Como a vitrine pode contribuir para o aumento das vendas no PDV?

Saiba como a vitrine pode contribuir para o aumento das vendas no PDV

Quando um vendedor bate à nossa porta, uma das primeiras coisas em que prestamos atenção é na sua apresentação. Nas ações do PDV, não é muito diferente. O que muda, nesse caso, é que o cliente é quem bate à porta. Entretanto, isso geralmente acontece quando a vitrine está plenamente convidativa, criativa e vendável. Mas como potencializar a sua vitrine? Acompanhe o que dizem os especialistas e saiba o que você pode fazer para que ela aumente as vendas da sua loja.

“A vitrine é fundamental para qualquer ponto de venda, pois é responsável pela maior parte das inserções de clientes dentro da loja”, afirma Patrícia Rodrigues, proprietária da empresa Vitrina & Cia. “Por isso, uma vitrine bem elaborada se torna essencial para todo e qualquer ponto de venda. Afinal, se o cliente não entra, não compra!”, justifica a empresária.

Para o professor de gestão de varejo e do MBA de varejo do Instituto do Varejo, Renato Freitas, a vitrine é a melhor ferramenta de marketing. “O seu papel é o de atrair, encantar e possibilitar um momento de sonho, uma identificação com o produto que está sendo apresentado. Dessa forma, atende a necessidade do cliente no momento da sua busca, fidelizando a marca e aumentando o lucro de vendas para a empresa”, analisa.

 

Detalhes nunca são demais

De acordo com Marcelo Blume, consultor, professor universitário e um dos autores do livro Gestão estratégica do ponto de venda: decisões para qualificar a performance no varejo, são os pequenos detalhes, organizados de forma harmônica, que refletem o estilo da loja e tornam a vitrine atraente para determinados públicos. Uma pesquisa coordenada pelo Grupo RBS e pelo Senac destacou que, para 35,6% dos entrevistados, a vitrine é a ação promocional que mais chama atenção, especialmente quando se trata de descobrir os melhores preços.    

“Por isso, é importante lembrar sempre que a propaganda levará o cliente até a loja, mas será a vitrine e a fachada que garantirão a entrada dele no ambiente de vendas. Aí está a importância de se manter atento aos detalhes, como luzes, cores e materiais dispostos. E mais: é preciso ter em mente que as vitrines podem ser consideradas uma das vendedoras mais eficientes de um estabelecimento”, reforça o consultor.

Seja em lojas de rua ou em shoppings, a vitrine precisa se destacar da concorrência e atrair o cliente. O grande desafio é causar um impacto visual em apenas dois ou três segundos, é o que salienta a gerente de merchandising da Imaginarium Design, Sophy Patrice Doyle. “Sem isso, o restante nem começa! Com os futuros clientes passando na frente das lojas e com dinheiro no bolso, a melhor maneira de atraí-los é pelas vitrines. Elas servem para conceituar a marca visualmente, padronizar as lojas, no caso de redes, mostrar as novidades, seduzir o cliente para entrar, criar emoção e estimular a identificação entre a marca e o consumidor”, justifica.

Mas, para atingir todos esses aspectos, os lojistas devem entender e estar atentos a alguns detalhes que interagem e interferem diretamente no sucesso das vitrines:

• Vitrine vendável –É aquela que, economicamente, dá retorno imediato, que vende o produto com bastante velocidade.
• Vitrine atraente –Visa muito mais o conceito. Mostra o quanto a marca é preocupada com a estética, como ela é contemporânea. É um estilo comum, principalmente às grandes marcas, que investem na manutenção da imagem. A vitrine é o local fundamental para consolidar a identidade da marca, além de contribuir para a lucratividade da empresa.
• Qualidade –A vitrine não necessariamente precisa ser feita com produtos de qualidade. Ela pode ficar maravilhosa apenas com caixas de papelão, por exemplo. O importante é que estimule a fidelização e o reconhecimento da marca.
• Preço –Estimula a competitividade entre as lojas concorrentes, mas também está diretamente ligado à estratégia da marca e do momento.
• Produto –Possibilita a divulgação das características e detalhes do produto.
• Promoção –Atua na divulgação do produto. Muitas vezes, mostra o que é bom, ressalta as qualidades dele. É também muito usada nas ocasiões de queimas de estoques.
• Iluminação –Valoriza as características dos produtos. É uma ferramenta fundamental na cenografia e ambientação da vitrine – tão essencial quanto os expositores e manequins.

