Autor dos clássicos Feitas para durar, Feitas para vencer e mais recentemente do livro Como as gigantes caem, Jim Collins vem assumindo cada vez mais seu papel de guru no mundo dos negócios. Muitos especialistas ainda arriscam dizer que ele é o sucessor de Peter Drucker, cuja contribuição para o mundo da gestão de empresas foi enorme e realmente mudou a forma como são feitos os negócios hoje.
Jim Collins esteve na ExpoManagement, organizada pela HSM , e em uma manhã de muito trabalho mental (digo isso porque as convicções de Collins nos fazem pensar muito sobre nossas empresas e nós mesmos) deixou muitas lições interessantes. Selecionei nove delas, as quais acredito serem mais importantes. Entretanto, se você quiser realmente promover mudanças para a excelência na sua empresa, sugiro que leia os três livros de Collins porque eles valem a pena!
1. O bom é inimigo do excelente – Sabe aqueles momentos em que a gente sabe que a coisa não foi feita de modo excelente, mas não faz nada para melhorar? Frases como: “Ah, manda assim mesmo” ou “Não há problema, o cliente nem vai perceber” começam a fazer parte do nosso dia a dia e pronto, perdemos a chance de sermos excelentes. Collins explica que, quanto mais uma empresa aceita o bom, mais longe do excelente ela fica. Quer ser excelente? Então busque a excelência. Esse é um trabalho quase impossível, pois, na dinâmica das organizações, é muito (muito) difícil você conseguir ter excelência em tudo. Mas não se pode parar de tentar porque, no momento em que isso acontecer, você já ficou para trás.
2. Faça mais perguntas –A maioria das pessoas tem uma dificuldade incrível de dizer: “Eu não sei”. O tempo todo, quando nos fazem uma pergunta, sentimos que estamos pressionados por nós mesmos a responder nem que seja qualquer coisa, nem que seja de qualquer jeito. Mas Collins defende que todos nós temos de fazer mais perguntas, em vez de darmos tantas respostas. Nós não precisamos (nem devemos) saber a resposta para tudo. Isso porque, quando temos uma pergunta a ser respondida, possuímos também uma força propulsora que nos faz ir em busca da resposta, a pensar, estudar e discutir com outras pessoas. Quando fazemos mais perguntas, forçamo-nos a pensar mais sobre aquilo, a analisar os riscos envolvidos e as barreiras a serem quebradas. E esse é um passo essencial para qualquer um que deseja atingir o sucesso.
3. Gaste menos tempo tentando ser interessante e mais tempo tentando ser interessado –Isso eu também vejo acontecer muito, principalmente nas relações dos gerentes com os vendedores. O gerente tem sobre seus ombros uma pressão para ser o tempo inteiro interessante – para que tenha boas ideias, saiba ajudar os vendedores quando for preciso, ensine uma técnica nova que melhore os resultados e por aí vai. O problema disso, entretanto, é que os gerentes perdem uma excelente oportunidade de aprender com suas próprias equipes, pois simplesmente não estão investindo seu tempo em serem interessados, apenas em serem interessantes. Então, tente mudar a perspectiva a partir de hoje: preste atenção nos seus vendedores, nas pessoas à sua volta e faça mais perguntas a elas, em vez de focar tanto si mesmo. Você vai ficar surpreso com a sabedoria que encontrará e que, muitas vezes, não está escrita em livro algum.
4. Cuidado com o sucesso –Assim como passamos boa parte da nossa vida buscando o sucesso, precisamos ter um tremendo cuidado quando o alcançamos, pois ele pode – e provavelmente vai – se voltar contra nós. O sucesso não traz o fracasso, quem traz o fracasso é a arrogância que, muitas vezes, vem com o sucesso. No momento em que você achar que já sabe e pode tudo, começará a criar sua própria escada para baixo. Quer um antídoto para esse mal? Faça tudo com a mesma motivação e atenção de quando você começou.
5. Más decisões feitas com boas intenções continuam sendo más decisões – Muitos líderes tomam decisões sem pensar nas consequências que elas trazem e deixam de tomar decisões, sem pensar nas consequências que essa falta de ação traz. Quando confrontados com as consequências, usam a desculpa de “minha intenção era a melhor”. Collins é taxativo ao afirmar que você deve ter força para tomar decisões, por mais difíceis que sejam, pelo bem geral da empresa.
6. A principal habilidade que um líder precisa ter é escolher as pessoas certas e colocá-las nas funções corretas dentro da empresa – Quem já leu uma das obras de Collins sabe que ele fala muito sobre o “ônibus”, uma metáfora para a empresa. Ele afirma que, para uma organização conseguir ser excelente e ter sucesso, precisa primeiro colocar as pessoas certas e tirar as erradas do ônibus. A parte mais importante do trabalho de um líder é justamente esta: saber quem deve ou não estar trabalhando na empresa (quem são as pessoas que compartilham dos mesmos valores, da mesma missão e acreditam no que a empresa oferece ao mundo) e, depois, colocar essas pessoas no lugar correto, naquelas funções em que podem ser mais produtivas.
7. Você não tem uma empresa excelente se tudo está baseado em apenas um líder –Todas as empresas excelentes têm um líder excelente, isso não se discute. Mas se toda a dinâmica da organização se baseia única e exclusivamente nessa pessoa, então a empresa não consegue sustentar todos os seus valores. A excelência deve ser algo enraizado e compartilhado. Collins afirma que nenhum líder sozinho, por mais excelente que seja, consegue construir uma empresa excelente. Mas cuidado, pois um líder fraco e cheio de poder pode destruir qualquer companhia.
8. Cuidado com as muitas oportunidades –Uma empresa tem mais chances de quebrar com o excesso de oportunidades do que com a falta delas. Isso, na verdade, é uma armadilha: quanto mais sucesso uma empresa tem, mais oportunidades ela encontra. E, quando tenta aproveitar todas elas sem levar em consideração sua estratégia e missão, acaba se complicando. Continue sendo seletivo com relação a quais oportunidades devem ser aproveitadas e quais podem ser deixadas de lado.
9. Crie uma lista de coisas que você tem de PARAR de fazer –Muitos de nós temos listas de “coisas a fazer”. Com o começo do próximo ano chegando, então, nem se fala. Eu já ouvi de várias pessoas ao meu redor coisas como: “Nossa! Ano que vem vou fazer isso”, “Ano que vem vou fazer aquilo”. É engraçado como as pessoas deixam as coisas para o ano que vem como se, por mágica, o novo ano trouxesse a energia que elas precisam para se mexer!!! Mas isso é papo para outra hora. Jim Collins diz uma coisa muito interessante: além da lista de coisas a fazer, devemos ter uma lista de coisas que vamos parar de fazer. Ou o seu dia tem mais que 24 horas e seu ano mais que 365 dias? Se, com o passar do tempo, estamos sempre colocando coisas na lista e não tirarmos, certamente vamos ficar frustrados por não conseguir fazer tudo. Então, é hora de priorizar. Pense sobre as coisas que claramente estão tirando seu foco e fazendo você gastar seu tempo desnecessariamente e coloque na lista para parar de fazer. Mas lembre-se: assim como a lista de coisas a fazer, essa lista precisa realmente ser colocada em prática!
Agora, pare um pouco e pense sobre essas nove lições de Jim Collins, veja como elas podem ser aplicadas na sua empresa e crie seu plano de ação, pois tenho certeza de que você, assim como eu, vai se sentir um líder muito melhor.
