Por que o cliente compraria de você e não da concorrência? – CV n. 99

Nesta edição:
Por que o cliente compraria de você e não da concorrência?
A realidade aumentada pode revolucionar o mercado?
Resolvi trocar minha geladeira

 

Antienergético

Que o mercado de bebidas energéticas é grande ninguém duvida. Agora, uma empresa canadense aproveitou a fama dessas bebidas e lançou um antienergético, chamado de Slow Cow (vaca lenta), que contém camomila e outros ingredientes calmantes – uma óbvia brincadeira com a Red Bull (touro vermelho, em português). Um bom exemplo de que para cada mercado saturado há sempre um outro esperando para ser descoberto.

 

Dar e receber

A rede de hotéis Sage lançou uma promoção que estimula o voluntariado. Basta a pessoa provar que se dedicou, pelo menos, oito horas a um trabalho voluntário, que ela recebe um desconto de 50% para passar uma noite em qualquer estabelecimento da rede.

 

Faça minha propaganda

Nada poderia ser mais óbvio: uma rede de hotéis está emprestando filmadoras para seus hóspedes usarem durante a estadia. A ideia é que eles coloquem muitas imagens de suas férias em sites como o YouTube, fazendo publicidade de graça para o estabelecimento.

 

Higiene

Com o aumento de novos casos da nova gripe pelo mundo, as pessoas estão se tornando supercuidadosas com a possibilidade de contágio. Uma empresa espanhola uniu esse dado ao aumento da frequência a academias e ao uso cada vez maior de bicicletas públicas nas grandes cidades (as magrelas são utilizadas em programas de diminuição da poluição, ficam estacionadas em locais predeterminados e qualquer indivíduo pode usá-las) e criou uma cobertura para guidões.

 

Eles são simples envelopes de tecido, parecidos com aqueles que protegem os guarda-chuvas, para as pessoas colocarem nos guidões das bicicletas e assim as usarem com tranquilidade, sem medo de se contaminar com germes daqueles que usaram o equipamento antes.

 

Três perguntas

Três questões para você responder antes de lançar um produto ou serviço no mercado:

  1. Quem exatamente vai querer comprar seu produto ou serviço e por quê?

  2. Quanto essa pessoa está disposta a pagar?

  3. Por que o cliente compraria de você e não da concorrência?

 

Realidade aumentada

Pode se preparar para ouvir cada vez mais sobre este assunto: a realidade aumentada vai invadir o mercado, começando, como sempre, com os brinquedos. A Mattel pretende incluir um código especial em futuras linhas de bonecos, que, quando lido por uma webcam, mostrará na tela do computador informações a respeito daquele brinquedo, sua “história” e outros dados. Se a criança tiver dois bonecos, por exemplo, (olha a armadilha da venda) ela poderá ver, por meio do computador, os dois interagindo em animações variadas.

 

Já a Nintendo escaneou fotos de vários parques das grandes cidades do mundo e está para lançar um jogo de caça ao tesouro virtual. Basta a criança escolher o parque perto de sua casa e, enquanto anda por ele, pode usar seu videogame portátil (com câmera embutida) para procurar pistas do tesouro que aparecerão na tela em realidade aumentada. O bom é que isso estimula a garotada a sair de casa.

 

Grandes números

R$129,8 milhõesfoi o lucro da empresa de TV paga e acesso em banda larga NET no segundo trimestre de 2009, uma alta de 361% em um ano.
Fonte:IDG Now

R$53 bilhões é o valor de investimentos no setorde aço que são cortados ou adiados, de acordo com o BNDES.

