Matrimônio: mais que uma Ferrari

Cada um de nós pode, de fusquinha, chegar a ser uma Ferrari para o cônjuge e, se assim o for, estará se reafirmando preciosidade de valor incontestável.

Ao empreender uma viagem, escolhe-se o transporte adequado de acordo com as intempéries que se irá enfrentar. Um bom sistema de iluminação e sinalização antineblina; sistema de aquecimento ou refrigeração para manter agradável o ambiente interno, seja em nevascas ou em calor escaldante; sistema de suspensão adequado e tração nas quatro rodas para terrenos esburacados e enlameados.

O matrimônio é uma viagem sem retorno por terrenos acidentados, razão pela qual os cônjuges têm de estar também devidamente equipados e virtuosamente qualificados.

O que são qualidades senão virtudes e bons hábitos que de início podem custar esforço, mas quando entram em nosso sangue, são aditivos que nos potencializam a grandes empreendimentos. Que bons hábitos conclamam a vida conjugal, senão a sinceridade, generosidade e flexibilidade?

Essas não são as únicas qualidades que temos de lutar para adquirir, mas são fundamentais no relacionamento a dois.

Sistema de iluminação: a sinceridade supõe que cada um é capaz, primeiramente, de captar a própria realidade, sua e do outro. E se esforça por querer manifestar ao cônjuge, no momento oportuno, o que faz, o que vê, o que sente, o que pensa.

Quando se falsifica a realidade, o que se aporta na vida a dois perde valor. E muitos o fazem inconscientemente, por não se esforçarem para se conhecerem por dentro, para serem honestos consigo, para terem ações e palavras consistentes e para estarem dispostos a se abrir, a se comunicar com o outro.

Se não escolhemos o momento adequado, nossas palavras podem se perder aos quatro ventos, por encontrar o receptor distraído, disperso em atividades paralelas ou inapto para recebê-las. Nossas idéias podem ser adicionalmente mal interpretadas, se não nos preparamos para comunicá-las, o fazemos com precipitação, impacientes ou afetados pela emoção.

Sistema de refrigeração: para manter o ambiente familiar nas condições ideais de temperatura e pressão, a generosidade. Relaciona-se com a sinceridade à medida que comunica e atua desinteressadamente a favor da outra pessoa, tendo em vista a necessidade do outro e não as próprias e o quanto àquela comunicação será útil para que a relação a dois se fortaleça.

Parte do que se entrega e se comunica diz respeito à intimidade própria e a do casal. O pudor e a prudência são qualidades que capacitam o cônjuge a valorizar adequadamente essa intimidade e a entregá-la delicadamente no momento certo.

Sistema de suspensão: a flexibilidade é a virtude que permite a cada um adaptar-se às necessidades do cônjuge e às diversas circunstâncias sem abandonar as convicções fundamentais próprias.

Não se trata de um anular-se continuamente frente à vontade do outro, mas da adaptação e flexibilização contínuas e criativas, para viabilizar a complementaridade da vida a dois. Trata-se de sermos tolerantes com o que é trivial, com o dia-a-dia, saber dar tempo ao tempo, mantendo e cultivando os valores fundamentais da vida a dois.

A sinceridade, a generosidade e a flexibilidade são a base para o bom relacionamento, e seu aprendizado é dinâmico. O exercício contínuo nos fará mais habilidosos, não apenas nessas, mas nas demais qualidades e virtudes. Cada um de nós pode, de fusquinha, chegar a ser uma Ferrari para o cônjuge e, se assim o for, estará se reafirmando preciosidade de valor incontestável.

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