As diferenças entre ser e estar vendedor
“Estar” vendedor é apegar-se à profissão como se fosse uma tábua de salvação, por achar que faltaram oportunidades em outras funções.
A famosa frase de Shakespeare: “Ser ou não ser, eis a questão” inspira-nos a falar de outro dilema: ser vendedor ou estar vendedor; profissionais ou praticantes, eis a questão. SER vendedor é sentir um amor imenso em vender, é procurar entender e conhecer cada cliente, é transmitir credibilidade e conquistar confiança. É ser correto e íntegro, é não mentir, é ser simpático, é saber ver e ouvir, é deixar a ansiedade trancada num cofre e sempre ajudar o cliente a ganhar.
Atender às necessidades do cliente é fundamental. Conseguindo uma parceria saudável e transparente, os resultados serão satisfatórios para o vendedor e para o cliente. Ser vendedor é colocar em prática as técnicas de venda, é ser observador, consultor, conselheiro, amigo e muitas outras coisas.
Isso ocorre da mesma maneira com o músico, que, ao tocar seu instrumento, provoca emoção; com a bailarina que passeia pelo tablado; com o cirurgião que sutura milimetricamente e com precisão; com o arquiteto que desenha o palácio ou a casa perfeita; com o químico que faz a mistura exata; com o artesão que dá a forma adequada; etc. Todos eles, ao executarem suas funções, estão espiritualmente SENDO, e assim também deve ser no caso do vendedor, ou seja, ele deve compreender que sua arte, sua eficiência, sua disposição e seu sucesso estão, antes de tudo, em SER.
Um vendedor de sucesso escolhe ser criativo, e não apressado; ele acredita que a venda é decorrência de seu trabalho, que haverá uma convergência para seu sucesso. Sua estrada é percorrida com paciência, determinação, zelo, persistência e elevada autoestima.
Para um vendedor que É vendedor não existe fracasso, somente oportunidades de aprendizado e de novas abordagens. Cada “não” recebido é uma sinfonia, uma oportunidade de transformar a negativa em aceitação – é um momento especial, quando há a certeza de que seu serviço é benfeito.
ESTAR vendedor é ver o cliente como um número que vai servir para pagar suas contas após cada compra, como um chato quando reclama e como um imbecil quando não pode comprar; é apegar-se à profissão de vendedor como se fosse uma tábua de salvação, por achar que faltaram oportunidades em outras funções.
Estar vendedor é criar uma planilha de quanto ganhará ao vender determinado valor em produtos. Quando se é vendedor, quem tem valor é o cliente. Estar vendedor é acreditar que só é vendedor quem está atrás de um balcão ou com uma pasta e um talão de pedidos nas mãos, quando, na verdade, todos nós somos vendedores – alguns vivem de venda, enquanto outros vivem para a venda. O médico vende o seu trabalho; o arquiteto, sua planta; o palhaço, sua piada; o palestrante, sua ideia; o sapateiro, a sua forma; o artesão, sua obra – e assim temos vários vendedores.
Quando se está vendedor, existe uma dificuldade em vender, em motivar-se, além de uma vontade enorme de que o dia acabe – se chega um cliente no final do dia ou há um pedido de visita perto do horário da saída, o mundo quase acaba: “Será que hoje venderei?”. Quando esse tipo de vendedor realiza uma venda expressiva, sua alegria não está no seu serviço, e sim no valor da venda.
A principal diferença entre SER vendedor e ESTAR vendedor é o significado do serviço. O resultado é expresso em números, mas o retorno é a realização, a certeza de ter cumprido uma missão – o maior valor na vida de um profissional. É muito comum vermos o profissional de vendas ser confundido com a pessoa que vende, no entanto essas são “coisas” muito distintas.
Entre as pessoas que vendem há diferentes perfis profissionais. Uns vivem para as vendas, e não das vendas. Para que isso não fique confuso, vamos definir o que é um profissional. Os dicionários dizem que profissional é a pessoa que faz uma coisa por ofício. Somente por aí podemos distinguir o profissional de vendas da pessoa que vende e, com base nisso, podemos dizer: “O profissional de vendas É, a pessoa que vende ESTÁ”.
É corriqueiro encontrarmos pessoas vendendo porque não conseguem exercer outra atividade, e outras porque acreditam que só vendendo obterão ganhos satisfatórios. Essas são as pessoas que confundimos com os profissionais de vendas e que procuram estar vendedoras. No entanto, elas acabam entendendo, na prática, que para ser vendedor é preciso muito mais do que o simples desejo de ganhos financeiros ou a necessidade de ter uma ocupação.
O verdadeiro profissional de vendas:
- Faz da profissão o seu ofício.
- Tem satisfação intrínseca pelo que faz.
- Busca sempre o aprimoramento.
- Discute seu trabalho com outros profissionais.
- Autoadministra-se sempre e com competência.
- É independente do seu chefe ou gerente.
- Convive com a euforia do pedido e com a frustração da não venda.
- Jamais se conforma com o fracasso (até porque não existe fracasso para ele).
- Autodesenvolve-se e sabe que todos os dias precisa começar tudo de novo, pois o que fez até ontem já não conta mais e porque tem absoluta consciência de que a sua profissão contém um risco permanente: vender ou não vender.
