E a onça engoliu o coelho!

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Não foi do dia para a noite, já que demorou para que o grande edifício ficasse concluído. Na região todos os comerciantes esperavam que fossem ganhar muito dinheiro com a nova grande loja. Mas não foi o que aconteceu… Nenhum comerciante entedia mais nada naquele pequeno bairro do Rio de Janeiro. Um grande supermercado lá se instalou, além de fazer parte de uma loja âncora de um novo Shopping Center.
Tudo aconteceu em Del Castilho, pequeno subúrbio da Central do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, onde as pessoas viviam como em uma cidade do interior: às tardes se colocava cadeiras fora na calçada e se iniciava uma conversa com vizinhos, via-se a vida passar, enquanto alguns carros e ônibus circulavam pela rua. Os comerciantes não tinham com o que se preocupar. Vendiam o seu estoque de calçados e de roupas para a clientela do bairro. Tudo funcionava bem ano após ano. Sábados e Domingos iam todos aos restaurantes da região para o tradicional almoço fora de casa, e os jovens enchiam as mesas à noite.

Nada de novo acontecia. Pra que?

Não foi do dia para a noite, já que as obras demoraram muito tempo para que o grande edifício ficasse concluído. Mas na região todos os comerciantes esperavam que fossem ganhar muito dinheiro com a nova grande loja. Dizia-se que ela iria atrair muitos consumidores de bairros próximos e as lojas de rua iriam ganhar muitos clientes. Era tudo muito lógico: na beira da Avenida Suburbana, ao lado do grande shopping, todos iriam passar por suas portas. Eles nem pensaram em fazer uma promoção que chamasse a atenção, já que estavam contando com boas vendas.

Realmente, depois de inaugurado, muitos carros passaram a transitar pela frente das lojas que são vizinhas do NorteShopping e do Carrefour. Até paravam nos engarrafamentos para esperar acessar os estacionamentos. Mas nem davam bola para as lojas locais do comércio de vestuário, restaurantes e alimentos, já que o shopping abriga lojas do mesmo ramo.
A pá de cal veio com a abertura de mais um o Shopping NovaAmérica, distando no máximo um quilômetro um do outro. Todas as tradicionais lojas de fábrica, fabricantes de jeans, sentiram o baque e fecharam. Contei aproximadamente umas sete que antes viviam cheias e depois, uma tristeza. Lojas de ladrilhos e material de construção além de venda de veículos prosperaram, e novas empresas desses ramos abriram onde muitas faliram.

O Varejo do Século XXI começou no final do século que se encerrou. O primeiro Carrefour do Rio de Janeiro situado na Barra da Tijuca criou um comércio de varejo sensacional em sua volta numa afastada região do centro situado na Barra da Tijuca. As lojas que o circundavam tinham uma clientela sensacional e nos fins de tarde dos dias úteis e nos fins de semana ficavam cheias de clientes. De repente surge, logo ao lado, o BarraShopping… e os consumidores correram em direção às suas lojas… “pão e circo” que deixou aquelas antigas e prósperas lojas ao relento. Fecharam uma atrás da outra e elas nem mesmo esperavam por isso.

Ouvimos falar do que ocorre com as lojas WalMart nos EUA, Europa, e que está começando a acontecer nas principais cidades do Brasil. É o mesmo efeito que acabei de citar acima. O que comércio local deve fazer, se não consegue suportar os preços arrasadores de empresas do porte de um Carrefour? Muitos dos meus leitores já presenciaram esses fatos em suas cidades. Não vejo saída, senão a mudança de ramo.

No Brasil e exterior alguns prefeitos e governadores tentam aplicar sanções ou provocar acordos para tentar manter o comércio local vivo. Não sei se vale a pena insistir por esse lado.

O varejo do Século XXI está nos mostrando um fato que os administradores terão de digerir, que é a síndrome do meio. Nós temos estudado que em todo o mundo ocorre esse questionamento para que se tome uma decisão. Empresas de varejo insistem em trabalhar produtos de marca e qualidade a preços extremamente baixos com ganhos de escala. Outras preferem optar por produtos com marcas tradicionais mas com serviços e soluções para o cliente, ocupando o outro extremo, o dos preços altos. O que se vê é um tremendo desgaste para as empresas que optam por ficar no meio, sofrendo uma pressão fortíssima dos clientes ou sendo desprezadas por muitos deles, perdendo-os da noite para o dia.

O novo varejo do Século XXI D.C., data dos anos 20 D.P.C.(Depois do Computador Pessoal) chegou junto com a disseminação da informação. O consumidor dispõe de meios de pesquisa nunca antes pensados, que é a Internet e a mídia em geral. Isso nos mostra um cliente com mais dados para argumentar com os nossos vendedores e por isso derrubá-los. A primeira palavra que surge em sua boca é o tradicional “Tá Caro”. Muitos dos produtos tornaram-se verdadeiras commodities. Quem poderia imaginar um computador ser vendido em supermercado ou loja de eletrodoméstico? E um automóvel vendido pela Internet? Encontra-se produtos de marca tradicional por todos os preços e aí a negociação com o cliente se torna complicada.

Lojistas terão que se adaptar às novas realidades para que possam enfrentar o novo, sem perder o velho conhecimento e a experiência do varejo tradicional. Muitos artigos ainda serão escritos para relatar fatos do nosso dia-a-dia e tentar esclarecer o que vem acontecendo no comércio como um todo.

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