Supere-se: Ser um campeão em vendas e na vida só depende de você

Conheça histórias de pessoas que, em vez de desistir, resolveram buscar o sucesso

Você pegou chuva, levou um tombo, perdeu o emprego, foi traído por seu companheiro, sua conta no banco está negativa e ainda está começando uma dor de cabeça latejante. Como você enfrenta tudo isso?

Diversos estudos têm sido realizados para descobrir como e por que algumas pessoas reagem com otimismo e perseverança em momentos críticos da vida. A psicologia empresta um termo da física para denominar essa característica: resiliência, propriedade que alguns materiais têm de acumular energia quando submetidos a estresse, sem sofrer rupturas, retornando à sua forma original. Para os humanos, o conceito toma uma amplitude maior e engloba também a capacidade que temos de nos transformar e utilizar as dificuldades em nosso favor, como um fator para o desenvolvimento pessoal.

O psicólogo e especialista em análise do comportamento Carlos Esteves explica que, diante de uma crise, o caminho que uma pessoa escolhe seguir é fortemente influenciado pelo êxito que obteve anteriormente em situações semelhantes de crise:“Em outras palavras, as consequências produzidas pelas minhas ações no passado e os efeitos emocionais que eu senti por essas ações vão definir como eu me comportarei na situação atual”. 

A resiliência, por sua vez, está relacionada ao grau de tolerância diante de uma frustração, segundo o psicólogo. E, da mesma maneira, é adquirida à medida que passamos por dificuldades. “Se eu encontro uma dificuldade e sou prontamente socorrido, eu não aprendo a lidar com ela. Isso significa que quanto mais obstáculos você enfrentar, mais resistente e resiliente você ficará”, explica.

As chaves para superar as adversidades são muitas: persistência, motivação, autoconhecimento, ação, criatividade. Algumas delas você encontra nas histórias dos personagens a seguir, sobre ex-vendedores que enfrentaram os contratempos que a vida tratava de impor a eles e se tornaram exemplos de motivação.

Sabemos que ler os feitos dos outros não resolve as dificuldades pelas quais estamos passando, mas acreditamos que tomar consciência das estratégias e das formas que essas pessoas utilizaram para enfrentar seus problemas, ou para ir ao encontro dos seus sonhos e objetivos, pode promover e estimular uma mudança de perspectiva face à sua situação. Inspire-se e passe a encarar suas dificuldades como desafios!

“Quem tem por que viver pode superar qualquer como”

Nietzsche

Doces que viraram ouro

R$ 12,00 na mão e uma decisão. Se você fosse morador de rua, sua esposa estivesse grávida de sete meses e sentindo dores, o que você faria com esse dinheiro?

David Portes arriscou comprar uma caixa de doces. Ele saiu pelas ruas do Rio de Janeiro para vendê-los e conseguiu R$ 24,00. Com essa quantia, comprou o remédio para a esposa e ainda mais doces, e assim foi tendo retorno, comprou mais variedades de guloseimas e montou um pequeno cavalete no mesmo ponto que começou, transformando doces em dinheiro.

Aquilo deu tão certo que David deixou de morar na rua, pôde dar conforto para a esposa e montou uma banca de doces. Entretanto, as pessoas começaram a notar seu sucesso e a concorrência começou a aparecer, com barracas ao lado da “Banca do David”. Ele logo pensou: “Tenho de buscar diferenciais” e dividiu a banca nos seguintes “departamentos”:

  • Mezanino diet (chicletes sem açúcar e barras de cereais).
  • Mezanino “engordiet” (salgadinhos e bolachas recheadas).
  • Refrigerados (três caixas de isopor com diversas bebidas).

Outra ideia criativa da qual David Portes se orgulha é o “drive-thru” da banca. Segundo ele, no fim da década de 1980, apenas o McDonald’s e ele ofereciam esse serviço. O camelô colocou dois cones em frente à barraca para que carros pudessem parar e comprar seus produtos. Essas e outras iniciativas simples de David chamaram atenção do público e de um jornalista que na época escrevia a coluna social do jornal O Globo: Ricardo Boechat. Ele fez o primeiro registro da imprensa sobre os diferenciais do camelô.

