Lições que valem ouro

Há dez anos uma equipe de rapazes saiu do Brasil para uma missão olímpica. Para muitos, apenas uma miragem. Mas eles acreditaram em si mesmos e na sua capacidade de realizar um sonho. Há dez anos uma equipe de rapazes saiu do Brasil para uma missão olímpica. Para muitos, apenas uma miragem. Mas eles acreditaram em si mesmos e na sua capacidade de realizar um sonho.

Todos olham, hipnotizados, para a bola. Que passa de mão em mão, que é cravada no solo. Corpos saltam, se esticam. Suor. Quadra. Ponto a ponto. Dezenas de emoções acontecem em volta daquela partida. Afinal, é uma final olímpica. Os olhos do mundo estão nos acontecimentos daqueles minutos. Mas será que são minutos, mesmo? Ou será que é só a parte visível, a parte que é posta em prática de uma grande e longa convivência? De muito sacrifício e foco?

É isso que o jogador Pampa nos mostra no livro Um por Todos Todos Por Um – Lições da equipe de vôlei campeã olímpica, da Editora Gente.

Lições de todos

O livro conta com a participação de diversos integrantes da seleção brasileira campeã olímpica de 1992. Cada um com uma lição, uma visão do que aconteceu naquelas quadras espanholas. Juntas, formam uma história com moral única: como alcançar um objetivo. Sem esmorecer. Não importam quais sejam as dificuldades.

Com isso, o resultado acaba aparecendo. Não, não é uma medalha de ouro. Ela é apenas um símbolo. O que realmente foi ganho foi a certeza de como trabalhar em grupo, como respeitar as diferenças, como atingir as metas. Mais ou menos como fazemos em nosso dia-a-dia, com nossos colegas. Ou em frente a nossos clientes, ou ainda, com nossa família.

Temos sempre um objetivo. Aprenda com os melhores como atingir seu objetivo, como manter sua garra e determinação. · O papel de cada um: ?Eu era o mais novo do time e, portanto, tinha mais força física. Quando o time precisava virar uma bola, era a mim que ele recorria. Às vezes o nervosismo aparecia, eu ficava imaginando se era eu mesmo que estava ali, no meio do povo todo, das câmeras… mas era só o jogo começar que essa sensação desaparecia? ? Marcelo Negrão.

Dica: Seja na família, na empresa, em qualquer lugar, cada um tem o seu papel. Temos nossas forças, o local onde podemos ser mais úteis.

· A verdadeira equipe: ?Aquela equipe era movida por uma qualidade muito rara: a intuição espontânea. Parecia que tudo acontecia telepaticamente. A sintonia em quadra era tão grande que mal um olhava para o outro já sabia o que aquele estava pensando. Nós nos entendíamos na hora, do jeito certo, por isso ganhamos. Éramos jovens, mas sabíamos o que fazer. Ninguém deixava que a vaidade ou o orgulho pessoal fossem maiores que nosso objetivo comum de se divertir e vencer? ? Giovane. Dica: Por mais que você treine, que você troque textos e conceitos com seus colegas ou família, há coisas que fogem à compreensão. Uma certa empatia, um entendimento que não pode ser medido ou entendido. Talvez venha do entendimento de todos aqueles, da compreensão de que há um objetivo, uma meta a ser alcançada. Quando esses conceitos são entendidos (entender é bem mais que decorar ou conhecer), todo o resto parece se tornar mais fácil.

· Seja integral: ?Eu posso ser o melhor atacante do mundo, mas não chego a lugar nenhum se não tiver ao lado um bom levantador e um bom técnico. Isso vale para tudo na vida. Todo mundo naquela seleção deu 100% de si, e com um time assim não há como a empresa não ser 100%. Acho que não importa em que grau hierárquico estão as pessoas: todas têm a mesma importância. E certamente, se apenas uma delas não estiver feliz para ser comprometida o bastante a ponto de dar tudo de si, a empresa irá mal? ? Paulão.

Dica: o escritor e palestrante Stephen Covey, autor do livro 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, diz que estamos na época integral. É preciso dedicar-se 100%, a tudo o que se faz. Seja um projeto do trabalho, seja uma tarde na praia com a filharada. Dedique-se integralmente ao que você faz, naquela hora. Deixe suas outras atividades de lado, por um momento. Coloque todo seu coração e sua mente em um projeto de cada vez. É uma maneira de produzir melhor e de se estressar menos.

