Reclamação: a hora da verdade

Como agir diante da reclamação do cliente?

Por que será que, ao reclamar, o cliente é visto por muitas empresas como uma ameaça, um aproveitador ou um problema a ser descartado? Realizar uma primeira venda por marketing direto é um desafio. Vencer a resistência e os receios do cliente em relação às compras a distância, construir uma imagem de credibilidade, explorar a oferta certa e entregar o produto ou o serviço de forma ágil são apenas alguns dos obstáculos a serem vencidos. Com a venda feita, o desafio passa a ser conquistar a fidelidade do cliente, garantindo a rentabilidade a longo prazo.

Isso todos nós sabemos. É o bê-á-bá do marketing direto, mas que exige muito esforço, investimento e paciência para ser benfeito. Por que será, então, que muitas empresas se descuidam tanto do relacionamento com o cliente quando ele faz uma reclamação, que é o momento mais crítico dessa relação?

Há alguns meses, comprei para minha empresa, em um site ligado à grande rede varejista, um expansor de alcance de sinal de internet. Liguei para o suporte técnico do fabricante a fim de obter ajuda na instalação e, após seis (sim, seis!) horas de ligação, o técnico concluiu que o produto estava com defeito e me orientou a fazer a troca. Que frustração! Troquei e liguei novamente. Dessa vez, “apenas” uma hora e meia depois, o técnico concluiu que a baixa performance era esperada. Perdi a confiança no fabricante e passei por um calvário burocrático para conseguir o reembolso do valor pago. O crédito em nossa conta-corrente demorou três meses. Uma semana depois, recebi uma ligação do suporte técnico perguntando se o equipamento estava funcionando bem e se eu estava satisfeita! Abusaram da paciência do cliente. Nunca mais comprarei qualquer equipamento dessa marca.

Recentemente, comprei dez DVDs pela internet em um site de e-commerce do qual sou cliente há mais de cinco anos. Depois de 20 dias, assistindo ao O sorriso de Monalisa, notei um defeito que comprometia quase toda uma cena. Liguei para o SAC e a atendente afirmou que eu não tinha direito à troca, pois haviam se passado mais de sete dias. Expliquei que esse seria o prazo para arrependimento, que não era o meu caso, e que o Código de Defesa do Consumidor garante o direito de troca por defeito, mesmo em prazo superior a 30 dias. A atendente repetiu o script. Liguei mais três vezes na esperança de ser atendida por alguém melhor treinado. Nada.

O que aconteceu ali? Creio que me julgaram uma aproveitadora por eu querer devolver o produto depois de usá-lo. Naturalmente, nunca mais comprarei nesse site. Não faltam concorrentes nesse segmento.

Assim como eu, você provavelmente já teve algumas experiências negativas com compras feitas por meio do marketing direto. Você sabe o que é sentir frustração e uma sensação de impotência diante de uma empresa que coloca um exército de burocratas para se defender de suas “ameaçadoras e malévolas” intenções de troca ou reembolso. São histórias que você já contou para muitos conhecidos, que ficaram com a pior imagem possível dessas empresas.

Tive também muitas experiências positivas envolvendo reclamações. Há alguns anos, comprei vários pacotes de fraldas e, ao trocar meu filho, notei que o algodão interno estava se desfazendo. Liguei para o SAC e, no dia seguinte, alguém veio à minha casa se desculpar e fazer a troca de todos os pacotes. Sem demora, sem burocracia, assumindo de imediato o problema de qualidade no lote. Fiquei com a sensação de que vale a pena pagar mais caro por produtos de uma empresa honesta.

Em outra ocasião, meia hora após o check-in em um hotel cinco-estrelas de São Francisco, a gerente abriu a porta do meu apartamento para mostrar as instalações a um casal. Ao perceber que o apartamento estava ocupado, constrangida, rapidamente ela se retirou. Alguns minutos depois, recebi uma maravilhosa cesta de frutas, acompanhada por um champanhe de excelente qualidade e um bilhete de desculpas. O encantamento superou o incômodo.

Certa vez, comprei um cobertor no site de uma rede de lojas de cama, mesa e banho. Quando abri a embalagem, em vez do suave lilás da imagem no site, choquei-me com um inaceitável roxo. Uma das opções oferecidas pelo SAC foi a troca em loja física por qualquer produto de minha preferência. Perfeito. Não precisei apresentar nota fiscal nem preencher nada, pois o cobertor era uma exclusividade da marca. Saí de lá satisfeita com as novas compras.

Você provavelmente já viveu experiências positivas decorrentes de problemas que teve em compras a distância. Por isso, sabe que a forma como uma empresa lida com essas situações faz toda a diferença em relação à imagem que fica e à sua intenção de fazer novas compras.

Coloque-se no lugar do seu cliente no momento em que surgir um problema. Como sua empresa lida com as reclamações? Ela faz de tudo para compensar o consumidor pelo aborrecimento e resolver o problema rapidamente e sem burocracia ou se coloca na defensiva dos seus processos, seus vendedores, seus produtos e serviços?

Pense nisso e analise se a sua empresa tem boas chances de reconquistar o coração do cliente na hora da verdade.

 

6 dicas de como agir quando o cliente reclama

  1. Tenha empatia Procure entender o problema do ponto de vista do cliente.
  2. Reconheça o problema Agradeça o contato e se desculpe pelo transtorno.
  3. Seja rápido Não deixe o cliente esperando uma eternidade pela substituição ou reembolso.
  4. Confie Não obrigue o consumidor a fazer cópias de notas fiscais e documentos. Seu sistema tem como recuperar o pedido e todos os detalhes.
  5. Simplifique Não faça seu cliente preencher formulários, relatando todos os problemas que ele já informou por telefone.
  6. Faça uma gentileza Seu cliente teve um aborrecimento com sua empresa e é importante que a última lembrança do processo seja agradável. Faça uma cortesia: envie flores, convites para uma peça teatral, brindes, algo que mexa com o coração dele.

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