Treine antes de falar

Veja por que é importante investir em conhecimento

Um dia desses, resolvi visitar um amigo que mora ao lado de uma concessionária de veículos. Como cheguei mais cedo, decidi entrar para dar uma olhada e inteirar-me dos lançamentos.

Como a vida não é fácil, quem disse que eu teria sossego para usufruir daqueles preciosos 15 minutos de paz e curtição comigo mesmo? Eis que surge o Ednei.

Ele é um daqueles vendedores hiper, super, megamotivados. Isso é um perigo! Era tanta motivação que dentro dele não cabia mais nada, nem mesmo um pouco de técnica, habilidade ou conhecimento em vendas.

Em virtude da forma que ele veio andando em minha direção, confesso que fiquei até com medo, parecia que iria me engolir com aquele desproporcional boa-tarde que ecoou em toda a loja.

Como essa é a nossa praia, tratei logo de ir acalmando a fera e dizendo que estava só matando o tempo conhecendo um pouco mais da linha daquela montadora. Mas, sem se conformar ou escutar direito, a verdade é que desferiu uma superproposta, ou melhor, uma tremenda oferta de um lançamento da linha deles, que só para ele era irresistível.

Até aí, estava achando tudo muito divertido, pois ele começou a me apresentar formalmente o produto. Era um automóvel com sete lugares… Ednei levou exatamente 13 minutos falando sobre as características do carro e do grande negócio que eu iria fazer adquirindo aquela joia rara.

Quando perdeu o fôlego entre uma frase e outra, aproveitei para dizer que eu tinha apenas duas pessoas na minha família e que aquele automóvel não me serviria para nada. Mas quem disse que o Ednei desistiu? Ele desferiu um golpe fatal, na sua concepção, quando me perguntou com um tom de afirmação:

— Em que o senhor pretende levar seus pais quando forem almoçar no fim de semana?
— Meus pais moram no Rio de Janeiro – respondi.
— Tudo bem, mas e seu sogro e sua sogra?
— Eles moram em Minas Gerais – disse.
— E seus amigos?
— Meu amigo, todos eles têm carro.
Sem desanimar, o vendedor ainda insistiu:
— Mas é muito melhor ter de mais que de menos.
Aí, confesso a vocês que o meu sangue Pit Bull ferveu.
— Quantos carros você vende por mês? – perguntei. A resposta, claro, foi a seguinte:
— Com a crise, está tudo muito difícil.

Bem, como treinar é uma grande missão para mim, dediquei alguns minutos do meu tempo, que pretendia gastar sozinho, curtindo o nada, e lá fui eu tentando explicar para aquele franco atirador que a crise estava dentro dele, principalmente, no seu quase inexistente preparo como profissional de vendas. Ao fim do papo, dei um livro para ele e segui meu caminho. Aí, você deve estar pensando: que cidadão estranho.

Infelizmente, posso afirmar que estamos lotados de “vendedores” que vão para guerra sem saber quem é o inimigo, estudar o território e, principalmente, sem escolher o armamento certo para o combate.

Atualmente, muito se tem falado que estamos na era do conhecimento, eu discordo, pois sempre estivemos nela. Agora, o conhecimento só está na moda, em evidência, como se fosse uma grande descoberta. As empresas falam em treinar como se fosse uma novidade, quando, desde que o mundo é mundo, lemos em todas as histórias da humanidade que os grandes vitoriosos não foram nem serão, necessariamente, os melhores, e sim os mais preparados.

Se treinar não fosse importante, para que serviriam as competições? Quanto mais o mercado está competitivo, mais acirrado fica o combate. Além disso, certamente, quem mais investiu na construção de seus músculos, mais segurança e preparo terá para atingir seus objetivos. Por que será que os atletas treinam muito mais que competem?

Nas olimpíadas de Pequim, havia atletas que treinaram quatro anos para competir menos de 30 segundos. Será que nós, vendedores, somos tão bem-dotados assim que podemos entrar em campo e fazer gols sem treinamento algum? Será que só o barulho da torcida será suficiente para nos manter motivados e, dessa maneira, conseguirmos chegar ao topo?

Eu acredito mesmo é na metodologia do Bope, que aplicamos em nossos treinamentos: meta dada é meta cumprida!

Para isso, temos de treinar, treinar e treinar. Caso contrário, você pode acabar oferecendo uma luva de boxe para um goleiro e ainda perguntar:

— Mas você não pediu uma luva?
Abre seu olho, Ednei!

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