“VocĂŞ pode sonhar, criar, projetar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo, mas sĂŁo necessárias pessoas para fazer do sonho uma realidade.”
Uma das frases mais cĂ©lebres de Walter Elias Disney Ă© a primeira evidĂŞncia de que o criador de Mickey Mouse e da maior companhia de entretenimento do mundo era um superlĂder. Afinal, ela revela que Walt Disney sabia que o sucesso de um negĂłcio nĂŁo depende somente de uma grande ideia e dos talentos e conhecimentos do empreendedor, mas tambĂ©m de sua capacidade de engajar outras pessoas Ă causa a ponto de fazĂŞ-las considerar seus os sonhos que antes eram sĂł do lĂder.
Mas esse Ă© apenas um dos ingredientes da fĂłrmula do sucesso em liderança de Disney. A receita completa, que o fez ganhar o tĂtulo de superlĂder desta edição, vocĂŞ confere nas prĂłximas páginas.
Três histórias e três grandes lições de liderança de Walt Disney
Como bom contador de histórias, é por meio delas que Walt Disney nos ensina a liderar. Das inúmeras contadas por ele ao longo da vida (Disney faleceu aos 65 anos), selecionamos três que trazem boas lições:
1. Encontrar e definir um propĂłsito Ă© fundamental; transmitir esse propĂłsito Ă© ainda mais importante.
Disney acreditava que a melhor maneira de motivar as pessoas Ă© dando a elas algo em que acreditar. Por isso, dizia: “NĂłs nĂŁo fazemos filmes para ganhar dinheiro. NĂłs ganhamos dinheiro para fazer mais filmes.” Ou seja, apesar de saber da importância do lucro para o sucesso do seu negĂłcio, o que ele queria mesmo era entreter as pessoas.
Para executar esse princĂpio, o pai de Mickey Mouse apostava em algo sobre o qual temos falado muito na VendaMais: o storytelling. E uma pequena histĂłria Ă© a prova disso…
Walt Disney já era um empreendedor de sucesso em 1934. Depois de enfrentar um grande revés (seu primeiro personagem com potencial de sucesso – Oswaldo, o coelho sortudo – foi roubado por um antigo parceiro), criou sua obra-prima, o ratinho Mickey, e passou a alegrar crianças e adultos nos Estados Unidos.
Mas o sucesso do rato falante não foi suficiente para facilitar suas novas empreitadas. Quando decidiu transformar Branca de Neve e os sete anões em filme, por exemplo, Disney teve que enfrentar a oposição de sua esposa e de seu irmão e sócio (Roy), que achavam que os custos do projeto eram altos demais.
Depois de resistir Ă s crĂticas familiares, Disney resolveu buscar uma forma especial para engajar a equipe que trabalharia na criação do primeiro longa metragem de animação do mundo: reuniu todos em uma sala e contou a histĂłria detalhe por detalhe, interpretando os personagens, suas vozes e seus trejeitos. Era o que precisava para a turma entender que o enredo era bom o suficiente para ir para as telonas.
Foi um grande acerto. O trabalho não só se pagou, como foi extremamente lucrativo e abriu novas e milionárias possibilidades para a empresa de Disney.
2. A importância de saber o que seus clientes querem.
Na Disney, colaboradores sĂŁo “membros do elenco” e clientes sĂŁo “convidados”. E como defendia Walt Disney, convidados sĂŁo pessoas com quem devemos nos relacionar “cara a cara”, nĂŁo apenas por pesquisas ou, como costuma acontecer atualmente, via internet. Tanto Ă© que assim que inaugurou seu primeiro parque (Disneyland, em Anaheim, CalifĂłrnia), Disney falou aos lĂderes do time: “NĂŁo quero vocĂŞs em escritĂłrios. Quero vocĂŞs espalhados, vendo o que os convidados estĂŁo fazendo e descobrindo o que podemos fazer para tornar o parque mais atrativo para eles.”
É claro que as ferramentas tradicionais de pesquisa ao cliente são, até hoje, muito importantes para a Walt Disney Company, porém, o contato com os convidados ainda é a fonte mais poderosa de informação para a empresa. Nesse sentido, o que a Disney faz atualmente é:
- Pesquisa “cara a cara”: feedback imediato oferece a oportunidade de fazer ajustes rápidos e recompensas instantâneas. Por isso, a Disney aproveita a presença dos convidados nos parques para fazer desde perguntas simples, como de onde eles vieram, atĂ© perguntas especĂficas, como o que eles acharam de um determinado brinquedo ou evento.
