Aprendizagem e mudança nas organizações

Seja pelo esforço organizacional ou pelo desejo pessoal de cada colaborador, a aprendizagem e a mudança andam juntas, criando estradas para se chegar a novos destinos. Mudança e aprendizagem andam de mãos dadas. Quando se avança a uma nova situação e dela se extrai uma determinada compreensão, muda-se de um estado para outro, deixando para trás, portanto, a velha forma de saber. Aprende-se para mudar e muda-se com o que se aprendeu. É através dessa parceria que se obtém algum tipo de transformação: parcial ou total, planejada ou imprevista, conceitual ou prática.

Na vida organizacional, mudanças parciais ou totais podem ocorrer em virtude de como se planeja, compreende e se desenrola o processo de desenvolvimento pessoal, levando-se em conta a cultura educacional presente, além dos recursos disponíveis, tais como o conhecimento, a estratégia pedagógica e o modelo de liderança que acompanha freqüentemente cada seguidor, conhecendo as suas singularidades, inclusive o que o motiva para a aprendizagem.

Sob outro panorama, a aprendizagem que se processa de maneira planejada encontra amparo no método e, conseqüentemente, tende a minimizar os erros e ampliar a margem de acertos. É entendido, por experiência, que o improviso, contrariamente à preparação, conduz ao equívoco. Porém, é nesse momento que nasce a possibilidade de ser criativo e a ousadia intuitiva pode surpreender favoravelmente. A união entre o método e a criatividade, então, podem revelar o sucesso nos momentos de mudança.

A mudança conceitual pode ser compreendida como um conhecimento registrado que aguarda o seu uso ou algo que não tenha impactado significativamente na pessoa. A aprendizagem pode, contudo, ser praticada por força da pressão que se recebe de uma dada circunstância, através de uma imposição, por exemplo. Em contrapartida, o ponto alto do processo de transformação é quando a motivação permeia a consciência do que se aprendeu e a ação voluntária, decorrentemente, busca uma forma de realização ideal, visando o aperfeiçoamento através de novas aprendizagens.

Embora o ser humano seja a prova viva de que a mudança lhe é familiar, por meio das suas modificações físicas, psíquicas e sociais, encontra dificuldade quando se depara com novos projetos na vida pessoa e profissional, ocasionando a si próprio algum tipo de desgaste emocional. Tal fato deve-se, via de regra, às crenças que a pessoa constrói acerca de si mesma ao longo da vida. Ou seja, a compreensão que tem sobre o seu atual estado e a perspectiva de qualquer mudança, causando-lhe certa resistência.

Outro aspecto importante a ser considerado é a acomodação, cuja base assenta-se sobre a economia de energia que a rotina oferece, em contraposição ao desgaste sofrido em qualquer novo empreendimento de mudança e aprendizagem. Somam-se outros fatores a essa análise: os medos humanos, sejam eles o de errar, do desconhecido, das situações estressantes. Eles impedem, em variados graus, a abertura, a aprendizagem e a mudança. A expectativa gerada pelo medo pode criar uma imagem superestimada da realidade a ser alcançada, levando a falsa crença de que mudar e aprender são situações distantes e de dificuldades demasiadas. E às vezes são mesmo.

As organizações que entendem claramente o seu papel no processo de educação dos colaboradores atendem aos apelos do mercado, que demanda adaptações constantes. Peter Senge aponta que ?organizações de aprendizagem formam pessoas que desenvolvem a sua maestria pessoal em conjunto com a realidade e que aprendem a expor e reestruturar modelos mentais, de maneira colaborativa?.

A atitude de gerar a cultura da aprendizagem e da mudança na vida organizacional centra-se no esforço de discutir, planejar e atuar na direção das adaptações de sobrevivência e crescimento. Nas palavras de Donald Schon, ?preocupações das organizações com as respostas que devem dar quando se deparam com as mudanças são importantes. Mas ainda é mais relevante criar situações de aprendizagem, gerando nas pessoas e grupos sistemas eficientes de conduzir as suas próprias mudanças?.

Vale lembrar que os colaboradores, ao serem estimulados por suas lideranças, podem empreender colaborativamente nesse tipo de projeto. Aprendizagem e mudança andam juntas e criam novas estradas para se caminhar a novos destinos. Seja pelo esforço organizacional, seja pelo desejo pessoal de cada colaborador. Ambos os lados devem refletir a respeito e se questionar acerca do que obstrui o exercício diário de se aprender e mudar mais. E, conjuntamente, habituar-se à prática da educação transformadora.

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