Enfrentando grandes desafios

Engenheiro dá aula de como enfrentar as dificuldades da vida

Minha carreira começou em 1992, quando meu pai faleceu e herdei o negócio da família: uma transportadora com 17 anos de existência. Eu não tinha ideia do que me esperava, e sem a experiência necessária para trabalhar, comecei. Eu era gerente comercial e meu cartão de visitas garantia isso, mesmo não tendo méritos para tal.

Cometi tantos erros à frente desse negócio que sinto vergonha de citá-los. Em dezembro de 2000, a empresa já com 25 anos, iniciada com o esforço de meu pai, teve de fechar as portas. Um duro golpe para mim, que senti o peso do mundo inteiro nas costas.

Diante disso, eu só tinha uma opção: reagir. Queria responder às perguntas: “O que faço agora?” e “Como mudar o que está feito?”. Comecei uma busca intensa por conhecimento, e a VendaMais e os livros da Editora Quantum me ajudaram muito. Resolvi pensar na letra “A” do CHA das Vendas – Conhecimentos, Habilidades e Atitudes – que tanto foi utilizado na empresa para melhorar a competência e trazer maiores resultados. E onde estaria a fonte de energia que me faria reagir? Tenho apenas uma palavra: entusiasmo.

Napoleão Bonaparte já falava sobre isso: “O entusiasmo é a maior força da alma. Conserva-o e nunca te faltará poder para conseguires o que desejas”.

Surgiam novos desafios todos os dias e eu não tinha forças para enfrentá-los. Sem empresa, sem recursos e com planos que não davam certo. Alguns dias, meu único alimento eram as lágrimas. Mas elas acabaram me ensinando que é preciso lutar, não desistir, e dar exemplos de superação.

Elaborei, então, um novo termo: ACHE–A (Atitudes, Conhecimentos, Habilidades, Entusiasmo e, novamente, Atitudes). A primeira letra pode ser resumida na decisão de não se entregar, de encarar os desafios que aparecerem. O conhecimento era para buscar o alicerce para ser um vencedor. Aprimorar as habilidades traz confiança e estabilidade para agir. Entusiasmo – talvez o maior desafio de todos – é ser preenchido por uma força que vai além de você. O ciclo se fecha com novas atitudes.

Quando tudo parece querer me derrubar, repito: “Ache-a! Encontre uma saída!”. Mas como encontrá-la? Com atitude, conhecimento, desenvolvendo habilidades, enchendo-se de entusiasmo e se preparando para ter novas atitudes.

Praticando isso, depois de três anos de preparação, em 2009 nasceu minha nova empresa de transportes. Exigiu-me grande dedicação e planejamento para transformar o sonho em realidade. Outra meta, ao lado dessa, era a casa própria, que seria construída com o dinheiro de um financiamento.

A partir desse momento houve muita empolgação e trabalho duro. O projeto da casa foi aprovado em janeiro de 2011 e as obras começaram em maio do mesmo ano, com conclusão prevista para junho de 2012. Porém, os planos começaram a seguir rumos um pouco diferentes e a nova empresa começou a passar por sérias dificuldades.

Em agosto de 2011 ela teve de ser vendida para um investidor do setor. No entanto, tornei-me representante comercial da organização que eu mesmo fundei. Surgiram novas oportunidades, participei de treinamentos e palestras e tudo corria bem até março de 2012.

Certo dia, naquele mês, acompanhando o andamento das obras em minha nova casa – já que o projeto não foi interrompido – lesionei minha coluna. No início pareceu algo simples, mas comecei a sentir dores intensas e perdi algumas funções da perna direita. Descobri uma hérnia de disco.

Em uma cama por mais de 30 dias, percebi que tudo se transformou à minha volta. Tudo ganhou uma dimensão e um significado diferentes. As emoções e os sentimentos ficaram mais profundos e cheguei a pensar em desistir de tudo.

Não conseguia mais carregar meus filhos no colo – Otávio, de 3 anos, e Henrique, de 10. Trabalhar? Seria impossível! A minha vida se tornou um desafio a cada instante. Não podia mais jogar basquete, esporte que pratiquei por 12 anos e tenho assumida paixão, ou me vestir, ir ao banheiro, sentar-me ou até mesmo abraçar alguém.

Ao buscar ajuda, o médico informou que é preciso passar por uma cirurgia e retirar o disco lesionado entre as vértebras e colocar, no lugar dele, fixadores metálicos. A recuperação exigiria três meses de fisioterapia, persistência e disciplina. O maior desafio naquele momento: manter as emoções e a cabeça no lugar.

Em horas como essas, os amigos são uma incrível fonte de energia e inspiração. Um dos meus amigos, uma vez, disse-me: “Se ainda houver uma saída, existe um motivo para lutar”. Esta é uma das razões para enfrentar desafios: empenhe-se a encontrar uma saída. Se existir um “ainda”, você terá um “porquê”, e encontrará “como” passar por seus obstáculos.

Chegamos novamente ao “ACHE–A”. Precisamos usar essas letras para encontrar um “como”.

Certo dia, eu precisava muito encontrar um “como”. Meu filho mais novo, Otávio, chamou: “Pai! Pai! Você tá melhor?”. E surgiu um novo desafio: como responder com honestidade a essa pergunta? O que eu deveria dizer? Por que ele estava me perguntando aquilo? Então, pensei que minha família é meu maior alicerce na construção de uma maneira para enfrentar meus desafios. Por isso, respondi: “Estou melhor a cada dia, filho. Vou melhorar ainda mais. Você vai ver”. Ele se virou para mim, sorriu e disse: “Eu te amo, pai”.

Hoje, passo por um processo de recuperação e a cirurgia está – por enquanto – descartada. No trabalho, voltei às minhas atividades normais, porém com menos intensidade. As dores ainda limitam alguns movimentos e impedem uma velocidade maior nas ações. Mas, com esperança e trabalho duro, em 12 meses tudo voltará a ser como era antes. E me comprometo a compartilhar isso com os leitores da VendaMais no próximo ano.

Até lá.

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