Mas, afinal, o que é preciso para que uma pessoa que vende se torne um profissional de vendas? Em primeiro lugar, é preciso não se esquecer nunca de que o profissional de vendas faz a si mesmo – ele não pode delegar essa tarefa. A cada ato de venda, ele tem um aprendizado.
A grande escola é o dia a dia. Tudo tem de ser aproveitado na busca pelo aperfeiçoamento constante. É um processo sem fim e individual. Costumamos dizer, em sala de aula, que “ensinamos sobre vendas, não ensinamos a vender”, porque é a prática que traz o ensinamento e, principalmente, o aprimoramento. Quantas pessoas vivem de vendas durante anos e nunca chegam a ser profissionais? Quantas são chamadas de veteranas, mas não conseguem destaque ou melhores posições? De fato são muitas, e é aí que percebemos a diferença entre “profissionais” e “praticantes”.
Existem pessoas que “praticam” vendas há 10, 15 ou 20 anos. No primeiro ano, elas aprenderam, mas e nos restantes? Parece que não acrescentaram nada ou acrescentaram muito pouco ao que sabiam, ou seja: estacionaram e não procuraram ou não conseguiram se desenvolver. Talvez tenha faltado a elas estímulo, desafio e/ou ambiente propício.
São exatamente essas as pessoas que mais fazem exigências e que mais escolhem clientes e mercados – e tudo isso é fruto de sua insegurança na profissão. O profissional de vendas, ao contrário, modifica seu desempenho, sua estratégia, sua postura, adaptando-se às novas realidades, ao momento, às circunstâncias, a cada cliente, enriquecendo-se profissionalmente e de forma constante.
A motivação do profissional de vendas é o pedido, a motivação do praticante é o dinheiro que ganhou. O profissional de vendas quer sempre vender mais, independentemente do que já vendeu, já o praticante quer sempre ganhar mais. O profissional de vendas quer prestar serviço, o praticante quer servir-se.
E você, É vendedor ou ESTÁ vendedor? É profissional ou praticante?
Teste sua motivação em vendas
Responda às perguntas a seguir para descobrir se você É ou ESTÁ vendedor. Aproveite para verificar se ser vendedor está no seu sangue ou se você deve repensar sua vida profissional.
Você é ou está vendedor?
- Quando um cliente faz uma pergunta a respeito de um serviço ou produto e você não tem certeza da resposta, o que faz?
- Sou honesto e falo a verdade.
- Isso nunca acontece, pois sempre me preparo, conhecendo cada item ou serviço que vendo.
- Falo o que me vem à cabeça, e realizo a venda.
- Quando o cliente pede várias informações e, no final, não compra ou não contrata o serviço, como você se sente?
- Fico muito aborrecido e comento o fato com algum colega.
- Sinto prazer em atender o cliente, independentemente do resultado.
- Não sinto nada.
- Quando o cliente escolhe um produto ou serviço, você dá sua opinião para:
- Realizar a venda.
- Ajudá-lo a ganhar, sendo honesto e sincero independentemente da compra.
- Mostrar que sei do que estou falando.
- Se um cliente chega no final do dia ou há um pedido de visita perto do horário de saída, qual é a sua reação?
- Realizo o atendimento, mas fico chateado.
- Atendo o cliente e entendo isso como mais uma oportunidade.
- Verifico se algum colega pode atender o cliente em meu lugar, pois normalmente tenho compromisso depois do trabalho.
- Por que você trabalha com vendas?
- Não consegui outra carreira.
- Amo o que faço e sinto meu coração pulsar a cada venda.
- Estou ganhando um bom dinheiro.
- Quando chega perto do final do dia, você:
- Fica com muita vontade de ir embora.
- Fica realizado por mais um bom dia de trabalho.
- Fica fazendo as contas de quantas vendas fechou.
- Quando tem a oportunidade de atender o cliente, como você o vê?
- Como a oportunidade de pagar minhas contas.
- Como uma oportunidade de aperfeiçoar meus serviços.
- Como um cliente; afinal, cliente é cliente.
- Quando o cliente está falando, qual é a sua atitude?
- Presto atenção, se a conversa for interessante.
- Fico presente, deixando-o perceber que é importante.
- Confesso que presto atenção às vezes, dependendo do meu humor.
- Quando a empresa oferece cursos de capacitação, por qual motivo você participa?
- Porque gosto de conhecer pessoas e bater papo.
- Quero sempre aprender mais e me capacitar.
- Porque sou obrigado.
- Se precisa fazer uma troca ou um atendimento extra, você:
- Acha isso muito chato.
- Atende o cliente e se aproxima ainda mais dele.
- Apenas cumpre a obrigação de fazer o atendimento.
- Ao acordar todo dia, o que você sente?
- Um grande desânimo por ter de ir ao trabalho.
- Acredito que terei mais oportunidades no dia que se inicia.
- Sinto que vou tentar aumentar minhas vendas.
Resultado:
- Se o seu maior número de respostas foi C: Você é um PRATICANTE, perto de ESTAR e longe de SER.
- Se o seu maior número de respostas foi A: Você ESTÁ vendedor e deve repensar sua vida profissional.
- Se o seu maior número de respostas foi B: SER vendedor é a sua profissão.
Organização de conteúdo: Francine Brustolin