Copa do Mundo

Não nos convidaram para esta festa. Mas isso não é motivo para você não aproveitar o Mundial para vender mais

Na publicidade dos parceiros oficiais da Copa do Mundo FIFA, vemos uma festa só. Todos empolgados, felizes, bandeira na mão, prontos para fazer do Mundial um grande sucesso de crítica, público e vendas.

Nas outras milhares de empresas que não participam desse seleto clube, os vendedores estão preocupados. Quem mais se dá bem com a euforia pré-Copa acabam sendo as lojas de artigos esportivos, que recebem muitos clientes em busca de camisas dos times envolvidos no torneio, sobretudo do Brasil, bolas e produtos oficiais, lojas de varejo para quem quer uma TV maior e os supermercados com a venda de petiscos. Mas uniformes, televisores, petiscos e companhia vendam mais se a Copa for aqui, na África do Sul ou na Alemanha. Não faz diferença.

Onde está o lucro, as vantagens que anunciaram que viriam com a Copa?

Talvez venham depois. Segundo autoridades do turismo da África do Sul, o país conseguiu impressionar bem os turistas que foram ver a bola rolar. Daqueles que foram ao país pela primeira vez, 90% afirmaram desejo de voltar. Se o Brasil conseguirá agradar quem vem de fora da mesma maneira, ainda não dá para saber. O que se sabe é que os responsáveis pelo evento no Brasil estimaram que a Copa faria circular pelo país recursos 20 vezes maiores que os circularam na África do Sul. Difícil. Ainda mais com obras e mais obras sendo retiradas da matriz de responsabilidade da Copa. As obras que ajudariam no deslocamento de vendedores e clientes, que ajudariam nas entregas e visitas técnicas, essas estão sendo riscadas do mapa.
Alguém vai lucrar com a Copa, sem a chancela de “Oficial”?

Para o Assessor Econômico da Fecomércio/SP, Guilherme Dietze, é difícil falar o que vai lucrar mais com a Copa do Mundo. “Você imagina um americano vindo para o Brasil e comprando uma TV, um IPhone? Estes produtos aqui são muito caros em relação a muitos outros países, até mesmo em relação à Argentina, que, agora, sofre com uma crise econômica e, dificilmente, virão com poder de compra. A maioria deve vir fazendo “bate e volta”, como uruguaios indo para Porto Alegre, porque o transporte e a rede hoteleira estarão muito caros, não havendo sobra para poder comprar”, constata.

Com preço nós não conseguimos competir no mercado internacional, conclui Dietze. “Ninguém vai vir aqui comprar uma camisa importada. O que deve haver é uma diferenciação de produto, por exemplo, algum artesanato que diferencie do que os turistas têm visto no seu país de origem, algo que posa chamar a atenção e que eles possam levar como uma lembrança única e diferente de nosso país”, explica o assessor econômico.

Turismo – Mesmo com os resultados positivos da África do Sul, o turismo externo não terá o impacto prometido. Segundo a FIFA, a imensa maioria dos compradores de ingressos são brasileiros. Veja quem garantiu espaço na primeira fase de venda oficial dos ingressos:

Nacionalidade Ingressos
Brasileiros 3.829.243
Norte-americanos 291.129
Argentinos 235.915
Alemães 100.531
Chilenos 87.988
Ingleses 66.911
Australianos 66.628

Ainda assim, as empresas aéreas se preparam. A TAM afirma que irá contratar até mil funcionários extras para o período, muitos em vendas e call-centers, e está estudando os voos extras que disponibilizará junto com a Agência Nacional de Operação Civil (ANAC).

Já para a Gol, nem aumento da demanda haverá. A companhia aérea avisa que o que vai acontecer é um reposicionamento: aumentarão os voos para as cidades-sede, e diminuirão para outros destinos. Assim, pontos turísticos fora do mapa da Copa – Foz do Iguaçu e praias cearenses, por exemplo, devem se preparar para uma diminuição no ritmo de negócios – ou se posicionar como um local sem Copa, como dissemos antes.

