O céu é o limite

Conhecido entre as celebridades, Olívio Martins vende botas de pele de arraia com rubis e diamantes por R$ 55 mil

Conhecido entre as celebridades, empresário vende botas de pele de arraia com rubis e diamantes por R$ 55 mil

Com sangue de vendedor nas veias, seu pai já exercia a profissão, Olívio Martins, 43, hoje famoso, é dono da Martins Country, um empreendimento com sede em Ipiguá, no interior de São Paulo e cujo negócio principal é vender botas de couros exóticos (tubarão, avestruz, pirarucu, jacaré). É importante destacar que adquire sua matéria-prima de fornecedores autorizados pelo governo. “Minhas peças só saem com o selo do Ibama”, apressa-se em informar. Seus preços variam de R$ 760 a R$ 55 mil. Quando pergunto a ele se acha que há um preço máximo para uma bota, me responde: “O céu é o limite”.

Nem sempre foi assim. No começo, vendia e instalava piscinas na região de São José do Rio Preto (SP). Como hobby, gostava de frequentar as diversas festas de rodeios que aconteciam nas imediações. Para esses eventos, confeccionava sua própria indumentária. “Percebi que todos olhavam para as minhas botas e perguntavam onde eu as havia comprado”, conta Martins. “Com tantos elogios, resolvi montar um negócio próprio.”

Diferenciais

Uma das características que ele mantém até hoje é o atendimento personalizado. “Já tive convite de grandes marcas para produzir em série, mas não quero”, declara Martins. De fato, seu foco é a qualidade e a exclusividade. Para tal, mantém uma equipe pequena de oito artesãos – as peles são delicadas – e tem apenas um ponto de venda, que também é a sede, onde o visitei para esta matéria.

A estratégia de Martins, é importante ressaltar, sempre foi atender a uma demanda exigente, mesmo quando ainda não era famoso. “Muitas vezes deixei de vender por causa do preço. E nunca mudei de opinião. Meu negócio sempre foi o diferente, o exclusivo, a criatividade.”

Ousadia

No ano passado, na Festa do Peão de Barretos, lançou um vestido de noiva – em couro de pirarucu – no valor de R$ 170 mil. Para compor a vitrine e abrilhantar o produto no estande local, colocou um Porsche na entrada da loja. “O pessoal ver o vestido exposto é uma coisa, mas vê-lo ao lado de um Porsche é totalmente diferente”, explica Martins. Sucesso absoluto. Seu objetivo era lançar a ideia do casamento country chique. Esses lances de ousadia e criatividade, característicos desde o início de sua jornada, terminaram por fazê-lo conhecido na Rede Globo de Televisão. Para compor o figurino da novela América, foi a Olívio que os figurinistas e diretores da empresa recorreram.

“Meu primeiro contato foi com o Jaime Monjardim e a Glória Perez. Depois, apareceram os atores: Déborah Secco, Murilo Rosa e Murilo Benício. Eles visitavam a loja e vestiam as botas escolhidas na novela”, conta orgulhoso.

O produto certo para a pessoa certa

“Nesse mundo de cavalos, shows e leilões, uma cliente que acompanha o marido para comprar um animal de R$ 1 milhão, uma bota de R$ 55 mil não é o problema. É o mesmo caso de cantores e atores. Eles querem exclusividade”, conta o supervendedor. É o próprio Martins quem atende, cria os modelos e ouve os clientes. “Hoje, a moda é casar em haras e minhas clientes reclamavam que seus noivos casariam de botas. Elas não tinham um vestido que combinasse com botas. Então, resolvi esse problema para elas: passei a criar vestidos e botas juntos!”

As cantoras Paula Fernandes, Ivete Sangalo, o cantor Daniel e a dupla Rio Negro e Solimões estão entre os clientes VIP´s de Olívio. Paula Fernandes, aliás, que esteve na abertura da última Festa do Peão de Barretos, usou uma de suas criações. Era uma bota “baratinha” de R$ 1.860.

Motivação

Apesar de ter vislumbrado um modo de ganhar a vida, Martins nunca colocou o dinheiro como seu maior interesse. Para ele, dinheiro é consequência de um trabalho bem feito. “Nem sei o quanto já vendi. Minha maior satisfação é ver a cara dos meus clientes. Tenho orgulho de ver a clientela falando bem e usando o meu produto.” Ele frequenta rodeios desde seus 18 anos. É fascinado por esse mundo e sempre gostou de vender, principalmente para apaixonados pelo estilo country. Então, juntou o útil ao agradável. “Eu não trabalho. Eu me divirto”, comenta.

Dificuldades

Nem tudo foi o que aparenta ser. Em 2008, recebeu propostas para franquear seu negócio. Aceitou e abriu lojas no Rio de Janeiro e em São Paulo, na Oscar Freire. Confiou nas pessoas erradas e quase foi à falência. “Fui ingênuo e inexperiente. As lojas duraram cinco meses e tive prejuízos de mais de R$ 1 milhão. Trabalho até hoje para acertar essas contas. Assumi uma responsabilidade que não era minha” Hoje, não faz mais nada na base da confiança. Aprendeu a cuidar da parte burocrática e tem a certeza de que recuperará o que perdeu. “Nunca pensei em desistir. Foram meus clientes que me deram força para continuar. Devo muito a eles.” Com orgulho, Olívio conta que sua clientela separava as lojas – e os problemas advindos delas – da figura dele. “Eles não queriam as lojas. Queriam a mim!”, diz.

O próximo desafio de Olívio é criar uma bota especial para Allan Jackson, famoso cantor country norte-americano que vem para o Brasil em uma série de apresentações. “Gosto de desafios. Não sei o gosto dele e nem o acervo de botas que possui, mas vou oferecer algo que o faça jamais esquecer o Brasil.”

Esse é Olívio Martins. Para ele, o céu é o limite.

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