Um contador em vendas

Como Alexandre Prazeres largou a auditoria no mercado de telecom para se dedicar à venda de Coca-Cola

Você já parou para pensar no que leva uma marca a ser amada e lembrada em quase todo o mundo? Qual seria a sua resposta caso lhe perguntassem qual é a marca que você mais gosta? Se a resposta for Coca-Cola, saiba que você não está sozinho. Um estudo comandado pela revista BusinessWeek e pela consultoria em marcas Interbrands divulgou, recentemente, a lista das empresas mais valiosas do mundo e, sem grande surpresa, a Coca-Cola apareceu novamente em primeiro lugar, com valor estimado em US$68,73 bilhões.

 

Agora, mude de lado e imagine que você vende Coca-Cola. Parece fácil, não é? Mas e se sua empresa resolvesse desafiar os colaboradores a venderem o máximo possível, premiando com uma viagem para participar de um evento sobre vendas quem mais ultrapassasse a meta? Será que há como vender muito mais de um produto que as pessoas já conhecem e consomem? Para o supervisor Alexandre Prazeres, que atua na Compar, empresa representante da Coca-Cola no estado do Pará, a resposta é sim. Ele não só atingiu sua meta como ultrapassou a marca em nada menos que 162%. Resultado? Foi conferir de perto a quarta edição da ExpoVendaMais, o maior evento de vendas da América Latina.

 

Alexandre sempre se orgulhou da ambição saudável que possui. Bacharel em contabilidade, ele iniciou sua carreira no ramo de telefonia celular, e uma das auditorias que realizou modificou para sempre sua vida. “Na auditoria, descobri algumas fraudes que acabaram na demissão do gerente de contas da empresa”, relembra. Ele decidiu, então, candidatar-se à vaga e foi selecionado.

 

A principal dificuldade foi assumir, sem experiência na área, a responsabilidade por antigas vendas malfeitas. Foi aí que Alexandre começou a procurar conhecimentos técnicos em vendas e se tornou assinante da VendaMais. Além disso, adotou A bíblia de vendas, de Jefrey Gitomer, como livro de cabeceira e passou a investir em cursos e treinamentos na área.

 

Ele logo percebeu que a sinceridade e o conhecimento do serviço que vendia eram pontos fundamentais para uma boa venda. “Nunca me permiti desistir com o primeiro ou segundo ‘não’. O otimismo e a vontade de crescer, aliados principalmente a conhecer muito o produto com o qual eu trabalhava, eram os meus maiores trunfos”, diz Alexandre.

 

Novos desafios

A ambição de querer crescer ainda mais e estar sempre aprendendo levou Alexandre a conquistar, em 2008, uma vaga na empresa de bebidas Compar. “A ambição é benéfica e faz parte da nossa forma de recrutamento, porque a gente procura perceber pessoas que queiram crescer dentro do grupo, que tenham essa ambição saudável”, revela Jorge Nunes, coordenador de Alexandre na companhia.

 

Na Compar, o novo funcionário se sentiu novamente um aprendiz. “Na área de telecom, eu vendia serviços e, hoje, vendo produtos acabados. Lá, a gente trabalhava com o mercado empresarial e, atualmente, trabalhamos no varejo”, aponta. Isso, segundo ele, modifica muito a forma de fazer uma venda. “A gente tem de ter sempre o nosso produto bem exposto, comunicado e gelado. Se conseguirmos agregar esses três elementos no ponto de venda, teremos praticamente um produto vendido, já que ele tem muita qualidade”, explica.

 

Atualmente, ele gerencia o interior do Pará, incluindo dois supervisores, dois distribuidores e uma equipe de dez vendedores, para garantir que tais características sejam comunicadas e entregues. “Mas também vou a campo vender, já que a gente faz constantes acompanhamentos com vendedores e supervisores na rota. Eles nos acionam para que possamos interferir na negociação e fazer ações que tragam um volume adicional”, aponta.

 

Para bater a meta em 162%, Alexandre utilizou a percepção que tem do mercado. Quem conta essa história é o próprio coordenador do profissional: “A gente deu um desconto especial para os produtos que eram o foco do concurso, os refrigerantes retornáveis e os sucos. E, como a área do Alexandre é exatamente os distribuidores do interior, ele enxergou que ela tinha uma grande oportunidade de crescimento de produtos retornáveis e investiu nisso”, descreve.

 

A grande vantagem da embalagem retornável está no lucro. “Essa é uma embalagem que dá mais rentabilidade para a empresa e também para os nossos distribuidores. Por isso, Alexandre vendeu bem essa ideia para os distribuidores que ele atende, que, consequentemente, a venderam para o consumidor, o que provocou uma reação em cadeia”, revela Nunes.

 

Para Alexandre, o segredo do sucesso no alcance de metas está em pensar no benefício de toda a cadeia: “É preciso agir naturalmente, apresentando para o cliente somente soluções que possam trazer algum benefício, não somente para mim, mas para a companhia e ao cliente. Eu acho que, se você for natural, sincero, objetivo e sem muitas inversões, consegue conquistar o cliente, fazer com que ele seja a sua cara”.

 

Quem conhece Alexandre confirma as características. “Ele é um cara decidido, que atende bem e tem jogo de cintura para resolver situações. Eu sou meio suspeito para falar porque, além de cliente, sou superamigo dele. Nós já temos afinidade e, se fosse dar uma nota para ele, seria mil. Ele aprende sempre, e o que pode fazer para resolver e simplificar a venda ele faz”, revela o distribuidor da Disbrava, Orlando Antonio Souza. A amizade nasceu assim mesmo, profissionalmente.

 

Polêmico, Alexandre garante que “se você gosta do que faz, a sua equipe incorpora isso e o mercado vai apresentar aquilo que você almeja”.

 

Apesar dessa autoconfiança, Alexandre não se considera um supervendedor, título que, para ele, é inalcançável. “A gente nunca tem de estar satisfeito, então jamais chega a esse nível. Você deve estar em constante renovação, em busca de conhecimento”, acredita.

 

Para quem almeja crescer na profissão de vendas, o supervisor dá algumas dicas. “Eu sou uma pessoa que foi muito motivada por determinação e ambição sadia e sempre planejei os meus objetivos. O principal trunfo para quem está iniciando é saber aonde quer chegar. O segundo passo é planejar como chegar. E o terceiro trunfo é traçar o que fazer para atingir os passos planejados”, finaliza.

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