E as vendas?

As compras de impulso serão as mais prejudicadas pelos dias “pingados” de trabalho, principalmente se for feriado nos dias de jogos do Brasil. “Evidentemente, quem precisa de algum tipo de produto, vai comprar, independente se é feriado ou não, porém, já é esperado uma retração, um consumo menor e, por isso, o comerciante precisa ficar mais atento e planejar para saber como irá atingir este consumidor”, explica o assessor da Fecomércio.

E a melhor forma de atingir o consumidor será, sem dúvida, na forma de promoção: a única maneira de tirar ele de casa é oferecendo um preço atrativo. De acordo com Guilherme Dietze, quando você tem algum tipo de processo de inflação um pouco mais acelerada que vem impactando no poder de compra – o que deve continuar até o meio do ano, muito provavelmente –, o poder de compra será reduzido e haverá menos espaço para compra de produtos mais caros. “Mesmo para venda de serviços estará complicado, porque tudo estará mais caro na Copa. Então, as pessoas se posicionarão para atender as suas demandas diárias em casa, fugindo de restaurantes e bares”, analisa.

Então, não há saída para o vendedor?

Sim, há, e a cerveja Devassa é um exemplo muito bom disso. Convenhamos, é difícil encontrar algo bom a ser dito sobre a Copa. Superfaturamentos, cancelamento de obras úteis à população, estádios de utilidade duvidosa, entre outros. Aí entra a Devassa. Sua nova campanha enaltece a pelada, “o lado Devassa do futebol”. Convocando o deputado e ex-jogador Romário, um dos maiores críticos da Copa, para estrelar a campanha, a Devassa colocou-se como representante de todo o sentimento de indignação e, ainda assim, a favor do futebol. Mas o futebol moleque, improvisado, alegre, não o futebol de terno e gravata da FIFA e parceiros oficiais.

Da mesma forma, muitas empresas podem aproveitar os próximos meses e se apresentar como alternativas à Copa. Spas, pesque-pague, hotéis-fazenda e outros podem atrair o público que não tem interesse na bola.

Existe também a possibilidade de lucro indireto. Vá até o site oficial da FIFA e veja os parceiros dela para a Copa no Brasil. São muitas empresas conhecidas que estão esperando aumentar bastante o faturamento. E, como vão vender mais, vão produzir mais e, portanto, demandar mais de seus fornecedores. Vale a pena falar com elas – o tempo é curto, os principais contratos provavelmente já estão fechados, mas há a possibilidade de sua empresa lucrar alguma coisa. Seja criativo. Se essas empresas já tiverem contrato com todos os fornecedores, vá atrás deles, e veja se pode vender algo. E, se todos os fornecedores já estão certos, a empresa parceira da FIFA certamente irá recepcionar alguns VIPs durante o evento, certo? Possibilidade para empresas de evento, fotógrafos, criadores de hot-sites, e diversas outras empresas.

Em suma, dinheiro na Copa, há pouco. Dinheiro ligado indiretamente ao evento, e fora da Copa, existe disponível. Vá atrás desses.

Se, entretanto, você quiser ligar seus produtos, serviços ou vitrine ao evento, seja genérico. Você pode usar uma bola branca com alguns gomos pretos, simples, sem marca. Você não pode usar a Brazuca nem nenhuma bola que tenha sido usada em algum evento oficial da FIFA. Você pode usar uma camiseta amarela, sem símbolos ou escudos, com no máximo um número no peito.