- Comunicação com os convidados: e-mails, cartas e ligações sĂŁo analisados com muita atenção na Disney. Todas as crĂticas sĂŁo vistas como oportunidades de melhorar.
- Site e mĂdias sociais: hoje em dia, Ă© fundamental saber o que seus clientes falam sobre sua empresa na internet. A Disney sabe disso e usa os canais da web para analisar os comentários dos convidados e pensar em possĂveis mudanças.
- OpiniĂŁo dos colaboradores: poucas pessoas conhecem e entendem seus clientes melhor do que seus colaboradores. Por isso, ouvi-los Ă© fundamental se vocĂŞ deseja melhorar seus serviços e o atendimento ao cliente. Os lĂderes da Disney estĂŁo sempre ouvindo os membros do elenco. Tanto Ă© que as sugestões dos “cast members” muitas vezes sĂŁo colocadas em prática.
3. Relacionamentos fortes e de confiança fazem a diferença.
“De todas as coisas que fiz, a mais importante foi coordenar as pessoas que trabalham comigo e seus esforços para alcançar nossos objetivos.” Essa Ă© mais uma frase cĂ©lebre de Walt Disney que mostra como ele se orgulhava de suas habilidades de liderança. E o sucesso gerenciando pessoas era merecido, pois todas as suas ações nesse sentido eram pensadas de maneira muito estratĂ©gica. Para construir relacionamentos de confiança com seus sĂłcios e colaboradores, ele estava sempre preocupado com trĂŞs pilares:
- VisĂŁo e valores – Todo lĂder conta histĂłrias sobre algo que valoriza, e esses valores precisam estar alinhados com a visĂŁo da organização ou da equipe para dar o retorno desejado. Sabendo disso, Disney estabeleceu sua visĂŁo e seus valores com muito cuidado, e aproveitava toda e qualquer oportunidade para compartilhar esses pensamentos com sua equipe e, assim, trabalhar para engajá-la nesses objetivos.
- Comportamentos acima de intenções – O comportamento e as decisões de um lĂder servem de modelo para o comportamento e as decisões de seus colaboradores. Enquanto as pessoas tendem a julgar a si mesmas pelas intenções, julgam os outros baseadas nas ações deles. Como lĂder, Ă© essencial que seus comportamentos reflitam seus valores e sua visĂŁo. A melhor motivação vem dos exemplos de cada dia de um lĂder.
- Propósito antes de tarefa – Disney acreditava que é importante discutir o propósito de uma tarefa antes de repassá-la aos colaboradores, pois tarefas isoladas de um objetivo maior podem se tornar tediosas e confusas, acabando no fim da lista de prioridades. Entretanto, se um time entende o propósito em comum por trás das responsabilidades individuais de cada profissional, a inspiração para executar suas próprias tarefas será muito maior.
Inspire-se!
Tudo que Walt Disney fez em vida ficou de legado para que, depois de sua morte, a empresa fundada por ele preservasse suas principais ideias e continuasse crescendo apoiada na visĂŁo e nos valores de seu empreendedor. Hoje, por exemplo, a organização tem suas estratĂ©gias de liderança baseadas em dez princĂpios que sĂŁo a cara de Disney – e que Lee Cockerell, ex-vice-presidente executivo de operações do Walt Disney World, apresenta em seu livro Criando magia:
Estratégia 1 – Lembre-se de que todos são importantes.
Estratégia 2 – Quebre o molde (não tenha medo de mudar só porque as coisas parecem bem).
Estratégia 3 – Faça da sua equipe sua marca registrada.
Estratégia 4 – Crie magia por meio da capacitação.
Estratégia 5 – Elimine inconvenientes.
Estratégia 6 – Saiba a verdade.
EstratĂ©gia 7 – Use um combustĂvel grátis (o da Disney Ă© apreço, reconhecimento e estĂmulo – vocĂŞ deve imaginar por quĂŞ).
Estratégia 8 – Mantenha-se na dianteira.
Estratégia 9 – Cuidado com aquilo que você diz e faz.
Estratégia 10 – Desenvolva o caráter.
Disney pode nĂŁo ter deixado isso tudo registrado, mas foram suas atitudes em vida que tornaram essas estratĂ©gias possĂveis. Inspire-se nas trĂŞs histĂłrias e nas dez estratĂ©gias para construir sua liderança e se tornar tambĂ©m nĂŁo apenas um grande lĂder, mas um superlĂder encantador.
Saiba mais
Livro: Criando magia – 10 estratégias de liderança desenvolvidas ao longo de sua vida na Disney
Autor: Lee Cockerell
Editora: Sextante