Estruture a sua força de vendas
As organizações encontram quatro maneiras básicas para estruturar sua força de vendas: por meio do produto, tipo de cliente, região ou forma mista. Entender as diferenças, bem como as vantagens e desvantagens de cada um desses modos pode ser decisivo para o sucesso do gestor da área comercial.
Vejamos alguns exemplos:
Força de vendas estruturada por produto
Pense em uma grande loja de materiais de construção. Em função da extensa linha de produtos ali comercializados (mais de 70 mil itens), é possível que os profissionais de compras recebam vários vendedores de uma mesma empresa. Que tipo de impacto isso pode causar?
Em primeiro lugar, essa prática pode dificultar muito a manutenção de um elevado grau de relacionamento entre fornecedor e cliente. Pense no grupo Saint-Gobain e suas companhias (Quartzolit, Brasilit, Isover e Saint-Gobain Abrasivos). Será que todos os vendedores dessas empresas conseguem estabelecer o mesmo nível de relacionamento com o comprador da Leroy Merlin? Como bonificar o cliente por volume se ele compra de maneira fracionada, distribuindo sua verba entre diversos CNPJs?
Outro exemplo: será que a HP deveria ter uma única força de vendas para atender às diferentes demandas que seu extenso portfólio origina?
Vantagens |
Desvantagens |
Ideal para vendas demoradas, com número de clientes reduzido. |
Há dificuldade de bonificar clientes por volume de compras. |
Adequada a empresas que investem frequentemente na atualização de seu portfólio de produtos. |
Por receber vários vendedores da mesma empresa, o relacionamento com o comprador pode ser mais difícil. |
Força de vendas estruturada por cliente
A Coca-Cola possui gerentes especializados em um único cliente. Por que isso acontece? Porque, em mercados altamente concentrados, um único canal de distribuição pode significar a liderança de mercado.
Você já parou para pensar no peso que um Carrefour tem na venda de Coca-Cola? Já observou que se quiser comprar no Brasil um relógio da marca Tag Heuer terá de ir a uma loja H.Stern?
Por motivos completamente diferentes, essas empresas focam um cliente e permitem que seus vendedores lhe ofereçam toda a gama de ofertas disponíveis no catálogo. Uma das vantagens dessa metodologia é permitir que o colaborador conheça cada vez melhor o negócio do cliente e possa, a partir desse conhecimento, exercer a tão falada função de consultor.
Por outro lado, os relacionamentos tendem a enveredar pela perigosa estrada das relações pessoais. Com isso, o cliente passa a pressionar o fornecedor para ser atendido sempre pela mesma pessoa, pois identifica nela uma aliada, que sempre estará disposta a sacrificar os interesses imediatos da própria companhia, em troca da promessa de maiores negócios no futuro.
Vantagens |
Desvantagens |
Facilita o estreitamento do relacionamento. |
Pode gerar relacionamentos que se tornam “viciados” com o tempo. |
Permite que o vendedor se especialize no negócio do cliente, aumentando a customização. |
Há tendência de o vendedor se limitar a atender à demanda já conhecida, não prospectando novas oportunidades. |
Força de vendas estruturada por região
Em um país de dimensões continentais como o Brasil, muitas vezes somos obrigados a privilegiar critérios geográficos na hora de estruturar a força de vendas. Embora tenhamos mercados de alta concentração, como São Paulo, também convivemos com a dura realidade da enorme dispersão demográfica de regiões como a norte e a centro-oeste.
Sabemos que garantir correta cobertura a todo o mercado é um desafio que precisa ser encarado pelo gestor comercial. Mas o problema é que isso muitas vezes leva um mesmo vendedor a ser responsável por áreas que vão do Espírito Santo ao Piauí.
Esse é um dos desafios enfrentados por empresas como a Behr, que produz radiadores para automóveis e caminhões. As montadoras estão concentradas no eixo sudeste-sul. Mas o chamado mercado de reposição (after market) se espalha de maneira nada uniforme pelo Brasil. Como atender todos com eficiência e, ao mesmo tempo, manter os custos sob controle?
Vantagens |
Desvantagem |
Definição clara das responsabilidades do vendedor. |
Dificuldade de se aprofundar no conhecimento dos produtos. |
Esforço pessoal faz a diferença. |
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Incentiva o vendedor a conhecer empresas locais e a desenvolver relacionamentos pessoais. |
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Reduz despesas de viagem. |
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Força de vendas mista
Pensemos em um gerente de contas que se especializou em um mercado (refrigeração para navios) e domina uma tecnologia específica (câmaras frigoríficas). Esse superespecialista vende somente um tipo de produto para um único segmento. Isso é bom ou ruim? Depende, afinal, o que realmente interessa para a área de vendas são os resultados.
Mas de uma coisa você pode estar certo: as estratégias para cada um dos quatro casos citados necessariamente terão de ser diferentes. E será o acerto na escolha delas que vai definir, no fim, quem ganha e quem perde com a estrutura que está utilizando.