Paciência de Jó

Nada substitui a postura profissional, a paixão pelo que se faz e o profissionalismo na execução diária de seu trabalho

Um dos trabalhos que realizamos com frequência como consultores, é o de visitar e conhecer em detalhes determinadas lojas. Algumas vezes fazemos isso disfarçadamente, para realmente perceber determinados aspectos do atendimento, operação e cotidiano das lojas.

Nestas visitas, é comum constatarmos certas informações que nos ajudarão no projeto com aquela empresa, ou até mesmo, descobrir determinadas situações ainda não expostas por nossos clientes.

Um detalhe pitoresco é quando nos deparamos com cenas e situações quase que bizarras. Por exemplo, ao visitar determinado cliente (anunciadamente como consultor) e encontrar um dos funcionários dormindo atrás do balcão do caixa. Ou então, ouvir facilmente queixas e lamentações da equipe (algumas comprometedoras), logo no início de nosso bate-papo.

Muita vezes, estou na loja como um cliente qualquer e mesmo assim consigo presenciar cenas que, sinceramente, não deveriam acontecer ao vivo e a cores, para todos e qualquer um. Desde uma vendedora acessando redes sociais (e completamente avessa ao que ocorre ao seu redor), até bate-boca entre vendedores sobre determinada venda realizada ou cliente.

São cenas que podem comprometer a imagem da loja pelo cliente, inclusive denegrindo sua experiência de compra que, ao contrário, deveria ser a mais positiva possível.

Por outro lado, a boa notícia é que me deparo por vezes (várias também) com excelentes demonstrações profissionais, condutas exemplares e saio da loja com a melhor das impressões. E é sobre uma destas que eu gostaria de comentar.

Visitei uma loja para testar o atendimento e fui atendido por uma sorridente vendedora logo que entrei. Para início de teste, falei um sonoro “Obrigado, mas estou só dando uma olhadinha!”

Imediatamente escutei de volta da vendedora: “Que ótimo, fique à vontade. Sua visita já é motivo de alegria e orgulho para nós!”. Enquanto a mesma retornava para a arrumação que estava realizando no momento em que eu entrava.

Devo ter ficado ali parado olhando os produtos por uns cinco minutos. Foi quando percebi que alguém comentava algo comigo. Era a vendedora simpática da loja. Ela disse que veio falar comigo, pois notou que eu havia fixado interesse em um dos produtos e que poderia me mostrar outras variantes.

Falei com ela que realmente havia gostado de determinadas peças, mas que estava um pouco inseguro se queria comprar realmente… Talvez fosse melhor pensar um pouco mais.

Ela rebateu dizendo que, se eu experimentasse, teria uma opinião melhor que ajudaria na minha decisão. Então, já que ela deu chance, investi no ataque e comecei a pedir diversos modelos, cores e variações. Perdi a conta de quantas vezes ela foi e voltou com peças. De quantas vezes subiu e desceu do estoque. Até na vitrine ela buscou opções.

Realmente já me espantava com a boa vontade da vendedora, sua paciência e gentileza em me atender (mesmo que tão indeciso).

Foi então que resolvi dar o tiro de misericórdia. Mesmo após a maratona percorrida pela profissional, eu resolvi confessar o seguinte: “Sabe uma coisa, acho que desde o momento que entrei na loja, realmente não ia comprar nada. Lamento pelo seu tempo”.

Neste momento esperei ao menos um semblante de não aprovação, frustação ou, pelo menos, irritação.

Qual a minha surpresa ao escutar o seguinte: “Não importa, fique tranquilo. Fiz exatamente o meu trabalho. Trabalho esse que adoro realizar. Quantas vezes quiser retornar a nossa loja, nos sentiremos orgulhosos de sua visita e eu terei prazer em novamente lhe atender”.

Errado ou não, foi então que resolvi imediatamente, comprar uma das camisas que ela me mostrou.

Por mais que alguns pensem que realmente a obrigação da vendedora era me atender, independente se iria comprar ou não, não é exatamente isso que assistimos com frequência. Por isso, vale a citação honrosa para esta profissional.

Fica a dica: nada substitui a postura profissional, a paixão pelo que se faz e o profissionalismo na execução diária de seu trabalho.

Boas vendas e muita paz.

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