Confira a entrevista com Regina De Lucca Baldini

A reflexão é a forma mais eficaz, inclusive mais sábia, para melhorarmos nossas relações, pois todos nós, sendo colaboradores, líderes ou empresários, conversamos e temos noções de nossos direitos e deveres hoje em dia

1) Vamos começar falando um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-la melhor. Você poderia nos contar brevemente sua trajetória profissional até escrever “Tira o Pé da Minha Marmita”?

Formei-me em Administração de Empresas e trabalhei alguns anos na área Comercial de diversas empresas. Essa área é belíssima por existir uma diversidade enorme de pessoas competindo entre si. Nessa caminhada acabei me apaixonando pela área de Recursos Humanos e Gestão de Pessoas, pois vivendo, vendo e ouvindo vários casos e situações, pude perceber que essa competição, não somente na área Comercial, mas em todas as áreas, deve ser canalizada de forma benéfica e que um líder pode despertar o melhor ou o pior lado do ser humano e, consequentemente, gerar diversos conflitos positivos ou negativos.

2) Olhando para trás, existe algo que você gostaria de ter sabido ou descoberto antes – alguma lição que teria ajudado a superar ou evitar algumas dificuldades pelas quais passou?

Sim. O controle da ansiedade. Por ansiedade cometemos muitos erros. A ansiedade dificulta o discernimento entre o momento de falar e calar, de nadar e boiar.

3) Agora sobre seu livro. Com tantos livros sobre administração de conflitos já disponíveis no mercado, o que o seu traz de diferente?

Humildemente acredito que a diferença do “Tira o Pé da minha Marmita” está na linguagem informal e, apesar da seriedade do assunto, bem humorada. A comunicação é simples, pois escrevo como falamos no dia a dia. Usando dessa linguagem conto vários cases, que ilustram situações corriqueiras, ou não, que fazem o leitor, além de sentir-se acolhido em alguns momentos, posicionar-se nos diversos papéis e trabalhar a empatia, fator importantíssimo para obter sucesso nas relações interpessoais, bem como enxergar a importância de pensar antes de agir e de escutar o outro com atenção, apesar da correria e cobrança diária que todos nós sofremos, por nós mesmos e pelos outros.

4) Você poderia nos dar um exemplo extraído do livro que resume as principais ideias e conceitos que você defende?

Tem um case no meu livro em que uma funcionária é dispensada da empresa exatamente após seu pai ter sofrido um Acidente Vascular Cerebral gravíssimo e estar em coma no hospital. A empresa alega, no momento da demissão, que a funcionária não teria mais disponibilidade de tempo como antes para trabalhar e por isso prefere dispensá-la. A principal ideia e conceito que defendo é a reflexão. Refletindo, podemos evitar, minimizar e reparar atrocidades cometidas por pessoas dentro das empresas. Não existem fórmulas mágicas e errar é totalmente inerente ao ser humano, apesar de existirem atitudes desumanas e assustadoras ocorrendo por aí, como nesse caso. Por isso acredito que a reflexão é a forma mais eficaz, inclusive mais sábia, para melhorarmos nossas relações, pois todos nós, sendo colaboradores, líderes ou empresários, conversamos e temos noções de nossos direitos e deveres hoje em dia, além das conversas no cafezinho, happy hours etc, existe um local maravilhoso para pesquisas e rápida comunicação: a Internet. Ninguém está mais tolerando injustiças. Percebemos isso nitidamente nas últimas semanas, pois o país explodiu em manifestações nas ruas, por não tolerar mais as injustiças.

5) De maneira rápida e resumida, que tipo de leitor mais se beneficiaria do seu livro? Que tipo de conselhos ou informação deveriam estar procurando, ou que tipo de problema estariam tentando resolver?

Todos que estão atuando no mercado de trabalho, como empresários, gestores e colaboradores em geral. Todos os que querem entender o processo, de baixo para cima e de cima para baixo, das decisões e atitudes que tomamos diariamente. Em cada papel que exercemos existe uma consequência do comportamento que decidimos ter e das escolhas que fazemos.

