sua principal moeda ? o voto ? com o objetivo específico de construírem um país melhor, mais próspero, e socialmente mais justo? E se locupletam roubando dinheiro, destruindo ao invés de construir, aprofundando as diferenças sociais, e dando o pior exemplo possível para as novas e futuras gerações. Bebendo Pétrus e degustando charutos.

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