As lições de liderança da “menina do Vale”

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“Liderança tem menos a ver com autoridade e mais a ver com autonomia e influência.” A frase, dita por Bel Pesce, revela a visão da jovem líder sobre o que é liderar. Conheça a história da “menina do Vale” e saiba como ser um líder empreendedor e que busca a evolução constante – de si mesmo e de sua equipe

Com menos de 30 anos, Bel Pesce já coleciona grandes feitos: escreveu três livros, foi considerada uma das 100 pessoas mais influentes dos Brasil pela Revista Época, é uma dos 30 jovens mais promissores do Brasil, segundo a Revista Forbes, entrou na lista dos 10 líderes brasileiros mais admirados pelos jovens, desenvolvida pelas consultorias Cia de Talentos e Nextview People, e foi a primeira brasileira a ganhar o prêmio Cartier Women’s Initiative Awards, que avalia projetos de mulheres empreendedoras de todo o mundo.

Sem conhecer bem sua história de vida, você pode pensar que esse é um daqueles casos de pessoas que já nasceram destinadas ao sucesso, que só precisam existir para conquistá-lo. Mas não é bem assim. Claro que sorte e boas oportunidades a ajudaram muito a conquistar tudo o que já conquistou, mas se não fossem sua determinação, sua coragem e sua atitude, pode ser que as coisas fossem bem diferentes…

Nas próximas páginas, você entenderá como uma jovem de apenas 27 anos já tem tantas conquistas na bagagem, conhecerá sua inspiradora visão sobre liderança e empreendedorismo e, claro, saberá quais são as dicas que ela dá para quem quer ser um líder que inspira as pessoas a sua volta a buscar evoluir sempre.

A trajetória da “menina do Vale”

Aos 17 anos, depois de passar por um disputadíssimo processo seletivo, Bel Pesce conseguiu uma vaga para estudar no renomado Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Lá, ela estudou Engenharia Elétrica, Ciências da Computação, Administração, Economia e Matemática. Em paralelo, teve experiências profissionais em gigantes como Microsoft e Google. Um início de carreira e tanto.

bel pesce 2Depois de terminar os estudos, obstinada a realizar seus sonhos, Bel decidiu se mudar para o Vale do Silício – região da Califórnia onde ficam as maiores empresas de tecnologia do mundo. Lá, fundou algumas startups e aprendeu muito sobre gestão, liderança e inovação. Nem tudo saiu como ela imaginava, mas tudo foi aprendizado.

Com base nessa trajetória, em 2012 Bel escreveu seu primeiro livro. A menina do Vale, que foi lançado inicialmente como e-book gratuito e no qual a jovem compartilha seus aprendizados e dá dicas para quem quer tirar suas ideias do papel, alcançou a marca de 1 milhão de downloads em apenas três meses, o que rendeu à garota uma série de convites para palestras, programas de televisão e rádio, reportagens de jornais e revistas e assim por diante.

Com o sucesso de sua primeira obra e de suas ideias, Bel decidiu voltar para o Brasil e unir duas de suas paixões – empreendedorismo e educação – para ajudar seu país. Tinha início a FazINOVA – uma escola que tem o objetivo de desenvolver as habilidades das pessoas, descobrindo e formando talentos e ajudando a realizar sonhos.

Hoje, a FazINOVA tem dois auditórios e um escritório de coworking que reúne cerca de 50 profissionais. Os cursos on-line (e gratuitos!) já foram feitos por mais de 30 mil alunos. E a previsão é de que o crescimento continue acelerado neste e nos próximos anos.

E é esse pequeno-grande negócio que Bel Pesce lidera, gerencia e faz acontecer. Que ela é uma empreendedora, essa história deixa claro. Mas será que isso faz dela uma superlíder?

Liderança e empreendedorismo

“Liderança e empreendedorismo são conceitos intimamente ligados”, defende Bel. “Empreendedorismo tem muito a ver com protagonismo, com conseguir encontrar caminhos para tirar do papel um projeto que você quer ver no mundo, que você acha que pode trazer benefícios, vantagens e suprir necessidades de pessoas. E é muito difícil fazer isso sozinho”, explica ela, revelando por que ambos os conceitos estão tão conectados.

Ainda nessa linha de pensamento, ela frisa que a necessidade de trabalhar em conjunto para transformar uma ideia em realidade aproxima ainda mais os dois pilares. “Liderar é conseguir tirar o melhor não só de você, mas também uma equipe. É conseguir mostrar uma visão que é pertinente a todos. Então, quando eu penso no que o líder tem que fazer para conseguir que qualquer tipo de projeto siga adiante, entendo que ter um espírito empreendedor ajuda muito”, analisa.