 

O dia a dia das vitrines

Mas a que detalhes as grandes marcas estão atentas na hora de expor a vitrine no PDV? O consultor Marcelo Blume pesquisou várias vitrines em todo o País e conta, a seguir, os diferentes estilos que fazem sucesso.

 

O Boticário– A simulação de um ambiente no qual a própria cliente irá se maquiar e a iluminação dirigida tanto em cima quanto dos lados contribuem para a criação de um ambiente convidativo a experimentar o que a loja oferece. A vitrine é estilo baú, com estampa acompanhando a temática escolhida e adesivada no fundo. Explora bem o chamado ponto focal, que, em função do tamanho dos produtos expostos, é preciso maior estímulo para chamar atenção de quem passa.

Bem localizados no vidro da vitrine, os adesivos com palavras de estímulo da campanha reforçam a tentativa de identificação com os públicos desejados, não competindo pela atenção com os produtos expostos. No canto esquerdo, ainda explorando o fundo, há uma estampa com detalhes ampliados dos produtos. O efeito final do conjunto é sempre o mais importante e, nesse caso, é possível observar vários elementos, mas que não estão competindo pela atenção aos produtos, onde foi dado o maior destaque e estímulo visual para quem passa.

 

Ponto Frio –O objetivo dessa vitrine é a exposição de produtos da linha de imagem, com menor destaque para a linha de informática. Televisores e monitores de computador ligados com imagem em movimento sempre despertam grande atenção de quem passa, mesmo daqueles que não estejam interessados em comprá-los. Esse efeito é potencializado especialmente quando alguns equipamentos estão ligados na mesma sequência de imagens e outros, em imagens diferentes.

A iluminação bem distribuída e de boa qualidade, atrelada à correta distribuição de produtos por altura, permite visualizar até o fundo da loja, onde também estão expostos aparelhos com imagem em movimento. Para esse tipo de magazine, a apresentação de volume de produtos expostos é importante, pois gera percepções como preço menor, mais possibilidades de escolha, garantias, entre outros. Os banners e displays de marcas conhecidas do grande público consolidam a imagem do ponto de venda na mente das pessoas, gerando maior variedade, confiança e credibilidade.

 

Samello– A loja de calçados buscou, de forma simples e eficiente, atrair a atenção dos filhos em busca de presentes para os pais. É uma vitrine com temática para uma data comemorativa que movimenta o varejo. O conjunto de adesivos e displays que simulam pais pensando em um calçado novo chama atenção pela criatividade e coloca alguns modelos em pontos focais da vitrine, com grande destaque. Um detalhe importante a observar é que, no ponto central, há um discreto “fundo da vitrine” com painel neutro, que contribui para ressaltar os calçados, concentrando a visão e a atenção nos produtos expostos.

A iluminação e a disposição das prateleiras, assim como a proximidade do fundo da loja, permitem a boa visualização de um grande número de produtos, sem competir pela atenção prioritária do que está exposto na vitrine. Destaca-se a discrição com eficiente comunicação da lembrança da data comemorativa proporcionada pelo adesivo no vidro em cor neutra e em tamanho adequado à vitrine e ao ambiente.

 

Riachuelo –Essa loja tem um bom exemplo de uso de vitrine aberta com excelente utilização de expositores. Aproveitando a iluminação controlada dos corredores e a da própria vitrine, tem-se uma boa composição de iluminação dirigida aos produtos, criando vários pontos focais. É importante observar a intensidade e a direção da iluminação, valorizando formas e cores dos produtos. A disposição dos painéis e dos expositores gera concentração da atenção nos produtos, permitindo a visualização de outros expositores no interior da loja.

As diferentes formas dos expositores, adequados aos variados tipos de produtos, geram uma percepção de organização, com volume de produtos e um toque de sofisticação. O conjunto transmite bem a proposta da loja, que busca o equilíbrio da oferta de produtos de qualidade, com variedade, a preços competitivos.

 

Zoomp –A vitrine da marca Zoomp é direcionada a uma ação de liquidação 70% off, na qual o foco principal é chamar atenção do consumidor para os descontos oferecidos, utilizando cores como o vermelho, que atrai a atenção e desperta a curiosidade do cliente. O objetivo do uso da película adesiva é criar mais interatividade entre a marca e o consumidor, atrair para o uso de novas tecnologias, priorizando os produtos da marca e mantendo o cliente por mais tempo em frente da loja a fim de conduzi-lo para as oportunidades dentro da loja. A interação e o movimento da ação projetada, em conjunto com a cenografia, oferecem diferencial à vitrine e formam ações que resultam no aumento da percepção do consumidor diante da loja. O Vikuit (película interativa) garante brilho e contraste, mesmo em ambientes extremamente iluminados, e imagem em alta definição, graças às microesferas ópticas inseridas na película, permite a visualização em qualquer ângulo de visão.

