Existem situações onde o profissional é muito bem remunerado, mas por mais paradoxal que possa parecer, quando ele olha para fora de seu ambiente de trabalho, logo bate um sentimento de frustração, infelicidade e desmotivação, pois faltam-lhe novas perspectivas, novos desafios e oportunidades de crescimento. Tudo bem, está certo que meu emprego atual não é lá uma Brastemp. Estou lá há 5 anos, meu salário não é lá essas coisas mas ganho o suficiente para me manter. Embora meu salário não seja o ideal, em meu emprego atual, eu tenho direito a convênio médico, cesta básica, licença prêmio e abono de faltas, mais vantajosos que os dos demais empregos em geral. Em meu dia-a-dia não há a pressão de chefes por resultados e o controle sobre minha freqüência ao trabalho é bastante flexÃvel. Sempre que há possibilidade de participar de atividade de treinamento meu emprego oferece boas condições para isto, com alguma freqüência, ainda que em muitas vezes meu interesse seja pequeno.
E tem mais! Se eu me aposentar lá, e com certeza irei, pois tenho estabilidade no emprego garantida por lei, gozarei de uma aposentadoria com salário integral, com muitos ou todos os outros benefÃcios oferecidos ao pessoal que está em atividade. Existem outras situações similares onde o profissional, algumas vezes, é também muito bem remunerado, mas por mais paradoxal que possa parecer, quando ele olha para fora de seu ambiente de trabalho, logo bate um sentimento de frustração, infelicidade e desmotivação, pois, apesar de todas as condições (higiênicas) que seu trabalho atual oferece, faltam-lhe novas perspectivas, novos desafios e oportunidades de crescimento – exatamente como ele vê no mercado, sentindo-se amarrado e sub-aproveitado em seu potencial.
Infelizmente, esses sentimentos só vão aparecendo depois de muitos anos de dedicação ao emprego ou trabalho atual, uma vez passada aquela fase de euforia, encantamento e deslumbramento que ocorre quando pensamos que estamos em um ótimo emprego ou empresa.
Pois é! É assim que você se sente? É assim o seu momento? Pois aà estão os ingredientes caracterÃsticos do que convencionamos chamar de emprego armadilha, muito comum em órgãos públicos e em empresas estatais ou de economia mista e, com mais ou menos intensidade, também aparece nas empresas privadas, para onde muitos profissionais dinâmicos, talentosos e competentes são atraÃdos e aprisionados. É muito importante esclarecer que muitas pessoas (e para efeito de nosso raciocÃnio não importa a quantidade) que trabalham nestes tipos de empresas não se consideram – e nem de fato estão – em um emprego armadilha, pois se sentem perfeitamente identificadas com elas, exercendo suas atividades com prazer e orgulho, se realizando pessoal e profissionalmente.
Estamos falando de pessoas – e são muitas – que, embora tenham talento e competência para desempenhar outras atividades em outros locais e com isto conseguir ganhos e realizações, profissionais e pessoais, mais adequadas ou compatÃveis com suas reais qualificações, potencialidades e necessidades e que estão insatisfeitas com sua atual condição profissional, não conseguem tomar a decisão de mudança do emprego, em razão de terem que abrir mão de certos benefÃcios, certas perspectivas e certas garantias e ganhos que o emprego atual oferece.
Para essas pessoas, os caminhos ou alternativas são os seguintes: Se você já está nesta condição há muito tempo e próximo da aposentadoria, digamos menos de 10 anos, o melhor conselho é procurar encarar os fatos e levar o projeto até o fim, ainda que com algum desconforto. Afinal você já investiu um grande tempo de sua vida profissional nele.
Em toda mudança há o risco do sucesso e do insucesso. O risco que você correrá e os benefÃcios que você ainda poderá obter podem não ser compatÃveis entre si. Avalie muito bem os riscos e os benefÃcios que a mudança oferece.
Agora, se você está em inÃcio de carreira ou muito longe da aposentadoria e está neste tipo de emprego, não por vocação ou por prazer, mas sim por certos benefÃcios, certas regalias, certas vantagens e certas expectativas para o futuro, o melhor conselho é procurar fugir deste emprego armadilha.
Até quando a empresa atual vai poder continuar oferecendo as condições que tanto lhe atraem hoje? Como anda o risco de isto tudo acabar ou se alterar, de forma drástica e repentina? Como anda a competitividade dela no mercado? Quais são as tendências para o setor que ela atua?
Leve tudo isto em consideração para uma tomada de posicionamento correto. Procure outras alternativas, entrando na disputa no mercado e correndo os riscos inerentes, na expectativa de tornar sua condição profissional mais adequada ou compatÃvel com suas qualificações, experiências e talento.
Cada caso é um caso, mas pense no seguinte: nesta nossa vida, de curta passagem, ainda é pior se arrepender do que não se fez do que se arrepender do que se fez.