O destemido senhor da guerra

Ainda na memória, a conclusão da eleição norte-americana mexeu com o mundo e com os noticiários, e ainda norteiam várias discussões no Brasil. Ainda na memória, a conclusão da eleição norte-americana mexeu com o mundo e com os noticiários, e ainda norteiam várias discussões no Brasil. Mas, a curto prazo, o que afinal a continuidade do governo de George W. Bush representa para nós, brasileiros?

Aparentemente, nada muito diferente do que o que já vem acontecendo. A moeda norte-americana continua com cotações decrescentes, o petróleo em altos patamares de preço e o governo brasileiro apertando as rédeas dos juros. Nem o presidente reeleito dos Estados Unidos nem sua atual equipe de governo sinalizaram até agora uma alteração dramática nas relações com o Brasil. A atenção para a América Latina deverá continuar diminuta.

Podemos respirar tranqüilos, então? Não, pois o perigo mora no horizonte. Bush já declarou que no campo externo optará pela via militar para forçar o alinhamento das notas dissonantes da orquestra americana ? Irã e Coréia do Norte poderão ser as bolas da vez.

Ora, ocorre que os combates promovidos pelo destemido senhor da guerra não saem de graça para os cofres públicos norte-americanos. Os gastos da máquina de governo já apontam para um déficit público de US$ 415 milhões para este ano ? mais ou menos 5% do PIB norte-americano. Nada que fugisse ao controle não fosse a escalada bélica que se anuncia ? uma campanha violenta e prolongada no Iraque, mesmo se bem-sucedida, e ataques a outros “inimigos da democracia” provocariam um inchaço no déficit.

Desse modo, a economia dos Estados Unidos precisaria mais e mais de financiamento externo. Como hoje o dólar é referência para a maioria dos países, os EUA canalizam investimentos estrangeiros conforme sua necessidade. Se for necessário sustentar prolongadas campanhas militares, o país vai se transformar em um redemoinho capaz de tragar uma imensa quantidade de investimentos, que deixarão países emergentes e de alto “risco”, como o Brasil, com os bolsos vazios ? dólares seguirão, como se atraídos por um ímã, para a mais poderosa das economias globais. E aí teremos câmbio em disparada, torniquete nos juros, risco-país nas nuvens… O que acaba onerando o custo de capital próprio e de terceiros das empresas brasileiras, reduzindo muito o valor desses negócios.

Portanto, só nos resta pedir paz e amor ao Bush!

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