Renato Rosa

Como Renato Rosa deixou de ser faxineiro e se tornou um supervendedor?

Alguma vez, já ouviu seu gerente dizer que você é a eficiência e a eficácia em uma só pessoa? Renato Rosa, um profissional que começou sua carreira como ajudante de serviços gerais, sim.

 

A vida dele em vendas parece história de filme: tudo começou aos 16 anos, quando o jovem limpava e varria a recém-inaugurada loja Paulistintas, que, além dele, tinha apenas mais dois funcionários. Após oito meses exercendo atividades de apoio, Renato foi para o balcão e começou a vivenciar a prática da refração de tintas automotivas. Ele ainda não sabia, mas estava sendo preparado para atuar na área de vendas, profissão pela qual é apaixonado.

 

O crescente amor pelos produtos e a curiosidade de aprender cada vez mais o fizeram crescer na companhia, até que, em 2006, surgiu o convite para se tornar vendedor. Hoje, aos 23 anos, ele é o responsável por 38% das vendas da empresa, que conta atualmente com 4 vendedores, sendo 12 funcionários no total. Deixar essa vida? “De jeito nenhum”, responde Renato, que almeja chegar à gerência um dia.

 

O principal segredo desse profissional para o sucesso em vendas é conhecer a fundo o seu produto, o que auxilia tanto na negociação quanto na motivação do dia a dia. “Sou fascinado pelo que vendo. Na verdade, sou capaz de escrever o boletim técnico de todos os itens que tenho hoje”, assegura.

 

Especificidade do produto

 

A grande ameaça aos itens da Paulistintas é também a maior oportunidade para suas vendas e fidelização de seus clientes: a variação. Os produtos devem se adequar perfeitamente ao automóvel que será pintado, sobretudo porque, em geral, apenas uma parte do carro é repintada, e ela não pode destoar do restante da carcaça. É essa segurança que o consumidor vai buscar no estabelecimento. “O produto que a gente vende necessita de um contato técnico do vendedor, pois ele é muito específico. Sobre uma roupa, por exemplo, é possível dar uma opinião, dizer que está bonita ou não, o mesmo acontece para uma roda de carro, mas em nosso caso não, porque precisamos passar a informação técnica, dizer qual é o rendimento da tinta, como ela vai secar e como deve ser aplicada”, conta o vendedor.

 

Renato lembra ainda que a tinta de um automóvel vai mudando levemente seu tom conforme os anos de uso, principalmente devido à exposição do veículo ao sol. “Ligo a questão da venda à qualidade da prestação do serviço. Tenho certeza de que não conseguiríamos satisfazer o cliente apenas com um bom atendimento e pós-venda se não soubéssemos falar sobre aquilo que vendemos. A questão da preparação do produto, para mim, é o ponto mais importante, pois é a segurança do que estou oferecendo, de que aquele produto é o certo e vai suprir a necessidade do meu consumidor, independentemente do preço”, explica.

 

Clientes: uma escolha

 

Tal conhecimento do produto, aliado a um mercado de pouca concorrência, permite que Renato possa selecionar seus consumidores: “Escolho bem meus clientes. Não atendo qualquer pessoa porque acredito muito no que vendo”. O profissional conta ainda que já demitiu um consumidor que estava interessado apenas em pagar um preço menor por seu produto: “Aqui na região, há somente mais dois concorrentes no mesmo ramo e sei que nenhum deles tem a mesma qualidade do que vendo. Esse cliente já chegou falando em valores, comparando os preços com os de meu concorrente, que só consegue vender seu produto mais barato porque a embalagem é menor. Se aumentarmos a quantidade do produto dele, igualando a nossa, ficará mais caro”. O vendedor chegou até a se oferecer para ir à oficina do cliente, fazer uma demonstração do produto e ajudar a lixar e pintar seu automóvel, mas, diante das constantes negativas, desistiu. “Hoje, ele ainda frequenta a nossa loja, porém não o procuro mais”, admite.

 

Algumas pessoas podem achar a atitude polêmica e pensar que talvez isso crie rivalidade entre os vendedores da Paulistintas. Pelo contrário, Renato é visto como um modelo a ser seguido e um grande amigo: “Trabalhamos juntos há mais de quatro anos, e isso é agradável porque ele é um verdadeiro companheiro – a gente dá certo, um ajuda o outro. Quando há muito movimento no balcão, por exemplo, ele é uma pessoa na qual podemos confiar”, revela Cristiano Ramos da Silva, colega de profissão. Cristiano ainda afirma que admira Renato, sobretudo por sua dedicação e performance: “O desempenho dele é superior em tudo, tanto na questão de metas quanto em satisfação do cliente”. Outro que ressalta as qualidades do supervendedor é Antonio Junior Araújo, amigo e dono da Paulistintas: “Ele é a eficiência e a eficácia numa só pessoa”.

 

Treinamento de clientes

 

Para conquistar novos clientes, Renato seleciona indivíduos que atendam ao seu perfil e ao do produto que vende e realiza minitreinamentos. “Mostro para eles meu leque de produtos, ensino como funciona, de que modo aplicar e mexer. Faço os treinamentos geralmente à noite, junto ao pessoal da oficina do cliente”, diz.

 

Mesmo em época de crise, o supervendedor julga importante manter esse contato próximo ao cliente e chega a desembolsar seu próprio capital para financiar alguns cursos. “Utilizo meu carro e compro o produto da loja em que trabalho para realizar os treinamentos, quando não há incentivo”, afirma Renato, que complementa: “Se as empresas que representamos não se equipam a Paulistintas devido a toda essa tensão que o mercado está vivendo, então fazer um investimento pessoal para manter o vínculo com o consumidor é muito importante”.

 

E todo esse cuidado é notado por seus clientes. “Comprar com Renato é como pescar em um aquário”, descreve Edimilson Pereira de Sousa, chefe de funilaria e pintura da Cevema e cliente há anos do vendedor. “O interesse dele ao demonstrar as qualidades do produto que vende é impressionante. Ele tem um conhecimento profundo do material e passa isso com uma confiança muito grande”, completa.

 

Supervendedor

 

Renato não teme parecer convencido. Ele se considera um supervendedor porque diz vender com paixão e gostar realmente daquilo que faz. “Não há como vender sem acreditar no produto. Quando o cliente me pergunta o preço, questiono, antes de tudo, o que ele quer do produto, ou seja, qual sua real carência naquele momento. Então, escuto e respondo: ‘Para sua necessidade, o item ideal é esse aqui. Ele é durável e fará o que você precisa’. E é somente após isso que falo do valor, pois, para mim, o custo vem em último caso. Não vendo preço, e sim meu serviço e o produto que o cliente necessita”, afirma o vendedor.

 

Para o profissional, o que importa não é o produto que vende, mas a relação que desenvolve com o consumidor. “Se você oferecer Coca-Cola, tem de procurar vender-se com ela. É essencial passar a imagem de que apenas em seu estabelecimento ela estará sempre gelada e, quando o cliente comprar, você já saberá como ele gosta e a trará pronta, até mesmo com aquela rodelinha de limão, se for do gosto dele, sem que ele precise pedir”, exemplifica. É esse cuidado que, segundo Renato, garante as vendas.

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