EstratĂ©gias para driblar a concorrĂȘncia

Especialistas contam tudo o que vocĂȘ precisa saber sobre seus concorrentes e como nĂŁo perder mercado e dinheiro para eles Especialistas contam tudo o que vocĂȘ precisa saber sobre seus concorrentes e como nĂŁo perder mercado e dinheiro para eles

Imagine um jogo de futebol em que seu pĂșblico-alvo Ă© a bola. Sua meta, o gol. Seus concorrentes, o outro time. Qual Ă© o seu papel?

Alguns vendedores se vĂȘem como artilheiros, quando fecham um grande negĂłcio, dando grandes demonstraçÔes de puro talento individual. Mas apenas talento nĂŁo Ă© capaz de impedir que a concorrĂȘncia pegue uma ou outra bola e avance sem ser incomodada pela sua defesa cheia de buracos e feche vĂĄrios contratos.

Outros vendedores se vĂȘem como zagueiros: visam mais a canela da concorrĂȘncia do que a bola. O fato de que o nosso juiz costuma demorar para mostrar um cartĂŁo amarelo ajuda. O vendedor zagueiro limita-se a falar mal da concorrĂȘncia, na esperança de, se a bola nĂŁo cair nos pĂ©s de seu atacante, pelo menos o atacante deles vai ter de sair do campo de maca, o que Ă© uma vantagem.

Outros sĂŁo goleiros. Que vĂȘem o time perder a bola no ataque e nĂŁo fazem nada. VĂȘem a concorrĂȘncia se armando no meio de campo e nĂŁo fazem nada. VĂȘem os outros se aproximando, dominando o mercado e nĂŁo fazem nada. SĂł quando a bola estĂĄ ali, quando o cliente estĂĄ muito mais propenso a assinar com o concorrente, a poucos metros do gol, Ă© que ele faz algo. Muitas vezes, jĂĄ Ă© tarde demais.

Os melhores vendedores sabem se colocar no papel de tĂ©cnicos. Eles tĂȘm consciĂȘncia de como utilizar cada uma das suas qualidades para barrar a concorrĂȘncia. E, no mundo real, sĂŁo muito mais de 11 ferramentas, tĂ©cnicas, estilos e tĂĄticas que podem ser usadas. A VendaMais ouviu especialistas de grandes empresas e mostra para vocĂȘ como driblar os concorrentes e vencer esse jogo.

Agradeça aos concorrentes ? O palestrante Clåudio Diogo lembra que nem sempre ter um concorrente é algo prejudicial. Eles servem para:

· Mostrar novos caminhos.

· Apontar onde deixamos de atuar.

· Mostrar onde podemos melhorar.

· Despertar-nos do sono da acomodação.

Marcos Benutto, coordenador de Marketing do curso de idiomas Skill, diz que concorrentes prejudiciais não existem. ?Todo concorrente é bom, sempre podemos aprender alguma coisa com eles. Agora, existem oportunistas, que não ajudam a estimular o mercado, se aproveitam de situaçÔes jå desenvolvidas e nada criam. Existem aqueles que mentem, que iludem o consumidor, formando uma imagem negativa daquilo que fazemos. Esses prejudicam o mercado com um todo.?

Contra esse tipo de atividade, sĂł tomando as medidas cabĂ­veis (veja quadro ?O que diz a lei?).

Mas mesmo uma concorrĂȘncia benĂ©fica precisa ser analisada com cuidado.

Todo dia ? Para o palestrante SĂ©rgio Dal Sasso, isso Ă© uma tarefa diĂĄria. ?Todos os dias, as empresas e, em especial, seus colaboradores devem estar atentos Ă s mudanças dos mercados e das açÔes praticadas pelos outros. Nosso trabalho necessita de parĂąmetros, portanto, Ă© natural compararmos com o que os outros fazem, principalmente quando eles demonstram sucesso.? O importante do estudo da concorrĂȘncia Ă© que serve como padrĂŁo, mas o verdadeiro diferencial surge quando aproveitamos esse conhecimento tabulado como forma de subsĂ­dio Ă  criação de algo superior, estabelecendo, assim, um corpo prĂłprio para lidar diferenciadamente com seu mercado. ?A China estudou e copiou processos de fabricação, atĂ© de fabricas de ?pinos da grampoleta??, diz SĂ©rgio, ?Mas sua consolidação e imagem sĂł se formaram diante da superação dos padrĂ”es determinantes do mercado. Esforço conquistado pela qualidade, mais do que pelo preço, da sua tecnologia e investimentos na especialização da mĂŁo-de-obra.?

