Passos de BebĂȘ

Muitas foram as profissĂ”es que desejei exercer. Do sonho pueril de me tornar jogador de futebol Ă  pretensĂŁo de, como astrĂŽnomo, colocar a cabeça onde nĂŁo raro ela costumava estar, ou seja, no mundo da lua. Passos de BebĂȘ

Por Tom Coelho

Muitas foram as profissÔes que desejei exercer. Do sonho pueril de me tornar jogador de futebol à pretensão de, como astrÎnomo, colocar a cabeça onde não raro ela costumava estar, ou seja, no mundo da lua.

Acabei por seguir caminhos mais triviais, estudando Economia e Comunicação Social. Mas um recÎndito desejo recorrentemente me abraça: o de ser um cientista, daqueles estereotipados com avental branco, trancafiado em um laboratório, cercado não por tubos de ensaio, mas por computadores e måquinas de aceleração de partículas de toda espécie.

Explico-me. Quando contabilizo ao final do dia o tempo desperdiçado com deslocamento, seja no trùnsito, Înibus ou metrÎ, fico imaginando a revolução que seria para a humanidade a viabilização do teletransporte quùntico, tal como preconizado por George Langelaan e reproduzido no filme ?A Mosca?, refilmado em 1986 pelo cineasta canadense David Cronemberg.

Então, percebo que minha busca é pelo tempo ? sua otimização, seu melhor aproveitamento.

Queremos o tempo por inteiro, utilizado ao limite. E nos tornamos ansiosos. Passamos a incentivar a cultura do ?fast?. O fast food das refeiçÔes, o fast track das decisÔes, o fast love dos relacionamentos.

Esta ansiedade se manifesta em nossas açÔes cotidianas. Tornamo-nos impacientes, queremos resultados imediatos. Praticamos duas horas de exercícios físicos e pretendemos estar em forma logo em seguida. E para toda a vida. Começamos a ler um livro e jå gostaríamos de saber qual o seu desfecho. Elaboramos uma proposta comercial e desejamos que o cliente nos responda com brevidade. E de forma positiva.

Nesta toada, migramos para a angĂșstia. E convidamos inconscientemente a frustração, a tristeza e a melancolia a nos visitar. Iniciativas admirĂĄveis perdem-se por falta de empenho. Começamos, mas nĂŁo terminamos. Falta-nos a ?acabativa?.

Aprendendo também com as Mulheres

BebĂȘs nĂŁo sabem nada de ansiedade e angĂșstia. Ainda nĂŁo tiveram a oportunidade de aprender estes conceitos ? desaprendendo parcialmente sua autenticidade. Hedonistas por natureza, vivem o momento presente. Quando descobrem que Ă© possĂ­vel equilibrar-se apenas com as pernas, enxergando o mundo sob outra perspectiva, alcançando objetos antes inatingĂ­veis pelo engatinhar, colocam-se teimosamente a praticar. Insistem, persistem, nĂŁo desistem. Entre uma queda e outra, a obstinação pelo objetivo traçado. E a certeza do cumprimento da meta: andar.

Passos de bebĂȘ. EstĂĄ Ă© a lição que devemos aprender. Com eles e com suas mĂŁes. Porque as mulheres sabem como dosar a ponderação. Talvez os nove meses de espera as tenham ensinado a virtude da paciĂȘncia. Talvez as dores do parto as tenham ensinado o poder da resignação. Talvez a responsabilidade da amamentação na calada da noite as tenha ensinado o significado da tolerĂąncia.

Os relacionamentos mais eståveis e os sentimentos mais verdadeiros são cultivados e conquistados. São como uma semente que necessita de ågua periodicamente para florescer e frutificar. Assim são o respeito, a admiração e a confiança.

Tenha em mente esses pequenos passos em sua vida:

· Passos de bebĂȘ para cuidar da saĂșde e paulatinamente reduzir o fumo, melhorar a alimentação e praticar atividades fĂ­sicas.

· Passos de bebĂȘ para o autodesenvolvimento, aprendendo uma nova palavra em um novo idioma a cada dia, lendo um capĂ­tulo de um livro a cada noite, instruindo-se para instruir. Como diria SĂȘneca, ?goste de aprender porque lhe capacitarĂĄ a ensinar?.

· Passos de bebĂȘ na vida profissional, executando as tarefas rotineiras, mas implementando novos projetos gradualmente, compartilhando decisĂ”es, promovendo pequenas mudanças reais que contemplem um planejamento maior e de longo prazo.

· Passos de bebĂȘ para a vida pessoal e espiritual, porque o amor e a fĂ© sĂŁo ainda mais apreciĂĄveis quando desenvolvidos em vez de apenas impostos, quando construĂ­dos em vez de meramente herdados e quando sentidos em vez de simplesmente compreendidos.

Frase: ?O homem nĂŁo Ă© velho enquanto estĂĄ buscando alguma coisa? ? Jean Rostand

Tom Coelho Ă© empresĂĄrio, consultor, escritor e palestrante, diretor da Infinity Consulting. E-mail [email protected] Homepage: www.tomcoelho.com.br

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