Parcerias

As novidades não pararam por aí, David também descobriu a importância de fazer parcerias. A primeira foi com a United Airlines, empresa que tinha um escritório próximo à banca. A cada R$ 5,00 em compras, o cliente ganhava um cupom para concorrer a passagens de avião (ida e volta) do Rio de Janeiro a Miami, com acompanhante, oferecidas pela companhia aérea. A promoção rendeu 15 mil cupons e mídia espontânea. Por causa desse sucesso, dificilmente David investe dinheiro nas promoções, pois os próprios fornecedores e outras empresas patrocinam o sorteio de produtos eletrônicos, viagens, etc.

Uma das ações mais geniais surgiu de uma dificuldade da banca, que estava vendendo poucos produtos do “mezanino engordiet”. David teve a ideia de lançar a campanha “Dente limpo”. O cliente tinha direito a um cartão fidelidade com a ilustração de 32 dentes. A cada R$ 5,00 em compras um dente era pintado e quando a cartela estivesse toda preenchida, o cliente ganharia uma limpeza nos dentes. Para as crianças, bastava completar 26 dentinhos, e os clientes que não tinham dentes completavam uma cartela especial para ganhar uma dentadura. David afirma que a dentadura proporcionaria melhora na autoestima do cliente, tornando-o fiel. 

Call center

David Portes intitulou suas criações de street marketing. Uma delas, que surgiu em 1993, foi a inclusão do pedido da entrega por telefone. Como celular era raro na época, o telefone utilizado para receber e fazer ligações era o orelhão público. Os pedidos por telefone chegavam a 30 por dia!

Resultados

Sabe aonde David Portes chegou com tanta criatividade e persistência? Hoje ele tem mais de 5 mil clientes cadastrados na banca e tornou-se palestrante, um dos mais respeitados do Brasil, com uma média de 15 apresentações mensais. Já esteve no Programa do Jô, foi entrevistado por Marília Gabriela e em 2006 recebeu um prêmio internacional do World Business, em Nova Iorque, como palestrante revelação. Até Philip Kotler já citou o case “David, the camelot” em suas palestras.

Atualmente, ele mora em um apartamento na zona sul do Rio e tem dois carros importados. Seu filho, com 25 anos, formou-se em publicidade e dirige a agência do pai, a Dmarketing, que emprega 30 pessoas, além de outras empresas de marketing e promoção de eventos.

O maior vendedor de cuecas do Nordeste

O Beco da Poeira, em Fortaleza (CE), é um famoso comércio de rua que reúne mais de 2 mil vendedores. Foi lá que Luiz Cezar da Silveira começou vendendo roupas “modinha” – termo utilizado para caracterizar peças em malha, de moda feminina, influenciadas principalmente por novelas.

Contudo, o negócio não deu certo e ele teve de recomeçar do zero. Luiz Cezar teve a ideia de investir na compra de malhas de boa qualidade e pedir para que suas irmãs costurassem cuecas. “Escolhi a cueca porque era um produto barato de ser manufaturado, e eu poderia investir em uma boa malha que o preço final não seria caro”, relembra. Para ele, lucro alto tinha de ficar em segundo plano, o importante mesmo era oferecer um produto de qualidade.

Luiz deixava as peças em consignação com os amigos que fez no Beco da Poeira. O produto foi tão aceito que ele não dava conta de atender a tantos pedidos. Foi então que chegou a hora de formalizar o negócio, no ano 2000. Razec (Cezar escrito ao contrário) foi o primeiro nome da empresa, mas outra pessoa já havia tido a mesma ideia e registrado a marca. Então a inspiração veio lá da Etiópia: “Tive de buscar um nome que soasse bem para o público masculino. Eu fiz uma pesquisa e descobri que tinha um rio na Etiópia chamado Omo. Aí coloquei um H no meio para dar uma masculinidade ao nome, assim surgiu a Rihomo”, esclarece o proprietário da empresa que tem sua esposa, Regina Elane, como sócia.

Hoje a Rihomo é considerada uma das maiores empresas de lingeries e cuecas do Nordeste e já atua em alguns estados da região Norte. A fabricação das peças é feita em um parque industrial de 34 mil m², gerando 700 mil peças por mês e empregando atualmente cerca de 500 pessoas. São 12 lojas, sendo 10 próprias e 2 franquias e há previsão de abertura de mais 5 cinco unidades até o fim deste ano.

A marca vem crescendo gradualmente desde o começo, não houve um ano que um passo tenha sido dado para trás. A meta para 2012 é fazer a fábrica aumentar em 10% a produção e nas lojas, em 5% as vendas.