De acordo com uma pesquisa feita pelo The Global Association for Marketing AT-Retail (Popai), realizada na Holanda com base em quatro vitrines exibindo conteúdo variado, mix de mensagens temáticas e anúncio de produtos, de 15% a 33% das pessoas entraram na loja em virtude do que estava sendo exibido pela película.

 

O que não fazer

Farp– A fachada dessa farmácia de manipulação está bem harmonizada com a percepção que se deseja gerar em um cliente que espera produtos únicos, preparados artesanalmente e elaborados com tecnologia. A decoração da vitrine e a composição da madeira em harmonia com o metal estimulam essa percepção. No entanto, a iluminação inadequada produz reflexo pela diferença da iluminação natural externa do estabelecimento localizado na rua, dificultando a visualização dos produtos.

 

Faça a sua

Quer surpreender e aumentar suas vendas por meio da vitrine? Veja outras dicas dos especialistas:

 

“O lojista precisa ter em mente que não existe uma relação afetuosa com a vitrine. É preciso cuidar do tempo dela, pois deixá-la tempo demais cansa. Uma vitrine benfeita pode ficar exposta por 30 dias e o produto pode ser mudado diariamente, por exemplo. Outra coisa fundamental é entender que a vitrine precisa de manutenção, deve sempre ser pintada, ter as luzes trocadas, estar limpa, jamais deixar o manequim com braços quebrados, enfim, coisas mínimas, mas que fazem muita diferença. Por isso, os lojistas devem estar atentos a esses detalhes!”

Patrícia Rodrigues

 

“Não é um aspecto que torna uma vitrine criativa. A criatividade a que me refiro é a do profissional que elabora, pensa, utiliza sua inteligência em materiais diversos, com objetos e linguagem contemporâneos. Por isso, em minha opinião, o que não pode faltar em uma vitrine para atrair clientes e aumentar as vendas da loja é: humor inteligente, surpresa, atração, bom gosto, inteligência e criatividade! Resumindo: uma vitrine tem de fazer o consumidor sonhar! Para isso, deve-se, primeiramente, analisar, entender e conhecer as características do produto. Depois, pensar de maneira diferente da forma habitual, utilizando materiais inusitados para apresentar uma proposta de uso diferente.”

Renato Freitas

 

 “Acho que a ideia é a parte central da vitrine, e não o layout ou o produto em si. Mas também é essencial saber conceituar a vitrine de acordo com o conhecimento profundo da marca. Faça exercícios de conhecimento, por exemplo: se a sua marca fosse um cachorro, qual seria? E se fosse uma bebida? Ou um filme? Um personagem? Um movimento de arte? Pense nas formas, nas cores e em outras fontes de inspiração. Não tenha medo de arriscar! Pense na surpresa e depois a adapte para uma vitrine. Entenda que você pode trabalhar um conceito estabelecido e virá-lo de cabeça pra baixo, por exemplo: um casal se beijando com paixão para o Dia dos Namorados não é surpreendente, mas e se tiverem 80 anos? Quero dizer que, para surpreender, não precisa ser vulgar ou usar ‘mau gosto’, mas terá de utilizar conceitos estabelecidos, repensá-los e ousar!”

Sophy Patrice Doyle

 

 “A vitrine é uma das mais importantes mídias do ponto de venda e tem função estratégica, porque cria identificação direta entre a marca e o consumidor. A fachada e a vitrine contribuem com a imagem e o conceito da loja e dos produtos expostos na mente dos públicos desejados. Por isso, é importante ter sempre em mente que o cliente entra mais facilmente e prefere comprar em lojas com as quais ele se identifica, o que nos leva à máxima de que a identificação gera atração, e a consequência é o aumento de vendas em volume e qualidade. A partir disso, é preciso pensar na vitrine como parte da marca do ponto de venda. Boas fachadas valorizam marcas, boas marcas valorizam lojas e boas lojas vendem mais e melhor!”

Marcelo Blume

 

Para saber mais:

Livro:Gestão estratégica do ponto de venda: decisões para qualificar a performance no varejo

Autores:Luciano Zamberlan, Ariosto Sparemberger, Edimara Daronco e Marcelo Blume

Editora:Unijuí