Tentação e ética: de que lado ficar?

Ética: o calcanhar de Aquiles de muitos profissionais.

Chega a ser engraçado (ou mesmo repetitivo) falar desse tema. E até relutamos quando a equipe levou como sugestão de pauta que falássemos sobre ética. Mas entendemos que é, sim, importante falar disso, uma vez que a falta dela é a causa de muitos problemas na vida pessoal (e, consequentemente, na profissional) e da falência de muitas empresas.

Problemas relacionados à ética acontecem à nossa volta o tempo todo. São políticos corruptos, atletas que caem no antidoping, o próprio caso do banco de Silvio Santos, que quebrou porque uma equipe sem ética passou a perna no apresentador, etc.

E mesmo perto de nós existem pessoas que roubam “só um pouquinho”, afinal, os políticos roubam muito mais; gente que, quando pega em situação de infração, por exemplo, tenta subornar a autoridade; vendedores que forjam orçamentos, mudam a fonte de venda só para ganhar a comissão do outro; e por aí vai. Você já deve ter visto casos como esse bem de perto, não é mesmo?

Mas por que isso acontece? O que leva as pessoas a cometeram esses deslizes éticos que podem não só prejudicar sua carreira, mas sua vida toda, por exemplo? É claro que existem questões religiosas e psicológicas que explicam e interferem em um dilema ético, mas não vamos entrar nesse mérito.

Então, vamos nos basear no livro Ética pessoal para o mundo real, de Ronald Howard e Clinton Korver, para falar um pouco sobre o assunto. A primeira lição que fica é a de que não existem dois tipos de ética, como muitas pessoas distinguem: a ética profissional, aquela que você precisa para atuar no trabalho, e a ética pessoal, que você usa na vida.

Um código de ética, de condutas adequadas, deve ser seguido em qualquer lugar ou situação. Logo, são as suas crenças pessoais que interferem no seu trabalho, pois não é possível separar uma coisa da outra, como enfatizam os autores: “Mesmo porque, somente a partir de vivências dentro dos padrões éticos pessoais, somos capazes de praticar a ética nos negócios”.

Desvios éticos acontecem porque as pessoas estão o tempo todo sujeitas a tentações de todo tipo, seja por fama, poder, dinheiro, status ou outros fatores substanciais. Mas é possível evitar esse caminho que muitas vezes é escolhido por ignorância, descuido ou mesmo conveniência.

Podemos usar nossa consciência (recém-encontrada ou despertada ao ler artigos como este) para tomar decisões éticas acertadas. Segundo Ronald e Clinton, a maioria das transgressões éticas encaixa-se em três categorias: engano, roubo e danos.

Tentação de mentir

Mentira, aqui, subentende-se como uma forma de enganar, quando contamos algo a alguém que não sabemos se é verdade somente com a intenção de enganar, mas isso não inclui enganar os outros como equívoco, por exemplo, quando você diz a um amigo que deixou seu carro no estacionamento perto da farmácia e, na verdade, era perto de um supermercado.

Para perceber como a mentira está tão presente em nossa vida, basta analisar o número de palavras que temos para descrevê-la: enrolar, falsificar, embromar, enganar, contar lorota e assim por diante. Em um estudo, 147 universitários e pessoas da comunidade anotaram em agendas todas as mentiras que contavam durante o dia; foram reportadas (pasme!) que contava-se, em média, duas mentiras por dia, aquelas famosas “mentirinhas que não fazem mal a ninguém”, sob o ponto de vista de cada um. Agora, se isso fosse perguntado para quem foi influenciado pela mentira, talvez a resposta não fosse a mesma que a sua.

Tentação de praticar uma fraude

Cometer uma fraude, em seu sentido mais amplo, pode significar deixar de corrigir uma impressão imprecisa, fingir ignorância, não dizer toda a verdade, reter informação, amenizar a verdade ou usar excessivamente o tato. Inclui todas as maneiras de provocar equívoco, além de mentir.

Veja um exemplo: você foi visitar um cliente no fim da tarde, mas ainda não havia conseguido fechar o negócio. O cliente não teve muito tempo para atendê-lo, pois esteve em reunião quase a tarde toda. Aí, ele o convida para um café, depois do seu horário de trabalho, para que vocês possam conversar um pouco mais. Então, você diz que sua mãe está adoecida e precisa ir visitá-la à noite, só para não ter de trabalhar depois do horário. Em outra visita ao cliente, ele lhe pergunta se sua mãe está melhor e você responde que sim, que foi só um susto, mas já passou.

Como quando se mente, toda vez que você é tentado a tais desvios, provavelmente tem bons motivos para isso. Talvez não se sinta bem, mas também não vai perder o sono por isso.

Tentação de roubar

Roubar é apropriar-se daquilo que pertence a outros sem o consentimento deles, o roubo consumado mesmo, como em lojas, desvio de recursos ou fraudes. Na vida diária, são os pequenos furtos, não aqueles considerados como “crimes”, mas que continuam sendo roubos do mesmo jeito: baixar arquivos digitais com direitos autorais, lucrar ao pagar uma conta em que o gasto tinha sido maior, mas o caixa errou, apropriar-se de coisas que nem poderíamos reivindicar (seguro-desemprego, auxílio doença, etc.).

Veja outro exemplo: você é consultor de vendas em determinada empresa e está em um voo para visitar um cliente, que pagará por seu tempo de viagem. Enquanto isso, você faz uma pausa em determinada cidade para visitar outro cliente, passa horas negociando com ele e é tentado a cobrar as horas de ambos os clientes. Veja que, admitindo ou não, isso é um tipo de roubo, um desvio ético.

Muitas pessoas nos perguntam, aqui na VendaMais, sobre como agir em determinada situação, qual seria a postura mais ética nesse ou naquele caso e a nossa resposta é sempre objetiva e simples: você faria isso ou reagiria do mesmo jeito, caso uma câmera estivesse ligada e todo mundo pudesse ver a sua decisão? Sua família (filhos, esposa/marido, pais) sentiria orgulho ao vê-lo fazendo isso?

Se a resposta for negativa para qualquer uma dessa perguntas, pare, analise e veja se não está cometendo um deslize ético, se não está caindo em um desses três tipos de tentações. Se não fizer essa análise, sentimos muito, mas você só tem a perder!

Colaboração: Joice Lemes

Para saber mais:

Livro: Ética pessoal para o mundo real

Autores: Ronald Howard e Clinton Korver

Editora: M.Books

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