Procurar estar antenado a tudo o que acontece de novo no mercado já garante ao profissional bons ganchos para desenvolver seu networking. Um dos maiores deslizes que o profissional comete em relação à carreira é deixar de cuidar de sua rede de relacionamentos. Como uma das principais variáveis do gerenciamento de carreira, ela deve ser encarada como um autêntico capital social. São ativos que influem decisivamente na visibilidade e credibilidade e podem determinar as chances de sucesso na busca de uma nova colocação.
Com metas de trabalho cada vez mais difíceis de cumprir e sobrecarga de trabalho, o grande desafio do profissional é equilibrar as atividades para conseguir dar atenção à família, cuidar do corpo e da carreira. Nessas condições, a maioria dos profissionais tende a negligenciar a prática do networking pela falta de tempo ou simplesmente adiar contatos por não ser prioridade.
Nos enganamos quando acreditamos que fazer tudo o que é possível, dando o máximo de dedicação ao trabalho, levará ao reconhecimento e que isso é o bastante. Quantos profissionais conhecemos (se não for o caso do próprio leitor) que receberam bônus integral por seu desempenho, foram enviados para um treinamento caríssimo no exterior ou foram promovidos e, logo em seguida, perderam o emprego? Desnecessário dizer que hoje ninguém pode se considerar seguro em seu trabalho.
Independente de quão bom seja o desempenho ou o relacionamento com chefes, colegas e subordinados, uma súbita decisão de fusão, aquisição, venda, cisão ou terceirização, que pode inclusive partir da matriz da empresa no exterior, pode afetar a vida de qualquer um.
É claro que dedicação ao trabalho e a busca por bons resultados é importante. Mas é ilusório acreditar que é suficiente. Num mercado volátil, devemos nos disciplinar para cuidar de nosso futuro, de nossa carreira. E parte desse processo passa por priorizar a rede de relacionamentos. Não como mais um trabalho, mas sim como uma nova postura para toda a vida.
Está muito disseminada uma idéia superficial do que é networking. Parece ser apenas uma questão de procurar ir a eventos, como conferências ou happy hours, e distribuir cartões de visita a recém-conhecidos. Não é só isso! Em primeiro lugar, é preciso ter um objetivo. Definir concretamente quais empresas se gostaria de trabalhar e, a partir daí, enxergar com maior clareza qual é mercado de trabalho prioritário. É com esse mercado que precisamos manter contato.
Estabelecer metas semanais de telefonemas e e-mails para manter o relacionamento com colegas com os quais não se tem a oportunidade conversar no dia-a-dia torna-se um hábito a ser cultivado. Com apenas quatro contatos por semana, em seis meses é possível manter ativa uma rede de mais de cem contatos. Um encontro pessoal por semana, como um almoço de negócios, não compromete o tempo para o lazer e serve para manter estreitos os laços mais importantes. Participar de uma simples lista de discussão pela internet é um bom exemplo. Vale lembrar que esse é o mercado que precisa lembrar desse profissional e acompanhar sua carreira.
Mesmo não sacrificando o estilo de vida, é inegável que o sucesso de muitos profissionais está na sinergia entre atividades de lazer ou esporte e sua rede. Freqüentar clubes, associações ou organizações com finalidade social pode ajudar muito, principalmente para quem precisa ampliar seu network numa nova cidade ou num novo mercado.
Contar aos amigos e conhecidos o que está fazendo, tomando todo cuidado para não se tornar um chato, é outra possibilidade de divulgação de trabalho. Publicar artigos ou ser mencionado em revistas do seu segmento de atuação, apresentar palestras e participar de debates nas associações de classe ou em grupos profissionais informais são artifícios igualmente eficientes para adquirir visibilidade.
Por fim, procurar estar antenado a tudo o que acontece de novo no mercado já garante ao profissional bons ganchos para desenvolver seu networking. Na medida em que se aplica a inteligência de marketing ao gerenciamento da carreira, é possível identificar antecipadamente oportunidades ocultas ou potenciais geradas por novas tendências, pelos investimentos das empresas e pela movimentação dos executivos. Não podemos esquecer que networking é sempre uma via de mão dupla: sempre vai haver pessoas do mercado querendo conversar com quem está bem informado.