Fonte:Jornal Valor Econômico

R$101 bilhões é o aumento da caderneta de poupança da Caixa Econômica Federal, um crescimento de 19,67% em 12 meses.
Fonte: Jornal O Globo

 

Frase

“O homem não teria alcançado o possível se, inúmeras vezes, não tivesse tentado atingir o impossível”
Max Weber

 

Uma experiência criativa
Resolvi trocar minha geladeira

 

“Meu refrigerador queimou após dois anos e meio de uso e tive de chamar um técnico para consertá-lo. E depois de uma rápida análise…

 

— O motor queimou mesmo. É raro acontecer, mas ocorreu. Ele deve ter recebido uma queda elétrica e o senhor terá de trocá-lo. Ficará em R$512 – disse o técnico.
— Quanto? R$512? Não vou trocar o motor de jeito nenhum, pois irei comprar outro refrigerador – falei.
— Mas essa geladeira está boa! Com a troca do motor, você ganhará três meses de garantia e, além disso, ela ficará quase nova.

— Quase nova?! – questionei.

Não satisfeito com a ‘garantia do técnico’, fui até uma loja para saber o valor de um refrigerador muito similar ao que eu tinha em casa. O vendedor me mostrou um por R$1,8 mil e outro por R$2,2 mil. No entanto, quando olhei para o canto da loja, foi paixão a primeira vista (e eu falava que jamais iria comprar só de imaginar o preço). Eu vi um maravilhosorefrigerador side by side (duas portas) de aço inox que saia água gelada na porta e gelo picado (sou encantado desde pequeno pela ideia de misturar groselha com gelo picado para fazer raspadinha). Quando vi que a geladeira possuía essa função, fiquei me imaginando fazendo isso.

 

Sem demonstrar todo o entusiasmo que estava sentindo naquele momento, perguntei ao vendedor quanto custava o refrigerador, a resposta foi R$5,3 mil – pensei que de jeito algum conseguiria comprá-lo.

Então, fui à outra loja e pesquisei o preço de diversos modelos semelhantes, até que eu encontrei novamente aquele modelo LG side by side. Perguntei ao vendedor quanto custava, e ele me respondeu R$5,6 mil.

Não desisti! Fui a uma terceira loja. Nela, vi novamente meu sonho de consumo. Perguntei ao vendedor quanto custava aquele refrigerador, e ele prontamente me respondeu R$5,7 mil. E acrescentou que poderíamos conversar sobre esse valor. Esse profissional me questionou se eu havia gostado do produto, e eu respondi que sim, mas que seria impossível comprá-lo.

 

Contei minha história para ele, falei sobre a necessidade de substituir a geladeira de casa que havia queimado o motor e também que havia optado por comprar um refrigerador novo a pagar R$512 para arrumar o antigo. Então, o vendedor novamente me intercedeu: ‘O senhor acha R$512 caro?’. E eu falei claro que é, ainda mais para arrumar.

 

‘E se o técnico cobrasse R$480?’, perguntou. Argumentei que o técnico disse que não poderia me dar desconto algum. Mas o vendedor persistiu: ‘E se ele fizesse o conserto por R$480, o senhor consertaria? Provavelmente, porém o técnico estava irredutível no preço, e eu não quis arrumar minha geladeira.

 

Apontando para meu sonho de consumo, o vendedor perguntou o que eu acharia daquele refrigerador por R$480. A minha resposta foi ‘você está brincando comigo?’. Quando o vendedor respondeu: ‘Não, é verdade! O senhor pode pagá-lo com cartão de crédito em dez parcelas de R$487. Não acha uma boa oportunidade? Até porque, você está sem o refrigerador em casa e sem essa conveniência’.

 

Resistindo ao meu desejo de compra, disse que não, que estava muito caro e, em seguida, disse que por R$475 fechava. Assim, ele fez alguns cálculos e falou R$480. Então, fechei o negócio. Naquele momento, achei o melhor negócio do mundo, pois iria pagar R$512 para arrumar uma geladeira velha e estava levando uma nova, linda e de aço inox por apenas R$480.

 

Não era um grande negócio? Tudo bem que esse valor estava dividido em parcelas, mas comprei o refrigerador. A hora da entrega seria outra experiência criativa, mas, dessa vez, a história não terminou com um final feliz.”

 

Cláudio Tomaninié palestrante, professor de MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV) e coautor do livroGestão de vendas.

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