Análise avançada substitui intuição

O feeling pode e deve ser considerado, mas somente depois de se ter estudado as informações depuradas e após serem analisadas pelos avançados sistemas disponíveis. No Brasil, muitos empresários ainda apostam unicamente no feeling, desenvolvido ao longo de muitos anos de experiência, para direcionar seus negócios. Não temos dúvida de que esta é uma importante ferramenta que pode realmente fazer diferença em alguns casos. A intuição é sem dúvida uma faculdade inerente ao ser humano e, segundo o entendimento generalizado, mais desenvolvida na mulher. Talvez essa seja uma das causas, aliada a outras mais tangíveis, da crescente ascensão e sucesso das mulheres nos altos escalões gerenciais.

Ao que parece, a questão do feeling é mais cultural do que qualquer outra coisa. Mas, como se sabe, à medida que o empreendimento cresce, fica evidente a dificuldade de conhecer e controlar todas as variáveis que o envolvem. O primeiro sintoma disso é que não se conhece mais, além de outros componentes, cada cliente e, por conseguinte, suas reais e importantes necessidades. Desse modo, o risco de confiar apenas na percepção, sem basear-se em informações consistentes, é muito grande. Ainda mais com o acirramento e o aumento de nível em todas as faces que a concorrência imprime, novos padrões e ritmos têm de ser seguidos, sob pena de sucumbir.

Em tempos de otimização, produtividade, maximização dos lucros e concorrência acirrada, é preciso repensar o processo de tomada de decisão que, quando não envolve a própria sobrevivência da empresa, encara a difícil e tênue linha que separa o lucro do prejuízo. Nem mesmo em pequenos negócios, aqueles quase caseiros, o gestor consegue manter uma visão global a ponto de poder confiar somente no seu feeling para decidir. E, em parte impulsionado pelo incremento tecnológico, maior inclusão digital, transações on-line, constata-se hoje um tremendo aumento no volume de dados, que interessam para a empresa.

Na verdade, esse salto na proporcionalidade dos assuntos pertinentes ao negócio gerou uma gigantesca massa de dados, às vezes amorfa e sem sentido, que faz passarem despercebidas informações, ameaças e oportunidades. Está nítido que algumas corporações estão literalmente à deriva, sustentadas por sua grande e pesada estrutura, sendo direcionadas unicamente pela percepção de seu capitão. Entretanto, é necessário passar a guiar as decisões corporativas por uma bússola eficiente, que seja capaz de apontar o caminho mais curto e menos dispendioso para se chegar à terra firme. O problema não é mais a falta de informação. Ao contrário, é a abundância dela, que torna, em muitos casos, impossível encontrá-la e, principalmente, relacioná-la.

De fato, pouca gente ganhou dinheiro somente com feeling. O que se percebe é que ainda falta aos empresários brasileiros, em sua maioria, absorver uma cultura analítica para a tomada de decisão. Em meio a essa massa de dados incompreensível, é premente a necessidade de extrair informações relevantes para o negócio. Elas estão lá, escondidas sob inúmeros padrões indecifráveis a olho nu. Representam tendências, preferências, curvas de vendas para cima ou para baixo, em determinadas regiões ou até, quem sabe, horários. Reverter essa massa de informações em vantagem competitiva é o grande desafio das corporações atualmente.

Em tempos de facilidade de acesso a informações, a análise avançada de dados é uma aliada cada vez mais importante. Na área industrial, por exemplo, existem sistemas capazes de prever problemas, evitando desvios na qualidade e até paradas na produção, que é, com certeza, uma das maiores causas de prejuízo. Nessa área, os processos, sejam indústria contínua ou não, são importantíssimos e a avaliação criteriosa dos padrões de produção, dos desgastes dos equipamentos e de peças significa, muitas vezes, a diferença entre lucro e prejuízo.

Ora, é evidente que não se consegue controlar o que não se consegue medir. Por isso, soluções de mineração de dados, análise e estatística avançada vêm sendo procuradas como um dos principais elementos de qualificação para manter-se competitivo no jogo em face das constantes mudanças de características e nuances muitas vezes subjetivas do mercado como um todo, além da necessidade de praticar preços competitivos. As empresas precisam descobrir as condições e diferenciais reais, escondidos em inter-relações de dados, dentro do enorme conteúdo armazenado.

Já existem tecnologias acessíveis para solucionar essa necessidade, inclusive com recursos muito avançados, não somente nas áreas de marketing, finanças e pesquisas onde comumente os encontramos, mas também aplicados aos complexos processos de produção das indústrias em geral. Sistemas analíticos que, por exemplo, permitem prever falhas e realizar ajustes muito antes que ocorram de fato. Outra novidade promissora são os sistemas de controles de processos que já têm encapsuladas em si análises avançadas envolvendo inteligência artificial, análise histórica e multivariada de dados provenientes da produção. Trata-se de uma revolução na análise estatística, inimaginável há alguns anos. Cabe ao gestor, seja da área industrial ou de qualquer outra, avaliar as vantagens efetivas de se utilizar a tecnologia ou de se arriscar tomando decisões baseadas apenas no seu feeling.

De forma alguma é nossa intenção desprezar a intuição, a percepção, o ?faro? ou qualquer nome que queiram dar. A maior parte dos grandes empreendimentos e fortunas do passado foram construídos baseados unicamente neles e no senso de oportunidade, mas foram outros tempos. Entretanto, o dilema nesse quesito paira sobre quais são as bases em que se tomam decisões. Uma única informação pode mudar todo o panorama. E todos sabem que são incontáveis os fatores que interferem numa corporação. O ambiente mercadológico externo (concorrência, oscilações na cotação de matérias-primas, alta ou baixa do dólar) pode exigir mudanças urgentes e radicais de estratégias. Por outro lado, os fatores internos garantem ou não a competitividade, a perspectiva de aumento na produção, a capacidade.

Todos esses dados, na maior parte das vezes, são armazenados, extraídos de sistemas corporativos como ERPs, CRMs e outros. A informação está ao alcance do gestor. É preciso não apenas depurá-la, separá-la, correlacioná-la para descobrir os caminhos mais acertados, mas principalmente utilizar-se dela suportado pela certeza de que a mesma é realmente relevante para a tomada de decisão.

Para alívio dos empresários e executivos, a sofisticação dos sistemas analíticos tem avançado de tal forma a prover recursos de extração e disponibilização da informação. Essas soluções fazem monitoramento em tempo real, integram-se com qualquer banco de dados, inclusive externos, estão disponíveis em plataforma web e, ainda, são tão amigáveis a ponto de não exigir do usuário um alto grau de formação e domínio da ciência estatística para operá-las (no caso das mais avançadas, é claro).

Assim, podemos concluir, sem medo de errar, que é indispensável que o setor corporativo não somente mude sua cultura atual, mas principalmente adquira uma nova cultura para uma melhor utilização dos modernos recursos analíticos disponíveis hoje. O feeling pode e deve ser considerado, mas somente depois de se ter estudado as informações depuradas e após serem analisadas pelos avançados sistemas disponíveis, que são cientificamente validadas pelos expoentes mais elevados da comunidade acadêmica mundial. Aí sim, o indispensável feeling ganha consistência.

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