Existe viagra profissional?

O que fazer quando a empolgação com a profissão acaba?

Arnaldo* sempre foi um destaque na área de vendas. Há décadas na profissão, ele ajudou a fundar a companhia em que trabalha e, ao longo dos anos, pôde experimentar diversos desafios e vencer metas audaciosas. Há pouco tempo, entretanto, uma insatisfação começou a surgir. Refletindo sobre o futuro, ele começou a se dar conta de que está há anos fazendo as mesmas coisas e observou que a motivação para realizar as tarefas do dia a dia já não é mais a mesma. E agora? O que você faria se estivesse no lugar de Arnaldo?

 

Ele sabe que possui talento para a função e que sempre realizou bem seu trabalho. Mesmo assim, a sensação de insatisfação persiste. Não houve uma crise, a demissão de um grande colega nem a perda de um vistoso contrato. O profissional apenas cansou e sente que não consegue mais se doar como fazia antes. Diante dessa situação, a VendaMais foi a campo perguntar: o que fazer quando o tesão pela profissão acaba? Será que existe um viagra profissional? Confira o que nossos leitores pensam e o que a especialista no assunto Ana Artigas recomenda para quem está passando pela mesma situação.

 

“Eu já me senti assim e mergulhei dentro de mim para avaliar a situação. O estresse nos cega, então, para sairmos dessa impotência, precisamos deixar de ser super-heróis. Devemos, primeiramente, aprender a dizer ‘não’. Saber priorizar os assuntos, as metas e os nossos limites e não perder o foco. Dessa forma, podemos renovar nossa motivação e conceitos – e essa renovação cabe a cada um de nós. Quem sabe você não está precisando parar uma semana para repor o gás?”

Rosangela Gropo

 

“Eu comecei a ter esse sintoma, então passei a fazer uma autoanálise para entender o que estava acontecendo comigo e cheguei à conclusão de que, muitas vezes, eu me excedia. Aos poucos, fui percebendo que não tinha uma vida social, pois até mesmo no churrasco com os amigos falava do meu produto, da minha empresa. Também percebi que há anos não tirava férias e tudo que eu tinha para contar da minha história seria chato ou, até mesmo, inaudível. Quem queria ouvir história de rotina de trabalho? Decidi mudar, tomar novos rumos, sair do trabalho e, após o expediente, curtir minha família, a namorada, os amigos, assistir a uma partida de futebol, ir à igreja e, o melhor de tudo, ‘viver a vida como ela é’.”

Lindomar Siqueira                                                                   

“Eu me vi na mesma situação há alguns meses. Estava me sentindo muito desmotivado com meu trabalho, não sentia mais aquele fervor de antes nem via interesse nas tarefas, mas bastou olhar com um pouquinho mais de atenção para ver a razão. Minha equipe e eu estávamos literalmente parados. No começo do ano passado, a direção da nossa empresa resolveu mudar de regional, e algo inesperado aconteceu: tudo mudou, até mesmo nosso pensamento e atitudes. Bastou ‘sacudir’ um pouco as estruturas para haver uma verdadeira revolução interna e externa em nossa loja. É como se hoje estivéssemos trabalhando em outra empresa. Aumentamos em mais de 100% nosso faturamento enquanto todo o restante só falava em crise. Passamos a ver o trabalho como um desafio diário e gostoso de ser superado.”

Levi Lima

 

“Acredito que todos nós passamos por isso em algum período de nossas vidas, seja profissional ou pessoal. Boas férias podem ser o momento para refletir sobre o caminho percorrido e as oportunidades que sempre existem onde estamos. Caso isso não seja possível, pode-se fazer um tour por outras áreas da empresa com o olhar voltado para as oportunidades e observar as melhorias feitas nos últimos cinco anos. Acredito que, depois disso, ele terá muito o que fazer.”

Sandra de Almeida

 

“O viagra profissional, a meu ver, existe sim, mas está dentro do profissional. É a motivação. É comum ficar desmotivado quando se cai na rotina. Entretanto, se acontece, o profissional tem de buscar o estímulo que vai proporcionar a motivação para seguir em frente. Agora, se no dia a dia ele não consegue encontrar essa motivação, ele tem de repensar sua vida, o que poderia fazer de diferente para proporcionar esse brilho no olhar novamente, como um curso de atualização, um curso sobre um assunto diferente da sua profissão, um novo cargo na empresa ou até uma nova carreira em uma organização diferente. Depende de cada pessoa e do que cada uma encara como estímulo diário.”

Luciana Silva

 

“Percebo que o profissional de vendas é movido pelo desafio. Aqui na empresa a única certeza que passo para minha equipe é a de que tudo vai mudar. Os ‘caras’ ficam loucos, mas loucos motivados. A minha sugestão para o colega é que coloque, por meio da criatividade, uma situação nova a cada semana, mês, etc. Essa situação tem de ser desafiante e não precisa, necessariamente, ser expressa em números. Pode ser um desafio na área social, em que ele irá propor uma meta e, se alcançá-la, a empresa apoiará um projeto predeterminado que ele esteja envolvido em sua comunidade. Isso irá renovar seu tesão pelo trabalho. Quem sabe até uma reforma na pracinha próxima à casa dele? Use a criatividade, pois um vendedor que bateu todos os desafios em sua vida tem criatividade suficiente para montar um planejamento que pode, com certeza, melhorar sua performance e vida.”
Sérgio Santana

 

Opinião da especialista

 

Ana Artigas é psicóloga, possui MBA executivo internacional com especialização em gestão empresarial, pós-graduada em treinamento de RH pela Caliper Corporate, em Princeton, EUA e faz coaching para executivos (www.texoare.com).

 

Você precisa pensar se o que faz tem a ver com seus valores e caráter, e como isso funciona na sua performance. Se essas três coisas estiverem em sintonia, geralmente o profissional é feliz com o que faz. Eu posso ter uma boa performance em determinada coisa, mas, se aquilo não tiver um determinado valor para mim, meu retorno não será tão bom. E aí falta tesão.

 

Agora, existe também um cansaço natural para algumas coisas, até porque muitas pessoas são movidas a desafios, querem sempre aprender coisas novas e, às vezes, entram num nível em que já aprenderam tudo o que podiam naquela organização e função e daí começam a perder o tesão também. Nessa situação, recomendo:

 

  • Faça com que a paixão fortaleça seu talento.
  • Tenha um pouco mais de iniciativa para colocar as coisas em ações.
  • Prepare-se para o que pode acontecer e para possíveis altos e baixos, repetições e monotonia a fim de poder buscar outras alternativas quando isso acontecer.
  • Pense na questão do caráter, ou seja, o quanto você é forte e realmente tem a ver com o que faz.
  • Procure ajuda na hora que precisar, seja da equipe, do líder, do coaching, enfim, de pessoas que possam te redirecionar, antes que seja tarde demais.
 
*O nome foi alterado para preservar a identidade do leitor.

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