Devo, não nego. Pago quando puder!

Por que vendedores têm muitas dívidas?

Saber administrar a vida financeira quando se possui remuneração variável não é tarefa fácil. E como lidar com dinheiro não é algo ensinado nos cursos de vendas, o que vemos são diversos vendedores com alta remuneração, muitas dívidas e nenhum patrimônio.

Um leitor que não quis se identificar nos escreveu afirmando perceber os vendedores que mais ganham comissões como os que têm vidas financeiras mais turbulentas: “Por ganharem bem, acabam gastando além da conta e perdendo o foco principal, que é a venda. Muitas vezes passam por situações bizarras, nas quais chegam a calcular o valor da comissão futura para negociar suas dívidas”.

O consultor em finanças Altemir Farinhas, diretor da Equilíbrio Financeiro Finanças Pessoais, destaca que vendedores com dívidas são uma ameaça para si mesmos e para a empresa, visto que, sem dinheiro e na ânsia de garantir a comissão para quitar seus débitos, negociam mal. “Isso sem contar aqueles que podem fazer uma venda fraudulenta ou algo que vá prejudicar a empresa para garantir o dinheiro. Um bom vendedor endividado também pode deixar  a empresa para trabalhar em outra que ofereça R$ 200,00 a mais”, alerta.

Para garantir finanças sem sustos em todas as épocas do ano, mesmo nos meses de vendas baixas ou de contas altas, o consultor recomenda que o vendedor tenha uma reserva de pelo menos seis meses de salário. Isso é importante também para garantir a receita caso fique doente ou sofra um acidente de carro, por exemplo. Aqueles que têm alta remuneração não conseguirão pagar as contas com o que receberão do INSS. “Faça sua parte e não dependa da empresa nem do governo em caso de uma fatalidade”, diz o consultor.

Outro conselho de Farinhas é para os gerentes: “Ofereçam cursos de educação financeira, isso pode garantir vendedores mais fiéis, regrados e lucrativos”.

Nossos leitores também nos escreveram compartilhando suas dicas sobre finanças. Confira algumas delas e planeje-se!


“O profissional que deseja ter sucesso deve priorizar muito bem os investimentos e analisar com sabedoria o custo-benefício de cada um. Minha dica é: invistam o quanto puderem em treinamentos. É treinando que se aprende a ganhar e gastar. Observe as pessoas bem-sucedidas em suas profissões, pois elas têm o treinamento como marca. É como disse o grande atleta Oscar: ‘Não existem mãos santas, existem mãos que treinam’. Portanto, em vendas não existem milagres. Treinamento e controle financeiro são as chaves do sucesso.”
Mauricio do Prado


“Faça um planejamento de suas finanças. O primeiro passo é eliminar os cartões de créditos ou obter um limite mais baixo, pois cartões são muito tentadores, assim como os produtos que estão disponíveis no mercado. A facilidade de passar o cartão é enorme, mas precisa ser superada pelo controle emocional, ou você estará perdido mais uma vez em dívidas. Uma boa dica é poupar pelo menos 30% do seu salário. Não podemos contar com 100% do que ganhamos. Eu comprometo parte dele, o restante faço de conta que não tenho.”
Vanda Pereira


“Primeiramente, acho que as vendas são ‘cruéis’ no sentido de estabilidade de ganhos. Vivemos de comissão e por vezes o mercado nos engana. Sei que não deveríamos deixar isso ocorrer, mas muitas vezes não depende apenas da competência individual. Em segundo lugar, muitos de nós vendemos por anos, no entanto, não utilizamos nossos conhecimentos no momento de nossas próprias compras, momento em que se iniciam nossas perdas. Trabalhamos com a razão e compramos com a emoção? Minha dica seria breve e simples: planilha financeira pessoal de absolutamente todos os gastos diários, que sabemos que não são poucos.”
Emerson Faraco d’Eça Neves


“Passei por dificuldades financeiras quando, após 19 anos trabalhando com salário fixo em uma multinacional, mudei para uma pequena empresa com salário bem menor e comissões. Nos primeiros oito meses fiquei no vermelho, até montar uma planilha de despesas pessoais e despesas de ‘vendas’. Assim, obtive duas contas distintas: primeiro o valor necessário para quitar meus compromissos domésticos; segundo, a despesa que chamo de ‘custo da venda’, com base em meu itinerário mensal (visita a clientes, deslocamento até o escritório, etc.). Com essas duas planilhas pude estabelecer um valor mínimo para suprir as despesas da venda e guardar algum dinheiro para o futuro. Dessa forma, criei base para comparação mensal e para avaliar onde posso reduzir custos desnecessários.”
João Batista


“Durante muito tempo trabalhei com minha situação financeira ‘enrolada’, ou seja, tirando ‘daqui’ para cobrir ‘ali’. Hoje tenho uma situação melhor, consigo poupar, invisto em patrimônios e, por coincidência ou não, minhas vendas vêm aumentando. Tenho certeza de que uma vida financeira bem administrada interfere diretamente no desempenho profissional. O vendedor passa algumas horas do dia, mesmo que seja em seu subconsciente, martelando suas obrigações e como pagá-las. Assim, o foco acaba sendo as contas e não as vendas. Consegui poupar e investir quando calculei meu ganho mínimo baseado no mês mais fraco e trouxe meu gasto fixo para essa quantia. Assim, foquei somente o crescimento.”
Jefferson Scarante


“Em minha opinião, existe também outro lado: se um vendedor contrai uma dívida, isso significa que ele terá de vender muito mais para que suas contas sejam pagas em dia. Ou seja, automaticamente sua produtividade será mais alta.”
 Oziel Ramos


“Gosto muito da área de finanças, principalmente as finanças pessoais. Não sei se é uma cultura brasileira ou se no mundo todo é assim, mas a verdade é que não temos aulas de educação financeira na escola e muito menos em casa. Vivemos em uma cultura na qual somos incentivados a assumir dívidas sem medir as consequências. Compramos o que não precisamos, com o dinheiro que não temos, para agradar àqueles de quem não gostamos. Infelizmente vivemos nessa situação. Minha dica é: decida viver com 70% de sua renda, dividindo-a da seguinte forma:

  • 10% para dízimo (se você não for cristão, decida o destino desses 10%).
  • 10% para investimentos (este dinheiro deverá ser investido em ativos e tem a função de multiplicar).
  • 10% para sonhos (este dinheiro deverá ser reservado para realização de sonhos previamente planejados: viagem, troca de carro, aquisição de smartphone, etc.).
  • 70% para uso pessoal (é importante lembrar que deve haver uma reserva para emergências e que ela sai desse montante).”

Kleyton Smentkoski

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