Luciano Fregapani, autor do livro Como Vencer a ConcorrĂȘncia, diz que o tempo gasto para anĂĄlise da concorrĂȘncia deve ser considerado como investimento de alto retorno e ocupar prioridade nas açÔes da empresa. ?Muitas açÔes podem ser terceirizadas, como a realização de pesquisas, que devem ser freqĂŒentes e fornecerĂŁo informaçÔes precisas para tomadas de decisĂ”es. Uma boa anĂĄlise da concorrĂȘncia parte de uma pesquisa profissional, realizada por uma empresa especializada, e nĂŁo de conclusĂ”es precipitadas e, muitas vezes, infundadas de integrantes da prĂłpria empresa. Estudo de cases de empresas que perderam a liderança de mercado podem ser fontes de informação preciosas, quando se fala de estudo de concorrĂȘncia. Pergunta: vocĂȘ estĂĄ estudando, constantemente, as estratĂ©gias e açÔes da concorrĂȘncia??.

Planeje a concorrĂȘncia ? JĂĄ que estamos falando de futebol, vamos lembrar daquela histĂłria antiga, em uma Copa do Mundo, antes do jogo contra a UniĂŁo SoviĂ©tica. O tĂ©cnico Vicente Feola explicava jogadas, variaçÔes e espaços a serem explorados. A certa altura, Garrincha teria perguntado: ??Mas o senhor jĂĄ combinou isso tudo com o adversĂĄrio??.

Luiz Carlos Becker JĂșnior, sĂłcio-gerente da RM Capacitação de Recursos Ltda., professor de MBA da Fundação Getulio Vargas, co-autor do livro Desenvolvimento de Equipes, diz que planejar nĂŁo significa pensar no que fazer amanhĂŁ, mas no que fazer, hoje, para poder alcançar algo amanhĂŁ. ?As metas sĂŁo os objetivos a serem atingidos. As açÔes jĂĄ sĂŁo os mĂ©todos, o que fazer para atingir as metas. Dessa forma, nĂŁo hĂĄ como separar as metas do planejamento. O que se espera Ă© que, ao construir um planejamento as empresas tenham pensado em açÔes que possam neutralizar ou minimizar suas fraquezas e suas ameaças. No caso, um concorrente Ă© uma ameaça e isso precisa ser previsto no estudo de cenĂĄrios.? Becker Jr. dĂĄ alguns exemplos dessas perguntas:

· Quem são seus concorrentes?

· Que tipo de ameaça nos trazem?

· Que clientes buscam?

Se vocĂȘ nĂŁo tiver essas respostas nem souber onde buscĂĄ-las, pode ter certeza de que a concorrĂȘncia vai ser um problema para vocĂȘ. Preparar-se para enfrentĂĄ-la Ă© o primeiro passo. É o que faz Ricardo Alouche, diretor de vendas domĂ©sticas da Volkswagen CaminhĂ”es e Ônibus. ?Identificamos os concorrentes diretos, as demais montadoras de caminhĂ”es e ĂŽnibus, de maneira precisa e clara. Cada vez que um deles implanta uma ação diferenciada, sabemos disso em uma semana, no mĂĄximo, e colocamos em prĂĄtica nossa estratĂ©gia. Escutamos muito o que os clientes falam sobre a concorrĂȘncia, eles nos passam muitas informaçÔes.? E dĂĄ a receita da Volkswagen para se diferenciar dos outros:

1. Nunca oferecemos nada que o cliente nĂŁo precise, porque ele terĂĄ de pagar mais por isso.

2. Trabalhamos um preço que o cliente percebe o valor. Não é o menor preço, é o preço correto.

3. Sempre treinamos a equipe.

4. Damos segurança ao cliente, através de um pós-venda excelente. Não queremos o cliente que compra só uma vez, mas sim aquele que volta sempre, por isso investimos muito no pós-venda.

