Desvendando o cliente
Parafraseando o enigma da mitologia grega: ?Decifra-me ou te devoro?, este texto apresenta uma trilha para conhecer efetivamente os clientes.
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O desafio é decifrar seus desejos e necessidades, focando não somente no comportamento aparente, mas também no inaudÃvel e invisÃvel. As empresas que atingirem esse objetivo sairão à frente da guerra de marcas e produtos. E já existem diversos livros que nos capacitam tecnicamente para esse desafio.
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Primeiro patamar ? Estudar os fatores que influenciam o comportamento de compra. Embora analisados separadamente, eles se entrelaçam na mente humana, influenciando a maneira como as pessoas compram. Os fatores se dividem em:
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- Culturais ? Cultura e classe social.
- Sociais ? Grupos de referência, famÃlia, papéis sociais e status.
- Pessoais ? Idade, sexo, estágio no ciclo de vida, ocupação, circunstâncias econômicas, personalidade, autoimagem, estilo de vida e valores.
- Psicológicos ? Motivação, percepção, aprendizagem e memória.
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Uma nova perspectiva é a necessidade de capacitação especÃfica para decifrar grupos, como: de crianças, adolescentes, homens, mulheres, naturalistas, idosos, etc. O grupo que se modificou significativamente foi o de jovens. Atualmente, eles manifestam interesse em comprar suas roupas e decidem que tipos de entretenimento participarão e não ocupam somente o papel de influenciadores, mas também de decisores. A indústria tem conhecimento desse fato e busca a opinião deles para desenvolver soluções e peças promocionais.
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Outro exemplo disso é o mercado de cuecas. Quem compra a maioria desses produtos? As mulheres. Ciente disso, uma indústria tem desenvolvido embalagens com imagens que chamam atenção delas.
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Solteiros morando sozinhos, terceira idade utilizando em maior escala serviços tecnológicos, interesse por uma alimentação mais saudável, preocupação com a qualidade de vida e ecologia são mudanças que influenciam o comportamento humano e devem ser consideradas na arte de decifrar o cliente. Portanto, uma diretriz básica é estudar também as novas tendências.
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Segundo patamar ? Compreender o consumidor de forma individualizada. Embora a personalidade seja algo singular, é possÃvel classificar os indivÃduos em grupos com caracterÃsticas semelhantes e, a partir dessa análise, desenvolver melhores estratégias de relacionamento e atendimento. Para exemplificar, apresento quatro estilos de comportamento, confira:
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- 1.   Pragmáticos ? São pessoas que valorizam a rapidez, a praticidade e esperam por um atendimento tempestivo e eficaz.
- 2.   AnalÃticos ? Importam-se com os detalhes. Ao se relacionar com eles, é fundamental o grau de segurança quanto à s informações disponibilizadas.
- 3.   Afetivos ? Dão valor ao relacionamento. Ao atendê-los, é essencial apresentar receptividade e afetividade.
- 4.   Renovadores ? Valorizam a novidade. Os vendedores e atendentes devem reforçar os aspectos inovadores dos produtos e serviços.
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Terceiro patamar ? Descobrir os valores e o estilo de vida de cada cliente, atentando-se ao grau de importância que ele estabelece para cada dimensão. O estilo de vida reflete as atividades, interesses, opiniões, valores e escolhas que um indivÃduo faz.
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Quarto patamar ? Integrar todas essas informações e usar a intuição para captar o invisÃvel. Esse é o estágio em que se percebe a maior gap (lacuna) por parte de atendentes e vendedores. É o patamar que nos permite decifrar o consumidor.
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Como conseguimos isso através de insight, é fundamental que primeiramente tenhamos o conhecimento do cliente. O Boston Consulting Group afirma que as marcas duradouras são construÃdas com base em insights profundos sobre as necessidades de seus consumidores.
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O segredo desse quarto estágio consiste em sair das observações óbvias e caminhar com o cliente, cruzando dados, identificando seus valores, estilo de vida e, por fim, descobrindo como essas peças se encaixam de forma intuitiva.
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Primeiramente, isso pode parecer uma tarefa difÃcil e até mesmo impossÃvel. Entretanto, à medida que os vendedores se permitem olhar e percebem o consumidor em sua complexidade, é possÃvel conseguir essa competência. Afastar-se desse desafio é se apaixonar excessivamente pelas caracterÃsticas de seus produtos e serviços, como se magicamente atraÃssem os clientes, ou seja, viver o Mito de Narciso.
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