A mala direta, o spam e a motoserra

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No final do ano passado, uma juíza proferiu uma sentença que merece reflexão. No final do ano passado, uma juíza proferiu uma sentença que merece reflexão.
Em um processo de spam de um advogado contra duas empresas de Internet, a referida juíza, leiga, compara o envio de mensagens de correio eletrônico ao envio de mala direta. Ela diz que simplesmente se está utilizando novas tecnologias, mais eficientes, para fazer marketing pela Internet, algo que já se fazia por outros meios.

Convido o leitor para analisar esse tema comigo. O envio de mala-direta em nosso país, ainda que volumoso, é uma fração do que se encontra em países como os Estados Unidos e muitos países europeus.

Como a resposta a esse tipo de iniciativa de marketing é cada vez menor, as empresas as enviam em um número cada vez maior, praticando o spray and pray, ou seja, joga-se uma enormidade de mensagens contra os clientes e reza-se para que alguém se importe e compre o que estamos oferecendo.

O que impõe um limite ao volume de mensagens enviadas é justamente seu custo de produção e envio. Quem paga é quem envia, por isso a empresa encontra seu próprio limite.

De repente, há uma nova tecnologia disponível, o Fax. Os departamentos de marketing descobrem então uma forma extremamente “criativa” e barata: enviar catálogos, folhetos, listas de preços, ofertas, e de fato tudo o que lhes vem à cabeça, por Fax. Ao custo de uma ligação telefônica local, para quem manda, podem-se enviar mensagens que, na prática, acabam sendo pagas por quem recebe. Fascinante. Não para o cliente, que tem de adquirir o costume de desligar o Fax para não ter de pagar por rolos e rolos de papel caro, agora cheios de lixo.

Chega o correio eletrônico. O sonho dos departamentos de marketing converte-se em realidade. Agora é possível enviar milhões de mensagens a um custo ínfimo, quase nulo. Não há mais limite para a quantidade de clientes potenciais que podem ser “atingidos”. Os endereços de correio são roubados de fóruns de discussão, Web sites, ou são vendidos sem nenhuma regra ou escrúpulo. Milhões de pessoas, todos os dias, têm suas caixas postais cheias de mensagens inúteis. É a era do lixo virtual, lixo digital, que felizmente não polui o meio-ambiente, mas rouba nosso tempo, atenção e é claro, de uma forma ou de outra, dinheiro. Provar dano nesse caso não é fácil. Não é como se alguém estivesse jogando lixo de verdade porta adentro de nossa casa. Valeria a pena perguntar à juíza quantas mensagens de correio eletrônico ela recebe por dia ou quanto de seu trabalho depende de mensagens de correio eletrônico.

Acho que cabe uma analogia, só pra pensar.

No início dos tempos, o Homem cultivava, ano após ano, a terra desmatada com suas próprias mãos. Com o passar do tempo, o pedaço de terra se exauria, não havia mais nutrientes. Hora de desmatar a terra ao lado e recomeçar o processo. Isso era feito sucessivamente, até voltar-se à porção de terra original, agora já recuperada e pronta para ser reutilizada. Surge o machado. Uma nova ferramenta, uma nova tecnologia que permite uma maior eficiência do desmatamento. Mais espaço pode ser cultivado. Menos tempo para a terra se recuperar. Mais espaço deve ser desmatado.

Século XX. A era da tecnologia, da produtividade, da Internet e da motoserra. Um único trabalhador pode desmatar em um único dia uma área que antes levaria semanas ou meses de trabalho. É o mesmo que se fazia antes, mas agora com “a utilização de meios modernos e eficazes dos dias atuais”, como proferiu a juíza. Não há mais limites.

Salve-se quem puder!

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