Segunda chance

Quando aproveitar uma oportunidade?

Há uma propaganda antiga que eu adoro. Ela mostra algumas situações de “como teria sido se…”. Por exemplo: um homem senta ao lado de uma mulher no avião. Ele olha interessado, ela sutilmente demonstra que também é, mas ninguém faz nada. O filme avança e mostra os dois batendo papo animadamente, trocando cartões no desembarque e, mais tarde, jantando juntos. Mas é tudo um sonho. Na volta à realidade, os dois saem do avião sem se olhar, cada um pega sua mala e vai para seu lado, sozinhos.

Quantas vezes na vida você terá uma segunda oportunidade? Primeiras oportunidades nós temos muitas. Entretanto, segundas oportunidades, verdadeiras, genuínas, são raríssimas, sobretudo porque o que acontece geralmente é que a segunda oportunidade vem influenciada pela primeira.

Exemplo do cotidiano: você não me conhece. Somos apresentados e eu, por descuido, faço um comentário que o incomoda. Você cria uma impressão negativa e, quando nos despedimos, leva essa impressão com você. Terei uma segunda oportunidade? Talvez, mas precisarei trabalhar em dobro para desfazer a impressão inicial e revertê-la em algo positivo. Pior: é possível que eu nunca tenha a oportunidade, e a impressão negativa ficará para sempre.

Acontece a mesma coisa com clientes? O tempo inteiro. Não só no atendimento, mas principalmente no aproveitamento de oportunidades. Lembro-me de uma vez que fiz “cliente-oculto” numa rede de farmácias, muitos anos atrás. Eu chegava nas farmácias contando que a empresa aérea havia extraviado minha mala e que eu iria passar uma semana na cidade, mas não tinha nem escova de dentes. Pedia ajuda ao balconista. A maioria fazia o quê? Trazia-me uma escova de dentes – e ainda ficava parada, olhando-me. Alguns me atingiam com as frases-bomba padrão: “Só isso?” ou “Mais alguma coisa?”.

Como eu era “cliente-oculto”, dizia que não – só comprava quando a pessoa tomava claramente a iniciativa de me vender. Resultado: saí da maioria das lojas só com a escova de dentes. Nem para me oferecerem uma pasta de dentes! Não é uma coisa óbvia oferecer pasta de dentes numa situação dessas? O melhor caso me fez gastar R$300 na loja – uma única vendedora, supercompetente, motivada e interessada em ajudar. O restante? O corpo estava ali, mas a cabeça… em outro lugar. Chamar essas pessoas de vendedores é envergonhar a classe. Entretanto, isso acontece todos os dias. Oportunidade atrás de oportunidade desperdiçada.

Sempre que realizo uma palestra aberta, convido o público a fazer um trabalho rápido de network no qual uma pessoa tem de se apresentar à outra. São dois minutos e, ao fim do exercício, pergunto quem conheceu alguém com quem pode fazer negócios, seja comprar ou vender. Invariavelmente, dezenas de mãos se levantam. Por que, numa sala cheia de vendedores, alguém precisa incentivar o contato? Por que isso não acontece naturalmente? Uma série de motivos pode ser dada – educação, cultura, timidez, preguiça, etc. Mas tudo isso tem algo em comum: achar que essa oportunidade perdida é uma coisa natural. Não é! Muita gente ali talvez nunca mais se encontre. Não haverá uma segunda chance de atender uma pessoa, ajudar alguém ou vender alguma coisa.

A impressão que dá é que a maior parte das pessoas vive como se fosse haver uma segunda chance para tudo. É uma visão um pouco acomodada da vida, porque ser realmente bom na primeira oportunidade exige que você esteja atento o tempo inteiro.

Não espere uma segunda oportunidade para corrigir a primeira que não foi feita corretamente ou para tomar uma iniciativa. O mundo é de quem aproveita as oportunidades, e não de quem as deixa passar esperando uma segunda chance. Seja inteligente e já aproveite a primeira.Pode ser que apareçam novas oportunidades? Talvez. Mas aquela ali, na sua frente, bem daquele jeito, nunca mais.

 

Boas vendas!

Raúl Candeloro

 

P.S.:você já assistiu ao nosso vídeo Eu Amo Vender no YouTube? Se ainda não, acesse: www.youtube.com/watch?v=3M7D_6j6vWY

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