A democratizaĆ§Ć£o do mercado

Embalagem promove a democratizaĆ§Ć£o de tecnologias e a ascensĆ£o de marcas menores Em meio a todas as conquistas da indĆŗstria de embalagem – viabilizaĆ§Ć£o do consumo de alguns produtos em regiƵes remotas, possibilidade de diversificaĆ§Ć£o de produtos dentro de uma mesma categoria, inovaƧƵes que trazem maior proteĆ§Ć£o ou praticidade no uso dos produtos, entre outras – a democratizaĆ§Ć£o do acesso Ć  produĆ§Ć£o de itens mais competitivos, por parte das pequenas e mĆ©dias indĆŗstrias, foi uma das mais significativas dos Ćŗltimos anos.

Um importante exemplo deste processo no Brasil aconteceu em 1989 com a introduĆ§Ć£o da garrafa PET para refrigerantes pela Coca-Cola. A queda do preƧo da resina e a disseminaĆ§Ć£o das tecnologias de injeĆ§Ć£o e sopro da prĆ©-fĆ“rma facilitaram a entrada dos chamados “tubaineiros” em um segmento, atĆ© entĆ£o, reservado Ć s grandes empresas.

Hoje os engarrafadores independentes tĆŖm mais de 35% do mercado e continuam em franca expansĆ£o. Em hipĆ³tese alguma esta democratizaĆ§Ć£o da embalagem e o conseqĆ¼ente ganho de mercado das marcas menores devem ser entendidos como canibalizaĆ§Ć£o do mercado. Ao contrĆ”rio, se considerarmos que a embalagem Ć© a expressĆ£o do atributo do produto, concluĆ­mos que uma boa embalagem incentiva a indĆŗstria a melhorar as caracterĆ­sticas e propriedades de seu produto. Se a indĆŗstria nĆ£o promover esta melhora intrĆ­nseca em seus processos de fabricaĆ§Ć£o, ingredientes, etc, nem a melhor embalagem do mundo garantirĆ” a fidelidade do cliente Ć  marca; a compra serĆ” Ćŗnica, pois o consumidor nĆ£o enxergarĆ” benefĆ­cio real na recompra do produto.

Assim, pequenos fabricantes de todo paĆ­s que, antes nĆ£o, podiam competir no mercado por falta de capital para investir em vasilhame retornĆ”vel, puderam entrar no mercado e melhorar seus produtos.

Na outra ponta, a indĆŗstria de primeira linha tambĆ©m se beneficia desta democratizaĆ§Ć£o da embalagem. Ela significa maior agilidade no lanƧamento de novos e na renovaĆ§Ć£o de itens existentes. Dentro da dinĆ¢mica do capitalismo, sair Ć  frente com lanƧamentos Ć© condiĆ§Ć£o indiscutĆ­vel para sobreviver competitivamente. E o Brasil, felizmente, tem alguns exemplos de produtos que fizeram ou fazem histĆ³ria. A cerveja Skol, por exemplo, foi a primeira a utilizar uma lata metĆ”lica como embalagem; ela tambĆ©m foi a primeira a substituir a lata de aƧo pela de alumĆ­nio e hoje Ć© lĆ­der entre as cervejas nacionais.

O CafƩ do Ponto Ʃ outro que estƔ na vanguarda das novidades: se existe um desenvolvimento no mercado de embalagens, adequado Ơ sua categoria de produto, certamente ele serƔ o primeiro a candidatar-se ao uso, pois tem sido assim hƔ mais de dez anos.

Assim como o laticĆ­nio Mococa, que foi o primeiro a lanƧar leite condensado em embalagem assĆ©ptica cartonada, outras empresas nacionais fizeram do diferencial de embalagem uma alavanca para seus negĆ³cios.

Estes sĆ£o exemplos claros de embalagens que agregam valor ao produto, ou seja, que fazem com que o produto pareƧa valer muito mais do que ele custa. No primeiro livro que escrevi – Design de Embalagem, Curso BĆ”sico – digo claramente que “um produto com design requintado e cheio de filigranas nĆ£o parece apenas valer, mas de fato ele vale mais, pois o design Ć© um valor genuĆ­no que se incorpora ao produto e que nĆ£o Ć© percebido apenas como um acessĆ³rio adicional agradĆ”vel”. A pesquisa recente realizada pelo ComitĆŖ de Estudos EstratĆ©gicos da ABRE – AssociaĆ§Ć£o Brasileira de Embalagem confirma esta tese, pois nela o consumidor afirma claramente que para ele a embalagem e seu conteĆŗdo consistem uma Ćŗnica entidade de valor.

Mas os desafios da indĆŗstria de embalagem nĆ£o se limitam Ć  valorizaĆ§Ć£o das marcas e dos produtos. Hoje, o grande tema que estĆ” sendo discutido pelo setor em todo o mundo Ć© a contribuiĆ§Ć£o da embalagem na reduĆ§Ć£o das perdas de alimentos. Em paĆ­ses em desenvolvimento, como o Brasil, as perdas no setor de hortifrutĆ­colas podem atingir cerca de 30% de toda a produĆ§Ć£o.

Esta sem dĆŗvida serĆ” uma das principais bandeiras da ABRE nos prĆ³ximos anos. Em parceria com as indĆŗstrias de alimentos e de embalagem, com produtores e outras entidades correlatadas, ligadas direta e indiretamente ao setor, esperamos criar uma polĆ­tica de desenvolvimento de boas embalagens e de conscientizaĆ§Ć£o da importĆ¢ncia de sua utilizaĆ§Ć£o racional por empresas de todos os segmentos e de todos os tamanhos.

NĆ³s sabemos que uma indĆŗstria que movimentou em 2003 mais de 23 bilhƵes de reais, gerando mais de 160 mil empregos e contribuiu decisivamente para que o produto brasileiro de exportaĆ§Ć£o chegasse ao seu destino em perfeito estado e se apresentasse de forma competitiva nos mercados para onde foram enviados, tem muito a contribuir com o desenvolvimento do nosso paĆ­s, mas acreditamos que nossa maior contribuiĆ§Ć£o Ć© promover a democratizaĆ§Ć£o da produĆ§Ć£o, permitindo que as pequenas e mĆ©dias empresas possam oferecer a seus produtos embalagens competitivas que as ajudem a progredir no mercado.

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