Questão de preço ? E quando o concorrente lança uma tåtica suicida, jogando os preços lå em baixo? Gisela Kassoy, que desenvolve workshops de criatividade e inovação, diz que, muitas vezes, a tåtica suicida não deve preocupar a empresa. ?A primeira coisa é analisar como e por que o concorrente reduziu o preço. Se essa foi uma estratégia do concorrente, a sua empresa vai ter de encontrar diferenciais que justifiquem seu preço maior. Mas se o concorrente diminuiu o preço só por diminuir, ou seja, baixou sem ter condiçÔes, só para concorrer, não é necessårio se preocupar, porque esse concorrente não vai conseguir se manter no mercado.?

Paulo Ricardo Bageston, consultor de empresas e diretor da Focus Business Consulting Solutions, diz que Ă© preciso analisar, tambĂ©m, outro componente da equação: o cliente daquele setor. Se os clientes priorizam atributos que nĂŁo sĂŁo o preço, e sua empresa tem uma oferta nĂŁo- orientada por preço, recomenda-se trabalhar melhor a comunicação desses atributos para facilitar a percepção do valor da sua oferta pelos clientes. ?Por outro lado, se o mercado tem o preço como fator decisivo de compra, sua empresa deve avaliar se tem uma operação que permita ser competitiva em preço. Se isso nĂŁo ocorrer, talvez seja o caso de abandonar esse mercado e buscar novas alternativas. Assim, Ă© importante destacar que as empresas mais competitivas tĂȘm buscado a adoção de uma estratĂ©gia dual, atravĂ©s da oferta de maior valor aos clientes, mas com a constante busca por redução de custos.?

EstratĂ©gias ? ClĂĄudio Diogo diz que, na hora de enfrentar um concorrente Ă© necessĂĄrio ser inteligente e evitar um ataque direto. ?Lembre-se de que atacar pode nĂŁo ser algo belicoso. Quando vocĂȘ ?fornece? alguns clientes (que nĂŁo interessam mais para sua empresa), Ă© uma forma de atacar sem ser agressivo. Ou quando vocĂȘ traz seu concorrente para perto de vocĂȘ, tambĂ©m Ă© uma forma de atacĂĄ-lo de frente, sem que ele perceba.?

Luciano Fregapani diz que ser inteligente também significa não menosprezar nenhum concorrente. ?A primeira regra é difundir, na empresa, a cultura de que todo concorrente novo é perigoso até que se prove o contrårio. Muitas empresas cometem o erro de menosprezar o concorrente novo, sendo comum ouvir frases do tipo: ?Não vai dar em nada?, ?Não passa de alguns meses?. Uma empresa que tem essa mentalidade é uma candidata em potencial a sofrer prejuízos com um concorrente novo.?

De fato, diz Luciano, deve-se neutralizar o concorrente ainda no inĂ­cio, quando sua operação nĂŁo estĂĄ sĂłlida. É como se fosse uma guerra. VocĂȘ prefere esperar que o inimigo domine uma colina ou uma cidade para começar a atacĂĄ-lo ou ataca quando ele estĂĄ desembarcando na praia?

?O importante Ă© fechar todas as brechas pelas quais o concorrente possa entrar, pois a maneira mais rĂĄpida (e barata) de um concorrente crescer Ă© em cima das falhas do adversĂĄrio. NĂŁo possibilite, dĂȘ essa opção. Gosto muito de uma frase que sempre ouvi na infĂąncia, que Ă© muito aplicada aos negĂłcios e Ă s relaçÔes com clientes e muito pertinente, quando se fala em concorrĂȘncia: ?O cachorro abandonado vai com o primeiro que lhe der comida?. Estendendo para nosso tema, se o cliente estiver abandonado, com pouca atenção, Ă© uma porta de entrada fĂĄcil para um novo concorrente se infiltrar e se fixar: vocĂȘ estĂĄ se preparando para seus novos concorrentes ou estĂĄ menosprezando-os?