6) Qual seria a primeira coisa que você gostaria que alguém fizesse depois de terminar de ler seu livro, colocando em prática o que foi visto?

Gostaria que a pessoa refletisse sobre os cases, que enxergasse a si mesma dentro dos contextos, colocando-se no lugar de cada personagem e nessa reflexão, buscasse maneiras de evitar, minimizar e reparar os erros cometidos e que posteriormente, carregasse o exercício para suas decisões reais e diárias.

7) Que outros livros ou autores você recomendaria para quem quiser se aprofundar nesse assunto?

Virando a Própria Mesa – Uma História de Sucesso Empresarial Made In Brazil – Ricardo Semler

Empresa Rede e Atitude é Querer – Cícero Penha

Esse livros não são focados em Administração de Conflitos, mas os autores mostram como enxergaram uma forma de viver e de liderar no estilo “Tamo junto”.

8) Qual é o maior erro que você vê os líderes praticando em relação à administração de conflitos?

Ausência de empatia, ou seja, se colocar no lugar do outro. Isso pode ocorrer por causa da correria do dia a dia ou por puro estrelismo e/ou agressividade. A vaidade é um veneno que o líder bebe e destila para toda sua equipe. Todos perdem. Todos morrem.

9) Que sugestões você daria para quem quer melhorar? Por onde começar?

Escute com “ouvidos” de ouvir, como diria minha mãe e reflita sempre sobre as suas atitudes e reações.

10) E o que você acha que esses líderes deveriam PARAR de fazer?

Deveriam parar de gritar. Em todos os sentidos. O grito, no sentido literal e da correria insana e surda. Um degrau que o líder sobe o torna mais alto e consequentemente, não confiável. “Tamo Junto” faz muita diferença, mas tem que ser constante e totalmente natural. Se a parceria for forçada, não é liderança é oportunismo, falsidade. As pessoas percebem. Elas não falam “na cara”, mas percebem nitidamente e isso não as torna seguidoras, são apenas subordinadas.

11) Baseada em toda sua experiência e depois de todas as pesquisas que fez para escrever seus livros, existe algum conselho em liderança ou administração que você vê publicado com frequência, mas com o qual não concorda?

Não concordo com as fórmulas mágicas que são apresentadas no mercado. Se existisse alguma fórmula mágica, seria fácil e sabemos que relacionamento, de qualquer tipo, é complicadíssimo. Existem apenas formas de ouvir e de falar que facilitam a comunicação. O líder é apenas um elo de ligação de todos os outros cérebros e corações envolvidos. Ele abraça a todos, para que todos se abracem.

12) E sobre administração de conflitos e a busca do sucesso – com toda sua experiência e conhecimento, existe algum conceito que você gostaria de reforçar?

Reforço a necessidade da reflexão antes da ação ou quando não for possível, que a reflexão seja feita durante e/ou depois. Para tornar possível o recomeço do processo da ação.

13) Algum comentário adicional que gostaria de fazer aos nossos leitores?

Leiam o “Tira o Pé da Minha Marmita! Espero que divirtam-se, sintam-se acolhidos e, principalmente, reflitam sobre os cases do livro e de suas vidas. Aprendemos juntos, sempre. Espero vocês no meu Facebook, Blog e e-mail. Grande abraço e muito obrigada!

14) Informações para contato:


Regina De Lucca Baldini, nascida em São Paulo Capital, é Administradora de Empresas, escritora, Palestrante, apresentadora do Quadro Ética e Etiqueta no Trabalho no Programa Tribuna Cidadã da TVRP Canal 9. Pós-graduada em Gestão de Pessoas junto a FAAP Ribeirão Preto-SP e Consultora de Recursos Humanos na Empresa Support Assessoria Empresarial. Fez sua estreia no mundo literário em 11/11/2009 com o livro “Tira o Pé da Minha Marmita!”, contando histórias sobre conflitos entre pessoas no dia a dia do universo corporativo e agora lançou o “Tira o Pé da Minha Marmita 2!”, uma continuação mais aprofundada da primeira obra.

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