Além de lucro e alegria, há o outro lado que poucas pessoas percebem. “Confesso que algumas vezes eu me senti meio perdido, não sabia se ia dar conta de administrar tudo. Fiquei preocupado em perder o controle. Para isso não acontecer, procurei sempre agregar pessoas de confiança ao negócio”, conta Luiz Cezar. Ele diz que nunca buscou uma consultoria especializada, mas teve a ajuda de muitos amigos. “Hoje, estou rodeado por pessoas confiáveis e, acima de tudo, capacitadas”, comemora.

Para ele, o segredo é o proprietário estar sempre presente no negócio, saber como tudo está sendo gerido e, à medida que a empresa cresce, criar setores, como recursos humanos, financeiro e logística.

Uma característica da Rihomo que Luiz Cezar faz questão de reforçar (desde o início) é o cuidado em oferecer um produto de qualidade. “Você tem sempre de oferecer o melhor para o cliente final. Eu sempre digo que a nossa melhor mídia hoje é a qualidade”, orgulha-se.

Quando perguntado sobre qual dica daria aos leitores, ele não teve dúvida: “Acredite, tenha fé no seu negócio; com amor, trabalho e atitude não tem como não dar certo”, finaliza.   

O ex-empresário falido

A vontade de ser vendedor surgiu na adolescência. Foi quando André Ortiz começou a negociar figurinhas, bolinhas de gude, pipas e até a merenda que levava para a escola, com os amigos. Seu primeiro trabalho, aos 12 anos, foi como vendedor de jornal em uma feira que ficava próxima à sua casa. “Fazia isso porque queria ajudar meus pais e ser independente. Voltava para casa sempre com mais vontade de ser um grande vendedor”, relata.

Depois de formado em administração de empresas, André voltou para a área de vendas, mas dessa vez profissionalmente. Trabalhou como vendedor em gráfica, agência de propaganda e loja de veículos. Depois de seis meses, foi contratado como supervisor de call center.

Um ano e meio se passou e André resolveu investir em um negócio próprio. “Após trabalhar por 15 anos em empresas nacionais e multinacionais, dos 12 aos 27 anos, resolvi ‘cortar o cordão umbilical’ corporativo como executivo e ser um empresário. Com a mesma velocidade que eu a abri, a empresa foi à falência”, conta.

Inspirado pelo avanço da internet, o vendedor iniciou um provedor para acesso, na época chamado de Klic Net. Em menos de um ano a empresa também faliu. “A ansiedade, a falta de preparo como empresário, a falta de conhecimento específico sobre o ramo e a má formação de uma equipe me fez quebrar”, analisa, e ainda complementa: “Percebi que há uma distância enorme entre ser um grande executivo e ser um grande empresário. Infelizmente percebi isso com a dor e, com essa mesma dor, entrei em um processo de depressão profunda, pois além de perder todo o capital investido (FGTS das empresas em que havia trabalhado, um terreno, um veículo e uma moto), fiquei cerca de um ano me crucificando e me perguntando o motivo pelo qual nada havia dado certo, além de não acreditar que aquilo estava acontecendo comigo. Hoje, reconheço e vejo como eu era orgulhoso, teimoso, imaturo e arrogante”, relembra.

André conta que a falta de resiliência fez que o processo fosse longo, até que ele fosse capaz de entender que tudo aquilo fazia parte de sua história, e havia um propósito por trás de tudo. Após quase dois anos de acompanhamento médico e terapêutico, somados ao apoio recebido da família e de amigos, ele pôde voltar ao mercado corporativo. “Consegui me recolocar como gerente de marketing e vendas da AmBev, por meio de um árduo processo seletivo, o qual disputei com mais de 8 mil candidatos para apenas oito vagas”.

Outras oportunidades se abriram para André, até que recebeu propostas para ministrar palestras. Voltou a ser empresário, abriu uma empresa de consultoria chamada Oficina do Sucesso Treinamento Empresarial, e já treinou mais de meio milhão de pessoas em todo o Brasil, de forma presencial e pelo método virtual.

André conta que depois do que enfrentou, sempre que se depara com problemas, segue uma cartilha de quatro pontos:

  1. Afaste-se dos vampiros emocionais: aquelas pessoas que só reclamam e têm medo da vida por suas próprias deficiências. Fique longe delas.
  2. Foque suas energias no que você foi elogiado toda a vida pelas pessoas que o amam verdadeiramente.
  3. Some o quarteto: autoconfiança + entusiasmo + iniciativa + humildade. Certamente eles o farão reconhecer suas limitações, além de ajudarem você a crescer.
  4. Acredite sempre que a vida é feita de altos e baixos, e é lá embaixo que nos fortificamos. Então, se hoje você está no baixo, parabéns! Esse é o momento de colocar isso à prova.