· Respeite sua equipe: ?Semifinal contra os Estados Unidos. Perdemos o primeiro set por 15 a 12. Eu levantava para lá, para cá, e nada das bolas passarem. Nossos atacantes estavam muito marcados, e comecei a pensar que os jogadores do outro lado da rede eram melhores que nós. Então veio o medo de perder, porque se perdêssemos estaríamos fora. O técnico pediu tempo, e eu entreguei: ?Não vai dar?. Naquele momento, eu me perdi um pouco. Porém, meu lado perfeccionista continuava ali e, aos poucos, viramos o jogo. Dizem que outros times naquela olimpíada, principalmente o norte-americano, estudavam a fundo o adversário e criavam uma série de regras fixas para cada jogo. Nós, ao contrário, não mudamos nosso estilo ao longo da competição. Jogávamos da forma que melhor favorecia nosso conjunto, nossos pontos fortes. Foi nossa força espiritual e de conjunto que nos ajudou muito? ? Maurício.

Dica: Certo, vez por outra surgem os imprevistos. Coisas sobre as quais você não tem controle. Aí, é hora de criar um plano de emergência para lidar com a situação. Mas esse plano é só usado em contingências. No resto do tempo, você deve ter um norte claro, uma consciência sobre o que você e sua equipe sabem e devem fazer. Sem dúvidas ou áreas de desentendimento. E, depois da emergência, sempre voltem a ela.

· Qualidade conta mais do que quantidade: ?O jogo era contra Cuba. Entrei no terceiro set, era minha primeira vez na quadra. Assim que entrei, recebi uma bola do Maurício. E fiz algo que nunca fazia: fechei os olhos antes de bater com toda força na bola. Ela toca no bloqueio cubano e sai. Como era reserva naquele time, sempre tive muito claro para mim que a responsabilidade de quem está fora é muito maior. O reserva treina muito e joga pouco. E tem um tempo curto para mostrar suas qualidades? ?Janelson.

Dica: Você é muito importante em diversas atividades. Não importa o tamanho da sua participação, ele é vital para que tudo saia certo. Da mesma forma, reconheça o esforço de todos, por menor que pareça sua participação.

· Dê o exemplo: ?Na posição de capitão do time e, portanto, de representante do técnico na quadra, sempre procurei fazer com que os atletas que compunham a seleção tivessem o mesmo objetivo dentro do grupo, principalmente quando surgiam pontos de discordância. E fazia isso não só falando, mas principalmente dando o exemplo. Cheguei a mudar de posição para uma em que eu não era tão bom para suprir uma deficiência da equipe por falta de jogador naquela posição específica. Sempre procurei mostrar, todas as vezes necessárias,.que nem por isso me sentia diminuído perante o grupo. Ao contrário, tentava deixar claro para todos que de todas as dificuldades pode se tirar, pode se aprender algo novo. E foi assim que, em quinze anos de seleção, aprendi a me tornar útil em várias posições, o que me possibilitou ser um curinga e, ao mesmo tempo, ter meu esforço reconhecido pelo grupo? ? Carlão.

Dica: Quer mudar alguém na sua equipe, na sua família? Dê o exemplo. Mostre, por seus atos, o comportamento desejado, as atitudes que espera. O mesmo vale para você mudar, se auto-motivar. Faça algo diferente. Após três semanas, aquela ação torna-se um hábito.

· Até a disciplina pode ser divertida: ?Um ponto forte daquela equipe era a disciplina. Tudo funcionava a base de multa. Atrasava para o treino ou o almoço? Tinha que pagar. Errava o uniforme? Pagava também. Foi uma forma divertida que encontramos de nos organizar e manter a disciplina. Essa palavra ? disciplina ? pode até soar meio chata, mas sem ela, é muito difícil chegar a um resultado satisfatório. Como eu era o tesoureiro, a turma brincava que eu estava ficando rico. A fim de tornar a história mais divertida, sempre dávamos um jeito de um ou outro enfiar a mão no bolso. Para tanto, valia até apertar todos os botões do elevador para o cidadão chegar ao saguão atrasado. Certa vez, Tande chegou 30 segundos após o combinado graças a um providencial cinzeiro que o Maurício pôs na porta do elevador, fazendo o pobre levar um baita tombo? ? Pampa.

Dica: Disciplina, obrigação, tarefas que devem ser feitas. Só essas palavras já fazem as pessoas ficar com um pé atrás, de mau humor. Mas não precisa ser assim. Você pode fazer cada tarefa ser mais divertida, prazeirosa, descobrir um lado lúdico em cada ação. Deixe, por exemplo, as atividades que mais gosta para o final do dia, como um prêmio para si mesmo. Desafie-se a cumprir aquela obrigação em certas condições. Descubra a graça em cada atividade de seu dia.

?Não nos preocupávamos em ser campeões olímpicos, mas em vencer cada jogo, um por um, com humildade e respeito pelo adversário? ? Tande

Frase: ?O homem é mortal por seus temores e imortal por seus desejos? ? Pitágoras

Para saber mais: Um Por Todos, Todos Por Um ? Lições da equipe de vôlei campeã olímpica, com coordenação de André Felippe Falbo Ferreira, o Pampa (Editora Gente). Visite: www.editoragente.com.br

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