Vocês aceitam cartão?

Você aceita ou não?

“Ser ou não ser, eis a questão”! A frase foi dita por Hamlet, que segurava uma caveira. Se Shakespeare fosse nosso contemporâneo, o personagem seria um gerente ou um vendedor com a máquina de cartão de débito/crédito na mão questionando: “Ter ou não ter, eis a questão?”.

O drama começa no bolso, pois cada venda pelo cartão eletrônico pode ter uma taxa de 2% a 6%, dependendo de como é feita – no débito, no crédito ou parcelada. Tânia Mara, gerente financeira da Inovar Móveis para escritório, em Valparaiso (GO), conta que quando os clientes utilizam o crédito parcelado, pagam o percentual de 3,6% e a loja só recebe esse valor meses depois da data de venda. “Dependendo da data da fatura do cliente, a operadora recebe antes mesmo de repassar o crédito para os empresários”, queixa-se Tânia. Pode ser esse um dos motivos que levam a maior parte dos micro e pequenos empresários – cerca de 3 milhões, segundo dados do Sebrae – a não aderirem à venda pelo cartão.

Entretanto, hoje em dia é mais fácil encontrar uma carteira cheia de cartões do que de dinheiro, por isso, se a empresa não tem a opção de venda por cartão, pode estar perdendo clientes – e muitos! De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), em 2011 o País atingiu um total de 684,3 milhões de cartões em circulação, incluindo cartões de crédito, de débito e de crédito em lojas específicas.

Para o diretor técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, oferecer a opção da venda a débito e a crédito abre portas para atender à demanda descrita no parágrafo anterior. Ele destaca também a segurança nesse tipo de transação e a garantia de recebimento do valor pago pelo consumidor.

A dica do Sebrae para que os juros não afetem a lucratividade é pesquisar todas as linhas de crédito oferecidas no mercado, pois existe uma grande competição entre os agentes financeiros. Carlos Alberto salienta: “Negocie muito. Hoje, vender parcelado tornou-se uma forma de ganho, pois os juros ficam embutidos. Daí a vantagem da venda por meio do cartão eletrônico”.

O economista Dalton Viesti sugere outra saída: “Unir-se com outros empresários através de associações comerciais ou federação de indústrias e buscar uma negociação, seja para diferentes cobranças ou para diferentes produtos”.

Para Viesti, o consumidor deve ser prioridade. Se agora ele compra praticamente tudo com cartão, o certo é oferecer essa opção, pois, segundo o economista, a empresa pode perder logo de cara, em termos de imagem, se não vender com opção de crédito e de débito.

Números

  • O Brasil tem 5 milhões de micro e pequenos empresários e apenas 40% têm a opção de venda pelo cartão.
  • Existem 684,3 milhões de cartões em circulação, incluindo cartões de crédito, de débito e de crédito em lojas específicas.

Solução caseira

Apesar de ser uma prática ilegal, um dono de uma revenda de celulares de Mato Grosso (MT) encontrou uma saída muito comum entre comerciantes para não sofrer tanto com as taxas e os pedidos de desconto dos clientes.

Ele vende parcelado em até 6 vezes sem juros. Se vendesse com juros, a administradora de cartões cobraria dele 4,75%. “Assim, um valor que não viria para o caixa e que seria pago para a administradora eu dou ao cliente. Ele fica mais satisfeito com um desconto que pode chegar a até 15%”, explica o proprietário. Entenda a diferença entre parcelamento com e sem juros no quadro a seguir:

Formas de parcelamento

  • Parcelado estabelecimento (sem juros)
    Com o parcelado estabelecimento (sem juros), você facilita a forma de pagamento e o cliente pode comprar mais. O financiamento é feito por você, que recebe mensalmente o valor das parcelas conforme o número de prestações definidas na hora da venda e que podem ser de 2 a 12 vezes.
  • Parcelado emissor (com juros)
    Aqui, o financiamento é feito diretamente pelo emissor do cartão, que cobra uma taxa do seu cliente. Você recebe o pagamento de uma só vez, 30 dias após a venda, e o cliente, por sua vez, paga a fatura mensalmente, de acordo com a quantidade de parcelas acordadas.

A mesma coisa acontece quando a venda é no débito. Se for no cartão, a loja tem de pagar 3% do valor para a administradora e esse desconto é repassado ao cliente que paga em dinheiro. “Não é uma regra, e sim uma forma de vender mais, tendo mais armas para argumentar com o cliente”, justifica o comerciante. E você, concorda com ele?

Passo a passo – Como adquirir a máquina de cartão

A Redecard disponibilizou no site da empresa as seguintes informações para quem deseja oferecer a opção de venda pelo cartão:

  • Ao aceitar pagamentos à vista com cartões de crédito, você recebe em até 30 dias depois da data de venda, direto em sua conta corrente.
  • Se oferecer o parcelamento da venda no cartão, o cliente pode dividir o total das compras em até 12 vezes. A vantagem para os seus clientes é que eles ganham uma alternativa para parcelar as compras.

Quem pode usar?

Estabelecimentos comerciais ou autônomos que desejam oferecer aos seus clientes prazo de pagamento e/ou parcelamento das vendas.

Você precisará ter: uma maquininha de cartão (pagando uma taxa de aluguel por mês) e um terminal de automação comercial (PDV), no caso da Redecard, um celular móvel ou a solução de comércio eletrônico. Não há limite ou mínimo de renda preestabelecidos.

Nota: a VendaMais entrou em contato com as operadoras Redecard e Cielo, mas as empresas optaram por não participar da matéria.

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