Dicas para superar limitações

Se você não está da maneira que deseja, seja profissionalmente, seja na aparência física, seja nas finanças, seja nas relações pessoais ou emocionais, há grandes chances de limitações profundas e enraizadas estarem atrasando seu progresso. Ser bem-sucedido, bonito ou rico, por exemplo, não define o valor de ninguém. Entretanto, também somos livres para ter sucesso em todas as áreas da vida. Vencendo as limitações, podemos aprender um passo fundamental para ir em direção a resultados sustentáveis. Mas como superar essas incapacidades? Algumas dicas de Mike Martins, coach e diretor executivo da Sociedade Latino Americana de Coaching:

  1. Tenha suas metas em mente.
  2. Identifique suas limitações e lute contra elas.
  3. Tome a decisão consciente de desafiar suas limitações.
  4. Procure as informações que você precisa para esse enfrentamento e crie um plano de ataque.
  5. Execute o trabalho necessário para romper a barreira mental.
  6. Aproveite a incrível sensação de satisfação originada por alcançar algo que você pensava ser impossível.
  7. Desenvolva o hábito de pensar no futuro.
  8. Faça as seguintes perguntas, constantemente: “O que eu quero em vez disso (limitação)?” e “O que eu posso fazer a respeito?”.

Toda vez que você vencer suas limitações, irá se reconectar com a esperança e com as metas que foram bloqueadas atrás de sua parede mental. E isso lhe dará o impulso de motivação e de toda uma nova ótica sobre o que é possível ser transposto e melhorado.

História escrita com a boca

Não poderíamos deixar de fora a história de uma guerreira que nos dá uma lição de vida. Perto do que você vai ler nas próximas linhas, aquela dor de dente e o seu chefe mal-educado parecerão coisas muito simples de se enfrentar.

Com um ano e nove meses de idade, Eliana Zagui foi levada às pressas para o Hospital das Clínicas de São Paulo. Ela foi vítima do último grande surto de poliomielite que o Brasil enfrentou, na década de 1970. Hoje, aos 38 anos, sua casa continua sendo o hospital, de onde pode sair poucas vezes, pois ainda respira com a ajuda de aparelhos.

Eliana e outras seis crianças com pólio cresceram juntas no HC, e as visitas dos familiares da maioria delas eram raras. Eliana as viu falecer uma a uma, restando apenas ela e Paulo, seu grande amigo, hoje com 44 anos. Paulo foi vítima da forma um pouco menos severa da doença e possui os movimentos dos braços. Eliana não teve a mesma sorte.
Sem movimentos do pescoço para baixo, a jovem formou-se no ensino médio, aprendeu inglês e italiano, fez curso de história da arte e tornou-se pintora. Ela conta apenas com o movimento da boca para pintar, escrever, digitar e manusear as páginas dos livros.

Recentemente, lançou um livro no qual conta sua vida, vista da horizontal. O título, Pulmão de aço, faz referência a uma máquina grande, na qual pessoas com insuficiência respiratória eram colocadas, ficando apenas com a cabeça de fora, e onde ela ficou por cinco dias quando chegou ao hospital. O livro foi escrito parte com a boca e parte foi digitada em um notebook, ambos com o auxílio de uma espátula de garganta na qual é amarrada uma caneta.

Eliana, que não gosta de ser vista como um exemplo de superação, mas o é mesmo assim, escrever sobre os “degraus da vida” em sua página na internet, hospedada no site da APBP – Associação dos Pintores com a Boca e com os Pés.

“Muitas vezes, os degraus são obstáculos que nos impedem de chegar lá, principalmente quando somos limitados fisicamente ou consumidos pelo tempo. Mas não deixam de ser um constante desafio, de lutar por um bom crescimento interno e espiritual, mostrando a nós mesmos que somos capazes de não desistir, apesar do extremo cansaço. Os degraus também servem para você sentar e descansar um pouco enquanto pensa na vida. Por serem obstáculos, haverá vezes que você encontrará alguns deles quebrados ou escorregadios, alguma pedra pequena de se ver em um falso pisar, e infelizmente você cai. Vai continuar seguindo em frente? Claro que vai e quantas vezes forem necessárias! Pois são os degraus quebrados ou escorregadios e a pedra pequena de se ver que nos impulsionam a seguir em frente, mesmo estando cheios de feridas mal curadas (…)”.

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