Meu ?PSP?

Meu ?PSP? Eu, como qualquer pai que se preza, sempre tenho como foco principal a felicidade dos filhos. Para nós, a felicidade dos nossos filhos é a plenitude dos anseios e desejos deles, mas para eles… bem, depende da idade.

Meu filho mais novo tem seis anos, logo, a palavra presente exerce uma enorme influência no quesito felicidade. Como eu sou um daqueles pais viajantes ao extremo e filho de peixe, peixinho é, rapidamente, ele percebeu que não custa nada pedir um presentinho a cada viagem. Acontece que eu viajo muito, mas muito mesmo!

Enfim, por mais esforço que eu faça para não exagerar na dose, confesso que acabo cedendo àquele sorriso encantador, quase mágico, e lá venho com mais uma sacolinha. Acontece que de tanto eu ceder ele foi se especializando nas ?pedidas?. Ele já sabe a diferença entre viagens curtas e longas e, por conseguinte, sabe que pode variar na intensidade e no volume do presente. Também já aprendeu distinguir viagens nacionais de internacionais, logo, sabe que pode sofisticar no pedido que a chance de dar certo é grande. E o grande filão ele já percebeu que são as viagens longas e internacionais. Nessas, ele sabe que pode pedir o que quiser, pois a probabilidade de sucesso é enorme.

Depois de tantos anos estudando e praticando vendas e negociação, liderando mais de mil vendedores pessoalmente, proferindo palestras para mais de 160 mil profissionais, estava eu lá, refém de um menino de seis anos. Tudo bem que não era um menino qualquer, era o meu garoto! Entretanto, só percebi que realmente estava sendo amplamente devorado em todas as negociações quando, há menos de um mês, fui para uma turnê no Japão e o pedido, desta vez, me soou um pouco estranho: ?Pai, eu quero um ?PSP??.

?Ah, um PSP!?, exclamei. Bem, é claro que como um bom vendedor eu fiz aquela cara de quem estava entendo tudo e minutos depois me debrucei na internet para descobrir o que poderia ser um PSP. Nada! Aí apelei para o meu afilhado de 13 anos e descobri o que PSP quer dizer: Play Station Portátil. Nesse momento, decidi que estava na hora de virar o jogo e por fim àquele amplo domínio do meu garoto.

Como ele estava me fazendo comprar diversos presentes? Que argumento tão bom justificaria isso? A verdade é que ele estava usando um dos atributos da venda moderna. Estava vendendo e eu comprando não apenas os presentes, e sim o que eles poderiam fazer. Para o meu garoto, cada presente era um novo divertimento, para mim, era a oportunidade de ver o meu filho correndo pela sala, me abraçando, dizendo repetidas vezes que eu era o melhor pai do mundo. Quanto vale isso?

Cada retorno de viagem parecia uma noite de Natal, e quem não gosta de Natal, principalmente com crianças, ainda mais quando elas são seus filhos? Eu estava comprando emoção, é verdade, mas estava comprando valor! Contudo, algo ainda estava errado, pois eu sempre aceitava a primeira oferta e aí resolvi colocar em prática nosso treinamento Pit Bull de vendas, é claro, adequado à faixa etária do meu público.

A cada presente solicitado, vinha a contra partida: a escola, o dever de casa, obedecer à mamãe, manter o quarto arrumado. Impressionante! Ele cedeu tudo! Sabe por quê? Porque tudo o que estávamos vendendo e comprando tinha valor para ambos. Preço? Preço de que? Dos presentes? Preço não importa, aliás, só lembrei dele agora. As pessoas não compram produtos, e sim o que eles podem fazer por elas!

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