A resiliência é o conceito de dar a volta por cima, que pode evitar sérios problemas futuros, principalmente às crianças de hoje.
Eventualidades, como a tragédia de 11 de setembro que abalou os EUA, são impossíveis de prever. Estar preparado psicologicamente para contratempos é uma ferramenta valiosa. A resiliência é o conceito de dar a volta por cima, que pode evitar sérios problemas futuros, principalmente às crianças de hoje. O livro Criando Filhos Vitoriosos. Quando e Como Promover a Resiliência (Ed. Atheneu), do psiquiatra Haim Grunspun, trata do tema. Resilientes são pessoas que, por maior que seja o trauma ou a tragédia experimentada, dão a volta por cima e se mantêm íntegros, sem doença física ou mental.
O autor comenta algumas dicas para ajudar crianças e adolescentes construírem a resiliência. Essas informações fazem parte de uma cartilha que foi distribuída em Nova York, nas escolas públicas, após o atentado às torres gêmeas. Confira:
- 1. Enturme-se: converse com amigos e com os pais sobre todos os assuntos. Não tenha medo de expressar sua opinião.
2.Relaxe, dê um tempo. O estresse aumenta a tensão no dia-a-dia. Vá devagar com você e com seus amigos.
3.Escape da chatice: sua casa/seu quarto deve ser um porto seguro, livre de estresse e ansiedade.
4. Mantenha seu programa: muitas oportunidades aparecem e também muitas mudanças. Uma rotina pode ser confortável. Crie a sua.
5.Cuide-se: tenha a certeza de que você cuida de si mesmo – física, mental e espiritualmente.
6.Controle-se: mesmo no momento da tormenta, agarre-se num pouco do seu controle e poderá dominar melhor a situação e tomar decisões.
7.Desembuche, ponha para fora! Ou falando com alguém ou escrevendo, ou desenhando.
8.Ajude alguém: resolver algum problema alheio ajuda a manter sua cabeça mais equilibrada.
9.Ponha as coisas no lugar: considere que as coisas mudaram e os tempos ruim passaram. Pense em coisas agradáveis que o ajudem a se acalmar.
10.Desliga, meu! Tente limitar a quantidade de notícias, quer pela televisão, quer pela Internet, jornais ou revistas. Proteja-se do excesso de informação.
Haim Grunspun oferece também, em seu livro, um roteiro para os pais, que precisam se fortalecer para fortalecer os filhos.
1. Qual a importância que você ainda tem? Os filhos na puberdade e início da adolescência correm riscos e precisam muito do atendimento e da orientação dos pais.
2. Defenda argumentos a todo custo: os filhos podem até ganhar a discussão com os argumentos deles, mas aprendem a argumentar melhor.
3. Não se retraia em demonstrar afeto físico, pois ele é muito importante nesta fase da puberdade e adolescência.
4. As estratégias são diferentes de outras idades: assim como não é convincente "porque eu sou sua mãe ou seu pai", também não é convincente o adolescente argumentar "porque todo mundo tem/faz".
5. Ouça até o fim o que está sendo dito.
6. Mantenha-se envolvido. Para o bem e para o mal, tudo o que envolve os filhos púberes e adolescentes o envolve também. 7. Mantenha limites adequados, sem imposição.
8. Eduque para a independência.
9. Explique com minúcias as suas convicções.
10. Construa contratos válidos.
Haim Grunspun é psiquiatra e psicólogo. É professor de Psicopatologia da Infância, na PUC/SP, onde também dá cursos sobre Resiliência. É precursor da Psiquiatria Infantil no Brasil. Seus estudos de base para a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente.