Por Francine Pereira
“A única constante é a mudança.”
Essa frase do filósofo Heráclito de Éfeso nunca fez tanto sentido. Não existe sequer um profissional, de qualquer setor que seja, que não precise atualizar-se constantemente para acompanhar as transformações do mercado.
Seguindo na linha filosófica, foi Heráclito também que disse que a vida é como um rio, onde a correnteza flui continuamente. Assim, não é possível entrar no mesmo rio duas vezes, ainda que você esteja no mesmo lugar.
Na sua carreira profissional, o mesmo também acontece: ainda que esteja ocupando a mesma posição e trabalhando na mesma área há vários anos, as águas ao seu redor certamente mudaram significativamente com o passar do tempo. E essas transformações continuarão acontecendo, e de forma cada vez mais rápida.
Para ajudar os profissionais a manterem-se relevantes nesse cenário de mudanças incessantes, um conceito vem ganhando força na área de educação corporativa: o lifelong learning – que nada mais é que a ideia de aprendizado constante, de formação contínua.

Esse foi o tema do painel do Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento (CBTD 2021, o maior evento de T&D da América Latina) que contou com a participação de Karen Jardzwski, diretora de Educação Corporativa da VendaMais, e de Sara Margaret Hughes, CEO e fundadora da Scaffold Education, plataforma de Gestão da Aprendizagem.
Confira os destaques do painel e entenda como desenvolver uma cultura de aprendizagem contínua para preparar seus profissionais para uma carreira de evolução e desenvolvimento constante.
A importância do mapeamento das expectativas
No início do debate, Karen destacou que, para promover uma cultura de lifelong learning, é preciso entender que treinamentos corporativos são processos contínuos, não eventos isolados. Nesse sentido, ela apontou a importância de mapear necessidades e expectativas dos colaboradores antes de desenvolver um treinamento. “Um dos grandes erros que as empresas cometem é não mapear as expectativas das pessoas em relação à capacitação. É preciso perguntar o que elas querem e o que elas esperam do programa de treinamento”, reforçou Karen. Para isso, é importante fazer perguntas como:
- O que você espera da capacitação?
- O que é importante para você em relação ao treinamento?
- O que você quer aprender?
- De que forma você prefere aprender?

Sara acrescentou que a tecnologia pode ajudar bastante no diagnóstico e nas avaliações. “Usando ferramentas digitais, é possível mapear as competências e os interesses dos participantes; entender onde cada pessoa está e quais são seus interesses e ajudá-la a compreender esse cenário e suas necessidades específicas”, explicou.
Como oferecer autonomia e gerar engajamento para o lifelong learning
Os dois elementos fundamentais da capacitação contínua são:
- Autonomia – para o profissional alinhar seu desenvolvimento de acordo com o que faz mais sentido para ele no longo prazo.
- Engajamento – para que o colaborador esteja comprometido em aprender constantemente e aplicar o conhecimento na prática.
Segundo Karen, o segredo para gerar esses dois elementos fundamentais está, novamente, no pré-evento. “A autonomia começa antes do treinamento. Quando mapeamos as expectativas, perguntando para as pessoas o que elas esperam, damos autonomia para que elas deem voz às suas visões. Depois, no treinamento em si, vamos trabalhar temas alinhados ao que elas apontaram. Ou seja, desde o início estamos fazendo com que elas sejam mais atuantes no processo”, explicou.
No que se refere ao engajamento, Karen enfatizou a importância de os treinadores não apenas transferirem conteúdo, mas também traduzirem as informações em conhecimentos práticos – de acordo com as expectativas e necessidades dos participantes. “O facilitador deve assumir o papel de curador. O conteúdo em si está muito disponível atualmente. Então, ele não é mais a estrela do treinamento. A grande função do treinador no papel de curador é ajudar as pessoas a fazerem essa conexão entre conteúdo, ferramentas e teorias, com a prática delas, com a vida real”, salientou.
Por fim, a executiva reforçou que autonomia e engajamento estão diretamente ligados, e que autonomia não pode ser entendida como falta de direcionamento. Por um lado, explicou ela, devemos dar autonomia para os participantes se envolverem no desenvolvimento do treinamento, indicando suas demandas e necessidades. Por outro, devemos alinhar o conteúdo e as atividades tanto com a expectativa dos profissionais, quanto com os objetivos da empresa e a realidade do mercado em que atua.
Na visão de Karen, o conteúdo e as atividades do treinamento precisam aliar os objetivos pessoais e profissionais dos participantes com os objetivos da empresa. É isso que, segundo a diretora de educação corporativa da VendaMais, gera engajamento não só durante o treinamento, mas também no pós-aulas, para que o conhecimento traga resultado na prática. “Não importa a área do treinamento, se não olharmos para as questões comportamentais, dificilmente conseguiremos uma mudança no dia seguinte. E o dia seguinte é o mais importante”, conclui.
Quer ver o debate na íntegra? Acesse bit.ly/lifelong-learning-cbtd
*Vídeo disponível até 31 de dezembro de 2021