Qual é o limite entre incentivo e humilhação?

Qual é o limite entre incentivar um funcionário e humilhá-lo?

Você acompanhou recentemente o caso de uma empresa do ramo de bebidas que foi condenada a pagar uma indenização de R$16 mil por dano moral a um de seus ex-vendedores. A companhia foi processada porque obrigava seus funcionários a cantarem hinos de guerra que continham palavrões no início da jornada de trabalho.

Diante dessa situação, e procurando trazer aos nossos leitores formas criativas e certeiras de incentivar com eficácia e eficiência, a VendaMais foi a campo perguntar: “Qual é o limite entre uma reunião para incentivar vendedores e uma humilhação pública?” e “Qual é a melhor forma de motivar os funcionários?”. Confira o que descobrimos!

 

“Quando precisamos de um resultado que parece ser um pouco difícil, chego à loja e coloco uma música do U2 chamada Beautiful day, que a equipe já tem como um hino para que o dia seja incrivelmente bom. Chamo cada funcionário para uma conversa rápida e digo o quanto ele é valioso para a empresa, ressalto que todos somos uma família e que precisamos uns dos outros para alcançarmos nossos objetivos. Com esse espírito vitorioso, sempre atingimos as metas.”

Eduardo Garcia

 

“Já ouvi diversas vezes o seguinte comentário: ‘Para amar alguém, primeiramente precisamos nos amar’. Portanto, acredito muito que, para motivar alguém, temos que ser automotivados. Para colocar um brilho nos olhos da equipe, precisamos brilhar espontaneamente e guiar as pessoas rumo à entrega de metas comuns. O grande desafio do líder é identificar o desejo/objetivo de cada integrante da equipe individualmente. Fazendo isso, ele poderá maximizar o potencial de todos. Situações desagradáveis serão minimizadas, desde que o profissional saiba trabalhar em grupo e goste de pessoas. Conflitos sempre existirão, pois o que move o mundo é exatamente o ponto de vista diferente de cada indivíduo. O segredo está em direcionar as energias para que as pessoas encontrem sinergias.”

Ronaldo Martins

“Para mim, o maior incentivo que uma empresa pode dar à sua equipe de vendas é remunerar bem pelo desempenho. O verdadeiro profissional de vendas prefere ser remunerado pelo resultado, porque isso, por si só, já o instiga a usar a criatividade e todo o potencial para maximizar suas vendas. O vendedor deve trabalhar para aprender e buscar conhecimento em todos os momentos. Isso fará com que as vendas se expandam e ele, remunerado pelo resultado, seja integralmente percebido como um profissional de valor.”

J. Luiz Assumpção
 

“Em nossa empresa, costumamos comemorar nossos resultados com pequenos jantares ou coquetéis, nos quais aproveitamos os momentos de descontração para planejar e argumentar sobre novas estratégias e metas a serem alcançadas. Com certeza, o ótimo relacionamento e um bom ambiente de trabalho contribuem para que isso aconteça. A motivação financeira é tão importante quanto o respeito, a confiança e principalmente o reconhecimento, que não é financeiro, mas pode ser feito por meio de um aperto de mão e um parabéns. Não quero dizer que, com um aperto de mão ou um parabéns, sua equipe será motivada, mas, se conseguir sincronizar todas essas características citadas, você terá grandes chances de obter sucesso.”

Douglas Cabral da Luz   

 

“Eu acredito que a motivação é concretizada quando as duas partes têm o mesmo foco, ou seja, o objetivo de se motivar é o mesmo. Quando a empresa quer motivar o funcionário notória e exclusivamente visando o benefício da companhia, a motivação não se concretiza, pois acontece exatamente esse tipo de técnica alucinada que só faz mal ao funcionário e à própria empresa. Motivar e treinar é preparar os seres humanos para serem a cara da sua organização na hora de atender e de vender, é dar ao colaborador uma perspectiva. Todos nós precisamos de perspectiva para viver, pois quem não tem fica no mesmo lugar.”

