Verany Bicudo é o corretor mais antigo em atividade na cidade de São Paulo. Ele tem o Creci número 5.

Estimado leitor do Estado de São Paulo, você pode viver ou trabalhar em algum empreendimento lançado por esse homem aí ao lado

Verany Bicudo começou a trabalhar em 1950 e deu seus primeiros passos no escritório do pai. Sua família tem a história profissional e empresarial intrinsecamente relacionada ao setor imobiliário. Ele é o mais antigo corretor de imóveis em atividade no Brasil. “Nasci em 21/12/1928 e tenho 84 anos de idade. Junto com outros companheiros, resolvemos regulamentar, em 1962, a profissão de corretores de imóveis, que ainda não existia oficialmente no Brasil”, conta. O Decreto de criação foi assinado pelo Presidente João Goulart.

Seu registro no CRECI é o de número 5.  Na época, o Conselho Regional dos Corretores de Imóveis abrangia os estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso. Ele se tornou, então, o primeiro secretário-geral da entidade e manteve sua atividade empresarial e profissional sempre ligada a este setor. “Hoje a profissão é regulamentada em todos os Estados e está solidificada.”

Desde os anos 50 até hoje, Verany não parou de trabalhar. “É surpreendente para mim, ainda trabalhar, mas quero levar uma vida normal. Eu não esperava ultrapassar os 60, 70 anos. Mas tenho capacidade física e mental e posso ser útil ainda por muito tempo. Por isso exerço a profissão até hoje. Não penso em parar”, afirma.

O que mudou em vendas

“Basicamente, no início da minha profissão, trabalhava-se mais com loteamentos. Era uma expansão da própria cidade. Corporações de edifícios eram raras. Compravam-se terrenos e as pessoas construíam suas próprias casas. Depois surgiram os conjuntos residenciais. Prédios comerciais eram de um só proprietário e os escritórios eram arrendados”, comenta o supervendedor.

Uma grande diferença que ele percebeu ao longo do tempo é a formação técnica e moral dos corretores de hoje. “Antes não era assim, qualquer um podia ser corretor. Não precisava de formação, faculdade ou um curso especializado.” Verany ressalta que a regulamentação, que ajudou a implantar, mudou para melhor a profissão.

Venda mais importante

Bicudo comandou a comercialização e implantação de milhares de empreendimentos. De acordo com as estimativas dele, vendeu mais de 20 mil imóveis em São Paulo. Somente na zona oeste da cidade, sabe que já vendeu 7 mil lotes de terrenos. Não sabe precisar quantos clientes teve na vida.

A venda que considera mais importante? “Em São Paulo, foi vender o terreno onde está o Shopping Iguatemi, na Avenida Faria Lima. Foi uma coisa que me marcou muito”, conta orgulhoso.

Claro que nem tudo sempre foi um mar de rosas. “Perdi várias boas vendas, mas nunca me abati. Segui em frente”. Para ele, tudo faz parte de um contexto maior, onde ninguém é infalível. O importante é nunca baixar a cabeça.

Do que tem mais orgulho

“Orgulho-me de ter participado de muitas mudanças no setor imobiliário, de ter inaugurado as primeiras vendas especializadas da profissão”. Verany colaborou no lançamento do primeiro condomínio comercial. Naquele tempo, não havia salas comerciais para serem vendidas em um prédio, pois não eram permitidas. Participou também da inauguração do primeiro prédio com garagens.

Entretanto, o fato de ter ajudado na regulamentação da profissão talvez seja o que mais lhe dá orgulho: “Essa regulamentação não dá privilégios ao corretor e, sim, aponta os deveres deles. Um código moral e ético foi algo muito importante. O CRECI é um organismo criado para zelar pela conduta moral do corretor”.

Desistir

Pergunto se pensou alguma vez em desistir da profissão de corretor de imóveis. Para minha surpresa, diz que sim: “Em 1980, me aposentei e ingressei na área de saúde. Desenvolvi uma empresa de produtos naturais. Mas, mesmo trabalhando em outra área, continuavam a me chamar para vender casas. Em 1990, retornei. É o que sei fazer de melhor”.

Motivação

“Minha motivação não é só corretar e agenciar uma venda. Gosto de participar da organização de empreendimentos. Ser um idealizador de empreendimentos”. Com muitos anos de experiência, Bicudo sabe o que o cliente deseja. Então, poder satisfazê-lo é o que lhe motiva a seguir adiante.

Dica

Para o pessoal de hoje, Verany recomenda muito estudo e especialização. “O profissional deve ter conhecimento completo, geral, da profissão, mas deve ser especializado em uma área. Por exemplo: vender no litoral é diferente de vender na cidade de São Paulo. Para um corretor, isso faz muita diferença”.

Estimado leitor, falou um homem que trabalha em vendas há mais de 60 anos e que já comercializou mais de 20 mil imóveis somente em São Paulo. Precisa mais?