Por JB Vilhena
Se há uma coisa com a qual a maioria dos meus alunos do MBA em Gestão Comercial da FGV (que tenho orgulho de coordenar desde 2004) concorda é que não é fácil ser gestor de vendas. Sei que você também há de convir que ser responsável por processos, resultados e pessoas não é nada simples.
Inspirado em minha própria trajetória de mais de 40 anos de vida ativa em vendas, quero compartilhar algumas experiências sobre processos que considero fundamentais para o sucesso, mas que vão além das questões técnicas, que serão tratadas por outros especialistas nesta edição. Quero me concentrar na tríade, corpo, mente e alma, tentando dar uma contribuição adicional para suas reflexões. Vamos lá.
Corpo
É preciso, no mínimo, chegar a meio século de existência para concluir algo bastante óbvio: você não preservará seu vigor físico para sempre. Mesmo que venha malhando desde jovem, seu corpo passará por transformações que vão te levar a ter menor aptidão para longas jornadas sem sono, excesso de abuso de álcool ou, até mesmo, malhação nível “hard”.
Comecei a pensar muito nisso quando completei 50 anos e fiquei superpreocupado, pois me dei conta de que, como muitos dos meus amigos, eu não havia iniciado tão cedo uma rotina de preparação do corpo para envelhecer. Isso me levou a ter uma conversa longa com o clínico geral que me acompanha, para tentar entender o que poderia ser feito para recuperar o tempo perdido.
Meu querido Dr. Rubem Gussen foi muito assertivo, dizendo que o importante era começar imediatamente uma rotina que permitisse que eu perdesse peso e ganhasse massa magra (músculos). Além disso, ele também recomendou que eu iniciasse alguma atividade que permitisse que viesse a ganhar maior consciência corporal (sua sugestão foi o pilates).
Então, dei início a um novo processo de cuidados com o corpo, passando – também – a ficar atento à ideia de reduzir quantidade de comida e de ingestão de álcool.
O resultado desta decisão, tomada há dez anos, é que hoje estou 22 quilos mais magro, malho três vezes por semana e faço pilates duas vezes por semana. O resultado prático é que ainda consigo fazer 930 km de moto em um único dia (coisa que fiz recentemente, aliás, indo de Oliveira – onde moro – até Curitiba).
Assim sendo, caso você já conduza um claro processo de cuidado com seu corpo, tenha certeza de que não se arrependerá disso no futuro. Se ainda não o faz, está na hora de começar.
Um corpo rígido, resistente e forte é fundamental, mas do que adianta tê-lo se a sua cabeça não ajuda? Então vamos falar de mais um processo que considero essencial: cuidar de sua mente.
Mente
Muito se tem falado sobre isso e não faltam programas de autoajuda e mindfulness oferecendo verdadeiros milagres (o que não significa que eles não funcionem, mas sim que temos que ser criteriosos em nossas escolhas).
Neste quesito eu comecei a me cuidar bem cedo. Aos 28 anos comecei a fazer psicanálise e nunca mais parei de investir em autoconhecimento.
Sou prova viva de que não é fácil tentar entender a si mesmo. Na realidade, hoje estou convencido de que somos, nós mesmos, nosso maior inimigo. Afinal, nós conhecemos nossas fragilidades, angústias e medos melhor do que ninguém.
Porém, não acho que o autoconhecimento vai me tornar um super-herói, daqueles capazes de fazer tudo que quiser, sem enfrentar problemas por causa disso. Minha sensação é que são as nossas decisões/escolhas que condicionam o mundo que vivemos e viveremos e, portanto, temos que estar muito conscientes quanto a elas – as decisões e escolhas –, sendo capazes de responder, sempre, a uma pergunta básica: será que darei conta das consequências daquilo que estou escolhendo agora?
Outra coisa importante no quesito mente é “não confunda sonho com meta. Sonho você imagina, meta você corre atrás”.
Como o nosso assunto é processo, lembre-se sempre da importância de ter um que garanta que você esteja, verdadeiramente, perseguindo suas metas.
Alma
Por fim, vamos falar dos processos que dizem respeito à alma.
Não vou falar nada sobre religiões ou crenças, pois essa é uma área complexa e que demanda conhecimentos que não tenho para compartilhar.
O que gostaria de sugerir são seis práticas que podem ser muito úteis no mais importante processo que julgo existir, que é o de nos tornar – a cada dia – uma pessoa melhor:
- Felicidade vem de dentro;
- Pensamentos positivos atraem coisas boas;
- Tudo que você dá recebe de volta em dobro;
- Os sorrisos são contagiosos;
- Ser gentil é gratuito;
- Só fracassa quem desiste.
Pensar em como lidar com cada uma dessas seis verdades tornará você uma pessoa com a alma mais leve e, consequentemente, melhor preparada para lidar com os inúmeros desafios de um mundo cada vez mais frágil, ansioso, não linear e incompreensível – essas quatro palavras que, em inglês, formam o acróstico BANI.
Sei que com uma temática tão técnica, minhas reflexões podem soar meio fora de sintonia. Mas lembre-se de que o processo mais importante que existe é cuidar de você mesmo.
Quer entender o que quer dizer um mundo BANI? Assista ao vídeo que está disponível em bit.ly/mundo-bani-vm.
JB Vilhena é coordenador acadêmico do MBA em Gestão Comercial da FGV, doutorando em Gestão de Negócios pela FGV/Rennes (França), consultor e palestrante.
E-mail: jbvilhena@uol.com.br