Penta que pariu!

Pode parecer um texto tardio sobre futebol, mas não é. Um Brasil desacreditado foi para o outro lado do mundo e voltou com a taça. O grande prazer nesta copa foi ver em prática o exercício da humildade, esquecida nos últimos anos entre jogadores de futebol, candidatos à presidência, diretores e assistentes de marketing. Pode parecer um texto tardio sobre futebol, mas não é. Como todos viram, um Brasil desacreditado foi para o outro lado do mundo e voltou com um peso extra na bagagem em forma de caneco. O grande prazer nesta copa foi ver em prática o exercício da humildade, esquecida nos últimos anos entre jogadores de futebol, candidatos à presidência, diretores e assistentes de marketing.

Em 98, o salto alto desequilibrou na hora do desfile, fazendo despencar lá de cima todo o sonho de um povo. Neste ano, o Felipão reensinou à seleção o valor que uma bola tem para o brasileiro. Falta agora algum “cabra bão” ensinar o mesmo aos presidenciáveis, aos cartolas e também ao pessoal que navega pelas praias do marketing.

Impressionante a última entrevista do técnico antes da final, que perguntado se a taça já era nossa, responde na lata:

– Não sei! Só amanhã depois do jogo poderei responder essa pergunta.

Já imaginou na apresentação de uma campanha, o presidente da empresa virar-se para o publicitário e perguntar:

– E então, meu caro? De quanto vai ser o meu retorno se eu realmente investir essa bolada neste monte de coisas que você está mostrando?

E com sinceridade ele responder:

– Não sei! Sua equipe mexeu tanto na campanha, todo mundo quis meter a mão… o que deu para fazer foi isso. E já adianto, Sr. Presidente, que só propaganda bem resolvida não garante à empresa alguma ser bem sucedida. Enquanto a preocupação maior do gerente de marketing e seus assistentes for brincar de fazer layouts, suas verdadeiras funções estarão sempre em segundo plano. Fiz o que pude, até onde me deixaram. E o que vi foi meu trabalho ser reduzido a pó de traque, para que todos da equipe ficassem satisfeitos. Ficou medíocre, enfadonho e feio, como o senhor pode perceber.

Míope. Assim é a comunicação que se ajusta exclusivamente à vaidade de todo o pessoal de marketing de uma empresa, e desmerece pesquisas, dados de mercado, conhecimento de linguagem do público alvo e suas reais necessidades. O final todo mundo conhece, mas ninguém assume: um resultado que nunca vem. E como a experiência mostra que filho feio não tem pai, sobra para a agência a culpa da meta não atingida.

Afinal, é ela que tirou do forno uma pizza em que todo mundo meteu a mão. Dali sai um produto final em comunicação que saciará a vaidade de todo mundo que trabalha na pizzaria, menos do infeliz consumidor que permanecia quietinho à mesa com a família. Vitórias, campanhas e pizzas à parte, ouvi de um amigo que a vinda de uma Copa ou Olimpíada ao Brasil nos faria um bem tremendo, uma verdadeira revolução.

Confesso que ainda me limitava ao senso comum, aquele onde impera o medo de ver alguma delegação estrangeira seqüestrada, ou um turista vítima de bala perdida. Segundo este amigo, o capital privado ficaria à vontade em investir no país. Serviços e produtos seriam aperfeiçoados. O turismo daria um salto gigante em qualidade e até o crime organizado seria um pouco sufocado, num esforço coletivo em arrumar a casa para receber bem as visitas. Ficou no ar algo meio Tostines. Seria preciso evoluir o país naquilo que mais temos vergonha, para que fôssemos um dia cogitados para um evento assim?

Ou ideal seria já ter algo agendado, para que arrumássemos a casa com as visitas já a caminho? Pelo menos, podemos afirmar que a quantidade de investimentos dos setores de turismo, serviços e afins geraria boa parte dos empregos que estão sendo prometidos na retórica eleitoreira de 2002.

Porém, para os nossos não menos humildes presidenciáveis, será preferível desviar-se da pergunta fatídica:

– Mas de onde sairão estes 8, 10 ou 20 milhões de empregos da noite para o dia, Sr. Candidato?

Se o candidato fosse o Felipão, a resposta seria constrangedora:

– Não sei.

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