Lições de uma vida em vendas

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Se você é novo e alguém lhe oferecer uma oportunidade para mudar de vida, pense duas vezes e, depois de aceitar, nunca reclame. O aprendizado é o que vale.

Minha primeira promoção na área de vendas foi há quase trinta anos. Depois de chegar em casa radiante, comunicar minha promoção e informar que passaria a ganhar mais, minha esposa torceu o nariz – afinal, tínhamos um filho pequeno e ela ficaria sozinha durante duas semanas por mês por contas das viagens, que seriam frequentes.

Com o tempo, ela foi aceitando melhor a ideia e, na medida em que os ganhos aumentavam, o sorriso dela se transformava. Nada como um bom saldo bancário para fortalecer o relacionamento conjugal. Como diria Jeffry Timmons, estudioso do empreendedorismo, a felicidade é um fluxo de caixa positivo.

O lado bom de ser vendedor, além do aprendizado, é o número de histórias que a gente coleciona pelo fato de ser agraciado com inúmeras oportunidades de conviver com pessoas de diferentes níveis, culturas, cores, credos e tamanhos, o que tende a elevar o nosso discernimento e nossa do mundo.

Contudo, quando a gente pensa que domina o assunto e está pronto para começar o show, confiante no diploma, no nível de cultura, na experiência, no treinamento etc., uma visão diferente dos fatos aparece e nos coloca em xeque para que, outra vez, possamos reavaliar o entendimento e concluir que, apesar de tudo, ainda temos muito o que aprender. A história que conto hoje é prova disso.

Minha primeira viagem como representante de vendas foi para São Bento do Sul, no norte de Santa Catarina. Eu trabalhava numa gigante multinacional do petróleo e isso, por si só, me tornava imponente e cheio de razão. Na verdade, eu era um simples vendedor mesmo, porém com um título mais sofisticado.

De início, eu havia me programado para visitar dois postos de combustíveis com a bandeira da empresa, mas decidi visitar primeiro uma concessionária de veículos. Fazia parte da minha carteira de clientes e, de alguma forma, eu devia cumprir a agenda.

Eu não conhecia o comprador, mas sabia o nome dele, graças ao trabalho organizado do meu antecessor que mapeou a área toda, e isso ajudou muito.

Na sala de espera, eu contei mais ou menos uns vinte representantes de vendas. No balcão, disparei para a atendente: “Bom dia! Meu nome é Jerônimo, sou o novo representante da Texaco na área e preciso conversar com o senhor Simeão sobre óleos lubrificantes. Pode me anunciar?”

Na época, trabalhar numa empresa multinacional de grande porte fazia qualquer profissional encher os pulmões e mostrar os trinta e dois dentes para pronunciar o nome da corporação. Isso mesmo, TE-XA-CO!

Sem a menor cerimônia, ela olhou para trás e disparou com 120 decibéis de intensidade: “Simeããããão, mais um viajante!”

Do fundo da sala, Simeão retrucou ainda mais forte: “Manda esperar, se quiser ser atendido!”

Fiquei corado e meio constrangido, mas aguentei firme. Quando olhei ao redor percebi a plateia rindo à toa, mas uma alma boa me puxou para o lado e tentou me tranquilizar dizendo que aquilo acontecia com todos os vendedores. De qualquer forma, era algo humilhante.

Poucas profissões ensinam tanto quanto aquela que exige o entendimento do ser humano na íntegra, diferentemente do sentido pejorativo atribuído no passado, em que o título de “vendedor” era rotulado ao extremo e associado à opção de quem não sabia fazer outra coisa.

Quase três décadas depois daquele divertido episódio, algumas lições ainda permanecem vivas na minha mente e continuam muito úteis para o sucesso na minha profissão. Hoje, vou compartilhá-las com você. Pense nisso e venda mais e melhor!

  1. Ao se tornar um profissional de vendas, o título é mera formalidade, não importa se você é vendedor, representante de vendas ou viajante. Seja qual for o título, vender exige dedicação e persistência; no final, o resultado é o que conta, pois quem vive de vendas vive de resultados.
  2. De alguma forma, somos todos vendedores e devemos utilizar esse dom com frequência, seja para vender uma ideia, um produto ou serviço, seja para conquistar uma pessoa ou para convencer um filho.
  3. Assumir o título de vendedor é o primeiro passo para o sucesso na profissão; existem vendedores e viajantes, como se diz no interior, cuja renda é muito superior à renda de inúmeros profissionais que preferem cargos com nomes sofisticados mal remunerados em vez de priorizar o que é mais rentável.
  4. A venda mais difícil do mundo é vender a si mesmo, e a segunda é vender alguém para ele mesmo. Na época, se eu tivesse consciência da importância das habilidades para a profissão de vendedor, teria me dedicado muito mais e estaria bem mais adiantado.
  5. Ser vendedor é um desafio para gente grande e determinada, disposta a superar os mais indignos obstáculos – razão pela qual existem vendedores excelentes e vendedores medíocres.
  6. Parafraseando Kemmons Wilson, empresário do ramo hoteleiro norte-americano, pode-se dizer que um vendedor de sucesso reconhece a sua responsabilidade em termos de automotivação, pois somente ele tem a chave da sua própria ignição.

Jerônimo Mendes é administrador, coach, empreendedor e palestrante, além de autor dos livros A atitude muda tudo (Ed. Chiado), Empreendedorismo para jovens (Ed. Atlas) e Manual do empreendedor (Ed. Atlas)
Visite: www.jeronimomendes.com

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