A concorrĂȘncia estĂĄ aĂ­ e nĂŁo vai embora se vocĂȘ fingir que ela nĂŁo existe ou menosprezĂĄ-la. É como um jogo de futebol. O outro time quer a bola, vocĂȘ nĂŁo pode ficar de braços cruzados esperando. Aja agora. Domine a bola. Marque seu gol no mercado.

Para saber mais:

Mårio Grimberg é advogado. Contatos através de seu escritório de advocacia: Visite o site: www.araujopolicastro.com.br

Consultores e palestrantes:

Gisela Kassoy Visite o site: www.giselakassoy.com.br.

ClĂĄudio Diogo Visite o site: www.tekoare.com

Paulo Ricardo Bageston E-mail: [email protected].

Luciano Fregapani E-mail: [email protected].

SĂ©rgio Dal Sasso E-mail: [email protected].

Luiz Carlos Becker JĂșnior E-mail: [email protected]

Livros:

Título: O Futuro da Competição

Autor: C. K. Prahalad

Editora: Campus/Elsevier

TĂ­tulo: Retorno sobre Clientes

Autores: Don Peppers e Martha Rogers, Ph.D

Editora: Campus/Elsevier

BOX

O que diz a lei

Veja o que tem a dizer o advogado e palestrante MĂĄrio Grimberg, ex-procurador da Fazenda Nacional, especialista nas ĂĄreas Concorrencial, de Proteção ao Consumidor, LicitaçÔes e Defesa Comercial. Membro fundador e diretor do Instituto Brasileiro de Estudos das RelaçÔes de ConcorrĂȘncia, Consumo e ComĂ©rcio Internacional:

O que Ă© proibido: para ser sintĂ©tico, sĂŁo proibidos atos de eliminação de concorrĂȘncia por meios desleais. Um exemplo Ă© a venda casada, pela qual determinada empresa sĂł vende um produto (que Ă© dominante) se o cliente, ao mesmo tempo, adquirir outro produto que, em tese, quer adquirir de outro fornecedor. Isso tira a liberdade de escolha do consumidor, eliminando a concorrĂȘncia dos demais fornecedores. Podemos, tambĂ©m, citar o cartel, em que empresas concorrentes se unem, eliminando a concorrĂȘncia entre elas.

Como se proteger: existem órgãos governamentais encarregados desse tema. Qualquer representação deve ser apresentada à Secretaria de Direito EconÎmico (SDE), do Ministério da Justiça (www.mj.gov.br/sde), que é encarregada de fazer a investigação. Terminada essa fase, o processo é remetido ao Conselho Administrativo de Defesa EconÎmica (Cade) para decisão. Contra uma decisão do Cade a parte que se julgar prejudicada pode acionar o Poder Judiciårio.

BOX 2

11 dicas para fazer seu esquema tĂĄtico

1. Seja Ă©tico. Pode ser seu maior testemunhal competitivo.

2. Se a concorrĂȘncia falar mal, responda com testemunhais e açÔes.

3. Faça com que acompanhar os movimentos da concorrĂȘncia seja parte do seu dia-a-dia.

4. Evite apenas reagir. Na hora de planejar, inclua açÔes para a concorrĂȘncia.

5. Aprenda com os erros e acertos dos outros.

6. Tenha uma vantagem clara para os clientes preferirem vocĂȘ aos concorrentes. Saiba comunicĂĄ-la.

7. Estude reclamaçÔes de clientes, elas mostram pontos vulnerĂĄveis Ă  concorrĂȘncia.

8. Evite entrar em guerra de preço com concorrentes. Procure outros diferenciais.

9. Entreviste ex-clientes. Por que a concorrĂȘncia os serve melhor? O que os faria voltar?

10. Encontre seu mercado. Se o concorrente vender ?X? para todos, venda ?X? para o pĂșblico tal.

11. Surpreenda o cliente. Crie novos produtos, serviços, melhore o atendimento. Evite perdĂȘ-lo.

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