O milagre do suco de uva

Aquele que, durante muitos anos, era um subproduto da produção de vinhos, hoje vem sendo privilegiado pelas principais vinícolas do País.

Quem diria, o bom e velho suco de uva, produto renegado nas mesas e nos pontos-de-venda brasileiros, ascende à condição de produto milagroso, invade o varejo sofisticado e tem sua produção vendida em poucos meses.

A razão do milagre? A mesma que reabilitou produtos básicos e convencionais do dia para a noite. Notícias de sua importância para o coração e a saúde das pessoas, a partir das entidades e instituições que defendem e privilegiam os alimentos naturais, devidamente reverberadas pelos programas de grande audiência (Fantástico, Globo Repórter) mais as colunas específicas das revistas de grande circulação (Veja, Época, IstoÉ) e, pronto: não há produção suficiente de suco de uva natural para atender à demanda.

Mesmo com o sucesso recente dos espumantes brasileiros, em decorrência das desvantagens de nosso solo, que não nos garante competitividade nos demais tipos de vinho – mas que, pela acidez, converte-se em tremenda vantagem competitiva na produção dos espumantes – as vinícolas brasileiras vinham sofrendo bastante com a queda do dólar e a importação crescente de tintos e brancos de melhor qualidade. Foi então que, para a alegria de todos, o milagre do suco de uva aconteceu.

Aquele que, durante muitos anos, era um subproduto da produção de vinhos, hoje vem sendo privilegiado pelas principais vinícolas do País, que concentram parcela expressiva de sua energia, produção de matéria-prima e capacidade instalada, no preparo do “alimento da hora”: o suco de uva.

Alguns números do milagre: Casa Valduga que, em 1995, iniciou a produção do suco de uva Casa de Madeira, com um lote inicial de 10 mil garrafas, ontem, 2005, produziu e vendeu 700 mil. Para as pequenas indústrias, com volume menor de produção, o crescimento nos últimos dois anos foi de mais de 50% ao ano. Já o suco Casa de Bento, da vinícola Aurora, que começou a ser produzido em 2004, em um total de 240 mil garrafas, no ano de 2005 fechou com 540 mil e, para 2006, o número deve superar o de 1,4 milhão.

Na medida em que o suco de uva toma conta dos assuntos e conversas, rapidamente as pessoas vão atrás de informação e começam a se preocupar com os rótulos das diferentes marcas, para saber o tipo de suco que estão comprando e levando para suas casas: natural – suco puro de uva sem a adição de água ou conservantes; integral – semelhante ao natural, mas que leva conservante retirado momentos antes do engarrafamento, para que alcance um prazo de validade maior; concentrado – variedade do natural ou do integral, que tem toda a água retirada antes do engarrafamento, para que o consumidor realize a diluição em água a seu gosto. Todos os demais tipos têm um valor de mercado menor e suas qualidades diminuídas, no tocante aos benefícios para a saúde, por uma presença menor de resveratrol e flavonóides.

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