E não é difícil fazer a relação com isso no dia a dia do líder de vendas. Ele pode não estar necessariamente abrindo uma nova empresa, mas precisa implantar novas ideias, transformar metas em realidade e motivar a equipe a crescer junto com a organização. Ou seja, assim como um empreendedor precisa de determinação para colocar sua ideia em prática, o líder também precisa ter um espírito realizador para que seus objetivos sejam alcançados. Ambos têm o intuito de ajudar pessoas por meio de seus projetos.

As características de um líder empreendedor

Com o título de líder conquistado com louvor, a jovem ressalta que a bagagem de conhecimento necessária para evoluir a superlíder varia de acordo com a área em que o profissional atua. Mas é fundamental, segundo ela, que o líder seja especialista em seu ramo específico. Isso porque ele precisa entender o que a equipe está fazendo, precisa conhecer os processos para poder avaliá-los e, além disso, o time vai respeitá-lo mais a partir do momento que perceber que ele é o melhor no que faz. “Quando eu liderei, por exemplo, uma equipe de engenheiros de software, eu tinha que programar melhor que todos os programadores. Isso porque ninguém iria me ‘dar moral’ e eu não iria conseguir impor respeito se não fosse dessa maneira”, conta.

Já em relação às habilidades e às atitudes necessárias para ser um gestor acima da média, Bel acredita que é imprescindível que o líder tenha:

  • Humildade – Para entender que ninguém faz nada sozinho, que dá para crescer junto e que tudo é um trabalho em equipe.

  • Determinação – Não dá tempo de ter medo de ir em frente. Tem que chegar e falar: “Agora vamos lá e vamos fazer!”

  • Perseverança – Não deu certo da primeira vez? OK, vamos achar outro caminho, mas não vamos desistir.

  • Iniciativa – Mesmo que você não saiba como chegar até seu objetivo, é importante ter iniciativa para ir buscar as respostas, não ficar esperando tudo cair do céu.

  • Reconhecimento – Saber reconhecer quando se está errado e também valorizar o trabalho do outro.

Tudo isso nossa superlíder busca praticar e evoluir dia após dia. Porém, como ela mesma destaca, por mais bem intencionado e dedicado que um líder seja, ainda assim ele está sujeito a cometer erros. “Eu já errei e ainda erro muito, porque liderança é uma surpresa a cada dia. Equipes e pessoas diferentes demandam habilidades diferentes, e o próprio mundo, quando se move, demanda competências diferentes”, avalia.

Os erros fatais de liderança

Você também já cometeu erros liderando uma equipe? Tudo bem. Isso é normal. Afinal, é errando que se aprende e, como diria Franklin Delano Roosevelt, “o único homem que não erra é aquele que nunca faz nada”. No entanto, há algumas falhas que podem ser fatais – mas que, ao mesmo tempo, podem, devem e são evitadas por grandes líderes. Bel Pesce destaca:

1. Não ter uma equipe alinhada com seus valores.

Para Bel, um dos principais erros que os líderes cometem é ter uma equipe que não é alinhada com aquilo em que eles acreditam ou com a sua cultura, sua forma de trabalhar. “Você pode ter pessoas maravilhosas na sua equipe e pode, você mesmo, também ser uma pessoa maravilhosa, mas se a cultura é diferente, o projeto não vai sair do lugar. Não se engane achando que tudo se encaixa com o tempo. Se as pessoas têm valores diferentes, mesmo que seja todo mundo muito bom no que faz, não vai dar certo”, assegura.

2. Não dar a devida atenção ao recrutamento.

Para a superlíder, o atropelamento de valores tem origem em outra grande falha dos líderes: não dar a devida atenção ao recrutamento. Ela frisa que muitas empresas querem crescer rápido e acabam recrutando de qualquer jeito. “Um dos fatores para que um projeto não vá para frente é, sim, os valores diferentes entre os integrantes do time. Mas, em alguns casos, são pessoas que simplesmente não eram certas para aquela equipe”, pontua.

3. Não reconhecer as diferentes necessidades da equipe.

Outro erro na liderança, que também está relacionado à falta de alinhamento de valores, é a questão do nível de reconhecimento que os membros de uma equipe demandam. “Diferentes pessoas precisam, primeiro, de diferentes quantidades de informações para poder realizar seu trabalho e, segundo, esperam diferentes reconhecimentos”, explica. Bel conta que seu jeito de trabalhar é dar muita liberdade para sua equipe, e um dos erros que ela já cometeu foi o de não entender que alguns profissionais precisam de um acompanhamento mais de perto e de informações constantes. “Tudo isso está ligado ao alinhamento de expectativa e cultura. Como consegui contornar? Primeiro, observando as pessoas. Segundo, me observando. Terceiro, alinhando”, detalha.