Tiago Lima

“Trabalho na área de treinamento há um ano e a busca por formas de incentivar nossa equipe em loja é constante. Procuro fechar acordos com a equipe e ouvir sua opinião, passo minha ideia e pergunto a eles o que acham e o que propõem, se é interessante e o que pode ser modificado. Em todo início de treinamento, começamos com uma oração e, logo após, formulamos um grito para a descontração de todos. Esse grito normalmente vem com o slogan da empresa e algo que identifique a equipe ou filial que está em treinamento. Durante o dia, vou fazendo perguntas sobre os assuntos abordados, buscando as dúvidas e premiando aqueles que acertam com chocolates ou balas. Após isso, verifico com a equipe o que acham de um desafio e formulo algo para estimular algum resultado. Não tento a imposição, pois a primeira ação para ter sucesso é conseguir o respeito da equipe. Com isso, valorizo a opinião deles e, com argumentos, tento convencê-los da minha ideia.”

Thiago Camargo

 

“O primeiro passo para uma boa atuação dos vendedores é o local de trabalho ser harmonioso. Isso pode partir do próprio gerente de vendas: saber como está sua equipe, procurar sempre conversar com o grupo – se possível, de maneira particular. Ele pode ser uma espécie de consultor do seu vendedor, assim como o vendedor pode ser um consultor do seu cliente. Procure incentivá-lo, propor desafios e oferecer brindes e gratificações. Isso tudo terá um peso favorável no dia a dia do vendedor. Entretanto, faça mais que isso: procure entendê-lo, em vez de criticá-lo, puxe ele para o seu lado, oriente seu vendedor. Isso, naturalmente, criará um laço de confiança e respeito entre vendedor e gerente de vendas.”

Roni Cardoso

 

“Uma boa dica é: conheça cada funcionário da área nos mínimos detalhes, pois só assim você saberá de que forma estimular o brilhantismo para que ele faça a venda e realize sua meta com dinamismo, vontade e amor. Atualmente, sou coordenadora da área técnica de uma empresa de telecomunicações e, uma vez por semana, saio com um dos técnicos para visitar alguns clientes. Eu aproveito a oportunidade para perguntar sobre a vida deles no geral, esposa, filhos, bens, empresa… e, assim, me dão dicas que mostram como devo proceder com cada um deles. Eu encontro as dificuldades de cada um e vou dando oportunidades para que alterem esse estado da melhor forma. E um detalhe muito importante: valorizo cada colaborador no seu diferencial, por isso eles se sentem inclusos e úteis. Assim, a harmonia e a realização das metas são alcançadas mês a mês.”

Simone Rios

 

Opinião de especialista

Alexander Baeré palestrante de planejamento estratégico de vida e carreira e professor convidado do MBA FGV Management.

 

“As empresas ainda têm uma visão bastante medíocre sobre o que é motivação. Muitas companhias acham que motivação é fazer cantos de guerra, é provocar ‘uhuhus’, ‘vamos lá’, ‘é isso aí’. Na verdade, isso nem motiva, só faz a adrenalina subir muito temporariamente. Sair com gritos de guerra talvez seja engraçado no primeiro dia, até mesmo no segundo, mas no terceiro dia perde o efeito. A própria psicologia diz muito claro que motivação são motivos que levam à ação. Para isso, as empresas precisam unir um recursos humanos que realmente entenda de pessoas ao marketing para, juntos, identificarem o que geralmente motiva os colaboradores. Para alguns funcionários, é reconhecimento profissional, para outros são os desafios, há os que desejam prêmios e alguns, dinheiro. É necessário parar para refletir sobre a ferramenta com a qual o funcionário efetivamente se automotiva, algo para que ele descubra o que quer da vida, e investir em recursos humanos que realmente entenda de pessoas para, com o marketing, fazer com que os funcionários desenvolvam os seus próprios planejamentos estratégicos, a fim de que saibam aonde querem chegar. Automaticamente, o funcionário sabendo aonde quer chegar – e se quer chegar – com aquela empresa, ele se torna supercomprometido, pois está lá porque quer, está em uma empresa que dá o retorno esperado, que está comprometida com ele também. Aí, sim, pode-se dizer que esse é um funcionário motivado.”

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