Você não pode usar a camiseta da Seleção nem de nenhuma das outras equipes sem autorização. Segundo José Oliveira de Resene, especialista em propriedade intelectual e contratos do escritório KBM Advogados, algumas empresas, às vezes intencionalmente, vinculam o logo do evento e imagem do mascote para atrair a atenção do consumidor: “As empresas licenciadas pagam valores consideráveis pelo uso dos sinais de eventos desse porte. Sabemos ainda que as realizações só são possíveis graças aos patrocinadores. Portanto, a exclusividade e propriedade da marca impedem que terceiros utilizem tais símbolos para identificar seus produtos ou atividades, sem a devida autorização” explica o especialista.
Procure o site oficial para mais esclarecimento. Mas, a grosso modo:

  • NÃO USE: Qualquer símbolo oficial, seja a logomarca (aquele homem envergonhado), o mascote, a bola oficial, camisas oficiais, a taça FIFA, qualquer menção a um torneio mundial de futebol.
  • EVITE: a palavra “Copa”. Tecnicamente, ela não pertence à FIFA, mas melhor não arriscar.
    Dizer “aproveite nossa Copa de ofertas” dará margem à reclamações, e advogados poderão dizer que a única copa é a Copa do Mundo FIFA © ® tm. “Goleada de oferta” e similares são mais seguros.
  • PODE USAR: as cores verde e amarela, bandeira do Brasil e de outros países, camisa amarela sem o escudo de qualquer time, a palavra “futebol” e termos relacionados como gol, drible, escanteio – desde que não as ligue a qualquer ideia de jogos entre países. “Drible a inflação” pode. “Na grande festa mundial do futebol…” e similares pode dar problema.

Lembre de seu cliente de sempre

Talvez o vendedor que mais irá ganhar nessa Copa do Mundo FIFA será aquele que souber trabalhar junto com seu cliente. Lembre-se, esse ano teremos o evento do futebol, eleições, possíveis manifestações, além dos feriados de sempre, como Carnaval. É o que basta para desabastecer quem não tiver cuidado com seus estoques. Lembre seu cliente agora desse fato e ajude-o a montar um cronograma de pedidos e entrega, para evitar que a empresa dele fique sem vender, ou para evitar que seu cliente pessoa física tenha prejuízos (ficar com o carro encostado por falta de revisão, por exemplo). Torneios esportivos vem e vão. Um cliente fiel fica. Mostre que você está ao lado dele sempre e marque um gol de placa.

10 ações e 10 seleções em 10 semanas

Aproveite o pouco tempo que falta para a Copa para criar ações de incentivo para seus vendedores, baseadas nas principais seleções do mundial:

  1. Uruguai – tem dois títulos antigos, ganhos em 1930 e 1950. Estimule seus vendedores a reativar ex-clientes antigos. Premie quem conseguir mais
  2. Holanda – Vice-campeã por três vezes. Dê ferramentas e estimule sua equipe a buscar indicações e nomes de pessoas para serem prospectados nas próximas semanas.
  3. Espanha – É a campeã mais nova. O vendedor que conseguir mais novos clientes é recompensado.
  4. Portugal – Tem o melhor do mundo – Cristiano Ronaldo – e mais dez. Premie a venda mais lucrativa da semana.
  5. Estados Unidos – Desde que passou a levar o futebol de bola redonda a sério, tem colhido bons resultados – O desafio da semana é conseguir fazer mais segundas/terceiras vendas para clientes novos
  6. Alemanha – Uma das maiores forças do futebol mundial, sempre profissional e sério – Nessa semana, faça pós-venda, peça feedback dos clientes, descubra o que eles acham do atendimento/empresa, complete os cadastros.
  7. Argentina – Assim como o Brasil, depende dos craques que cria – e como cria craques. Marque uma reunião coma a equipe e peça que cada vendedor identifique o passo da venda no qual é melhor e divida algumas dicas com os outros.
  8. Brasil – Com seis títulos, é o maior campeão – premie o vendedor que apresentar a maior lucratividade durante a semana.
  9. Croácia – Se separou da Iugoslávia e começou a fazer sucesso no futebol. Peça para seus vendedores visitarem um cliente da concorrência, e descobrir como trazê-lo para seu lado, através do Levantamento de Necessidades.
  10. Gana – É o nome de um país africano, e também o necessário para ser um campeão de vendas. Premie quem tiver a maior porcentagem acima da meta de vendas semanal.
     

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