O caminho do superlíder

Para ser considerado um verdadeiro líder, o profissional precisa, antes de tudo, ser muito bom no que faz. E para chegar à excelência, a autoavaliação constante é muito importante. Bel destaca que conhecer seus pontos fortes e fracos e saber o que precisa trabalhar para ser cada vez melhor é fundamental para ser um gestor realmente inspirador para sua equipe. “Tenha atenção a cada ação e reação sua. Isso diz muito sobre você e sobre aquilo em que você pode evoluir”, indica. Ela salienta que isso faz parte de seu próprio processo individual de desenvolvimento como líder. “Para mim, viver é um grande aprendizado. É importante ter atenção aos detalhes para ter noção de qual é o impacto que você está causando – positivo ou negativo. Estar presente no momento, ver como você mesmo reage, como você mesmo pensa, como as pessoas veem o que você faz dentro da equipe e como os clientes enxergam isso deve ser a base do desenvolvimento”, relata.

Nesse sentido, ela fala que, apesar de a liderança estar relacionada a guiar uma equipe, a sua maior inspiração é alguém que sabia como ninguém ser líder de si mesmo: Ayrton Senna. “Sendo líder de si mesmo, ele conseguia motivar todos à sua volta. Era um cara que sempre achava que poderia ser melhor, sempre se levava a sério, dava valor a cada conquista. Eu acho que essa é uma baita inspiração”, declara.

Mas é claro que não dá para olhar só para si mesmo, sem parar e observar o time que está junto com você. A fundadora da FazINOVA avalia que saber ouvir é um desafio e, ao mesmo tempo, uma excelente oportunidade que o líder tem de evoluir. “Às vezes, você tem algo desenhado na sua cabeça e vem alguém dar uma opinião que não tem nada a ver com o que você quer. Tudo bem. Escute. Mostre que você considerou aquela opinião, mas explique por que aquela ideia não se encaixa naquele projeto. Ou, às vezes, escute, veja que fantástica é aquela ideia e mude, se precisar mudar”, aconselha.

Ela comenta, ainda, que é observando as reações das pessoas que ela forma novos líderes dentro da equipe. “Aos poucos, vou liberando novos desafios e responsabilidades e avaliando como os profissionais reagem e aproveitam essas oportunidades. Assim, consigo perceber quem tem potencial para comandar uma equipe”, revela.

Liderança = sucesso coletivo

Muita gente pensa em liderança como algo individual e isolado – o líder acima de todos. Se você é um gestor, sabe que, na prática, o que funciona mesmo é o trabalho em conjunto com sua equipe. Afinal, ninguém é líder sem um time para liderar, certo? Bel destaca que as pessoas têm a tendência de vincular a liderança com o cargo que o profissional ocupa, mas que, na verdade, ser líder vai além do cargo.

“Tem muito a ver com entender que o sucesso acontece em conjunto. Não tem isso de mais importante ou menos importante, de líder ou não líder. Sucesso é coletivo. Ou está todo mundo junto fazendo ou não está. Não adianta o líder ter ideias maravilhosas e não conseguir executar ou não conseguir crescer. Acho que o grande aprendizado que tive até hoje foi este: não dá para fazer sozinho”, reflete.

Em um dos episódios do “Caderninho da Bel”, programa da CBN no qual ela responde as dúvidas dos ouvintes, Bel explica que, quando alguém vincula a qualidade de líder a um cargo, as chances de a liderança ser interpretada negativamente são grandes, pois ela acaba se confundindo com autoritarismo. Ela cita o exemplo da Disney, que nomeia as recepcionistas como “diretoras de primeiras impressões”. “É um estímulo que a empresa oferece aos funcionários para desenvolverem liderança, mesmo que seja com a simples iniciativa de nomear as diversas funções como diretoria. O nome ‘diretoria’ é só um título, o que vale mesmo são suas ações. E isso cria uma relação horizontal bem legal entre os setores”, destaca.

Ainda para ilustrar a importância de dar liberdade a seus colaboradores, Bel relembra a história de quando foi lançar seu segundo livro, que queria promover em todos os estados do Brasil. Todos diziam que não seria possível e até a editora disse que não conseguiria. Então, ela e apenas mais uma profissional de sua equipe decidiram organizar sozinhas todos os 27 eventos. Como a profissional se saiu? Bel responde: “Ela organizou com uma excelência incrível. Mas por quê? Porque eu dei liberdade, porque eu a ouvi, porque a gente fez junto, porque era o nosso tour, e não o meu tour.”

Novamente, ela reforça que, para que isso aconteça, é preciso ter alinhamento de valores para que os profissionais possam usar essa liberdade com responsabilidade. “Liderança não tem uma receita que alguém já tenha descoberto, mas tem muitos ingredientes. Entre eles, compromisso com a ética e os valores da empresa e condições favoráveis para que se possa exercer essa função com liberdade. Tem menos a ver com autoridade e mais a ver com autonomia e influência”, conclui.


Gostou da história da Bel? Se você quer conhecer mais sobre o trabalho dela, aí vão alguns links importantes para você se informar, aprender e se inspirar:

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