Quanto tempo por semana tem dedicado a pensar?

Cresci ouvindo meu pai falar que, quanto menos ele trabalhava, mais dinheiro ganhava. Na verdade, o que ele queria dizer é que, quanto mais se afastava das tarefas operacionais, mais tempo ele tinha para pensar. E pensando ganhava dinheiro.

Pensar é algo que todo mundo concorda que é fundamental fazer, mas na realidade pouca gente pratica de verdade. Basta pegar a agenda das pessoas e analisar: quanto tempo da semana está bloqueado para ‘pensar’?

A agenda tem de tudo: lista de coisas a fazer, telefonemas, visitas, e-mails, pendências, projetos, propostas, orçamentos, reuniões internas, reuniões externas, almoços, jantares… enfim, o dia a dia corrido normal de qualquer pessoa ocupada.

Mas tempo para pensar? Zero.

Interessante notar que se alguém numa empresa for pego sem fazer nada, só pensando, vai provavelmente levar uma bronca. Ou no mínimo receberá olhares e comentários críticos. Pois pensar significa ficar quieto e convenhamos: ficar quieto, hoje em dia, parece um desperdício. As empresas e as próprias pessoas valorizam muito mais a correria e agitação, mesmo que totalmente improdutiva, do que a quietude do pensar.

“Não tenho tempo para pensar” ou “nem dá tempo de pensar” são as frases que mais ouço nesse sentido. E a consequência está em todos os lugares. Na vida pessoal, na profissional e até mesmo como cidadãos. Basta analisar as passeatas e manifestações que temos visto ultimamente. É muita vontade, muita animação, mas pouca estratégia. Ninguém parou para pensar no que realmente está querendo e, principalmente, como fazer para que a mudança ocorra de verdade.

Protestar por protestar é fácil. Não precisa de cérebro nem de pensamentos aprofundados para fazer isso. Então o pessoal protesta. Agora, se realmente queremos mudanças de verdade, então precisamos primeiro PENSAR e depois protestar, mas com foco.

Foco é justamente um dos grandes benefícios de pensar.  Mas pensar no que, exatamente?

Eu recomendo 5 grandes áreas para pensar:

1. Definição de metas: quais meus grandes projetos, em todas as áreas da minha vida e por que é importante atingi-los?
2. Potencializar oportunidades: o que está funcionando e como fazer com que isso continue.
3. Melhorias: o que não está funcionando e como melhorar isso.
4. Novidades/inovações: o que não estou fazendo e que deveria estar fazendo.
5. Stop: o que preciso parar de fazer.Quem acompanha meu trabalho há mais tempo sabe que sou grande fã de fazer listas de coisas para PARAR de fazer. Todo mundo faz lista de coisas para fazer, eu defendo que precisamos também uma lista de coisas para parar de fazer.
6. Prioridades e plano de ação: baseado nos 5 itens acima, quais são as prioridades? (Dica para priorizar: quais são as ações que, se realizadas, trariam mais impacto positivo?).

Um dos meus rituais mais produtivos é justamente um tempo onde não produzo nada. Apenas reviso meus principais objetivos para o período e como está o andamento dos meus projetos pessoais e profissionais para o ano.

Faço isso em 3 momentos:

1. Uma grande revisão mensal, sempre no primeiro dia do mês, analisando o fechamento do mês anterior e planejando o próximo, que está começando. Essa revisão dura em média uma hora a uma hora e meia.
2. Uma revisão semanal, sempre no domingo à noite ou segunda-feira de manhã, dependendo da minha agenda de viagens. Aqui reviso a semana que passou e planejo a semana começando, baseado no que defini como objetivos para o mês.
3. Uma revisão diária da minha lista de tarefas. Essa é outra grande ferramenta de aumento de produtividade – a lista diária de tarefas. Algumas pessoas usam sua agenda, eu prefiro bloco de papel e caneta. Qualquer tarefa importante que eu precise fazer vai para a lista e tenho o que chamo de minha regra número 1: se entrou na lista, vai acontecer. Nem sempre consigo realizar tudo no mesmo dia, o que faz com que algumas pendências passem para o dia seguinte. Mas se entrou na lista, acontece. Esta revisão diária faço sempre no final do dia, antes de dormir, pois assim já acordo no dia seguinte motivado e focado na lista de tarefas e pendências. Dedico a isso entre 10 e 15 minutos.

Desde que implantei esses três momentos, minha produtividade, que já era alta, ‘explodiu’. Passei a produzir muito mais, com mais intensidade, com mais foco, com mais qualidade e, melhor ainda, com mais motivação. Só por que resolvi ser proativo em relação a PENSAR, e não reativo.

Sinto que cada minuto investido em planejamento me traz de 4 a 5 minutos de aumento de produtividade. Então simplesmente bloqueei tempo na minha agenda para fazer a tarefa que mais agrega valor e aumenta a eficiência do que faço.

E você: quanto tempo por semana tem dedicado a pensar?

Outras perguntas interessantes: esse tempo é suficiente? Se não for tempo suficiente, quais as consequências?

Abraços pensadores e boas vendas,