Do fundo da alma

Uma das principais preocupações dos adolescentes é procurar a verdade, buscando, paralelamente, uma identidade independente da mãe, do pai e da família. O processo de compreender seu próprio corpo em fase de amadurecimento e de formar uma noção de individualidade e singularidade é uma experiência instigante e intensa.

Nosso relacionamento com eles é posto à prova durante esses anos cruciais. Temos de desenvolver um novo tipo de proximidade. Os adolescentes gostam de nos sentir perto deles e saber que estamos do seu lado. Precisam ter certeza de que podem recorrer a nós a qualquer momento, que podem nos dizer o que sentem, que vamos dar ouvidos às suas histórias, acompanhá-los em sua busca de significados, ajudá-los a desenvolver uma visão mais ampla ou nova dos fatos ou explorar alternativas com eles.

Precisam confiar que responderemos da maneira mais ampla e cabal possível às suas perguntas sobre sexualidade, sobre seus corpos em desenvolvimento, sobre seus desejos e sentimentos intensos. Como fazer jus a essa confiança em meio a tudo isso? Sendo sinceros e verdadeiros com eles.

Tanto quanto possível, temos de pôr de lado nossas emoções, nosso constrangimento ou qualquer outro incômodo para transmitir as informações de que nossos filhos precisam para viver e participar do mundo. As crianças são expostas muito cedo às drogas e ao alcoolismo, são sexualmente ativas desde uma idade muito tenra, e vulneráveis a inúmeras doenças sexualmente transmissíveis, com o fantasma da AIDS sempre presente.

Costumo sugerir aos pais com que trabalho que reservem algum tempo, quando não estão com os filhos, para conversar sobre sua própria adolescência e lembrar o que seus pais diziam ? ou não diziam. Quão sinceros e abertos eram seus próprios pais? O que não receberam deles e de que sentiram falta? Que diferença isso teria feito para sua juventude? Receberam as informações básicas ? menstruação, ejaculações noturnas, ereções, masturbação, orgasmo, gravidez, métodos anticoncepcionais – de seus pais ou de outra pessoa? A maioria dos pais que fazem esse exercício aprende coisas novas e significativas um sobre o outro e descobre boas histórias para contar aos filhos.

Se você não souber responder a alguma pergunta que seu filho lhe fizer, diga isso a ele e procure educar-se lendo os melhores livros e artigos que encontrar. Cabe a você ir adiante e transmitir a seu filho adolescente as informações que são indispensáveis. É claro que o que vem em primeiro lugar é dar a ele afeto e compreensão, um relacionamento próximo e atencioso e a certeza de que poderá sempre contar com você. E, depois disso, esperar que ele faça boas opções.

Educar nossos filhos dentro dos princípios da sinceridade e da veracidade vai lhes ser útil de várias formas. Eles compreenderão o valor da integridade e da confiança em seus relacionamentos pessoais com colegas, amigos e família. Terão a coragem de olhar para si mesmos e para as situações de suas vidas com franqueza e objetividade e de assumir seu papel e sua responsabilidade por ações construtivas. E, acima de tudo, terão a reconfortante certeza de estarem sendo honestos com eles próprios. A paz de espírito que se obtém com isto é uma grande dádiva.

Para saber mais: As crianças aprendem o que vivenciam, de Dorothy Law Nolte e Rachel Harris (Editora Sextante). “O mais importante na vida não é a situação em que estamos, mas a direção para qual nos movemos” – Oliver Wendell Holmes

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