Os líderes do amanhã e as facetas da neurociência

neurociência e liderança você no controle

A importância da neurociência para um líder sustentável e inovador

Por Patrícia Gomes

Mais do que nunca, vivemos em um momento de democratização do conhecimento. Em meio à pandemia, muitas informações são consumidas e compartilhadas e muitas emoções são absorvidas, e tudo o que acontece passa por esse grande sistema: o cérebro. Não à toa, saber como o cérebro funciona pode ajudar a melhorar o desempenho de quem constrói os resultados das organizações: as pessoas. Por isso, a neurociência tem se tornado um dos temas mais relevantes para as organizações, principalmente quando falamos em liderança e desempenho.

O cérebro é uma máquina de conexões de todas as informações recebidas, e a neurociência o caminho para os profissionais desenvolverem habilidades e competências que permitam a convivência entre os colaboradores e o cumprimento dos objetivos empresariais.

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“Se as pessoas são pagas para pensar, não está na hora de o mundo dos negócios saber mais sobre o funcionamento da porção responsável por nosso pensamento – o cérebro?”  – David Rock

As facetas do cérebro 

O cérebro tem, em média, 86 bilhões de neurônios, podendo formar mais de 100 trilhões de conexões, e ainda assim trabalha de forma automática. É que o cérebro não consegue analisar as situações de forma racional, ele pode descartar informações e até manipular seu raciocínio.

Segundo os neurocientistas, 95% das nossas decisões são emocionais, apenas 5% são racionais. Conhecer melhor os recursos do cérebro vai permitir expandir a consciência para, de fato, entender o papel de líder e construir times mais saudáveis, engajados e produtivos.

Como estar no controle?

Um estudo da Harvard Business Review identificou que, para termos o mínimo de domínio em determinado assunto, precisamos ter treinado, ao menos, 10 mil horas. Em pleno século XXI sabemos que somos contratados e pagos para pensar, mas quanto tempo recebemos para isso?

Na verdade, passamos tanto tempo reproduzindo hábitos que trazem conforto e segurança no dia a dia, que acabamos fechando os espaços que nos permitem abrir a novas conexões, habilidades, experiências e decisões. A pandemia nos forçou a desligar o piloto automático e a atualizar o modo de agir nas empresas.

Desde Henry Ford, nosso modelo de gestão não sofreu grandes transformações.

Agora, a liderança precisa estar atenta ao ritmo de mudança e entender qual o discurso irá criar novas conexões e gerar mais segurança para a equipe. A ideia é aperfeiçoar o pensamento dos liderados e entregar resultados com alto desempenho.

Um novo hábito: inovar

Um estudo realizado pela Duke University (2016) descobriu que mais de 40% das ações realizadas todos os dias pelas pessoas não eram baseadas em suas decisões, mas sim em hábitos.

Para minimizar o piloto automático e transformar o desempenho de seus liderados, esses seis passos vão te ajudar a inovar o modelo de gestão:

  1. Pense sobre o pensamento

Pode parecer estranho no primeiro momento, mas é preciso pensar sobre o pensamento do outro e ter paixão em aperfeiçoar não o que as pessoas pensam, mas a forma como pensam.

  1. Autodirecionamento

É comum sair dizendo para as pessoas o que elas devem fazer e como devem fazer, mas ao agir assim você não permite que elas criem novas conexões, comportamentos e resultados. Se você quer melhorar a qualidade do pensamento das pessoas, precisa ajudá-las a processar melhor suas ideias, encontrar relações entre os conceitos e não dizer o que fazer.

  1. Concentre-se na solução

Óbvio? Nem tanto! Na prática, a tendência é focar no problema e tentar mudar o que não podemos – geralmente o que já passou. Para uma alta performance de seus liderados, o líder deve incentivar o foco na solução, ou seja, buscar ideias e possibilidades.

  1. Provocar a distensão

A tendência é buscar respostas rápidas, ou seja, respostas que tragam certeza ou comprovem aquilo que já conhecemos – processo automático. Sair da zona de conforto é instigar um novo caminho, lugares ainda desconhecidos, criando conexões ainda não existentes. Isso dá trabalho, deixa o cérebro sobrecarregado e confuso, mas é mais gratificante quando se chega à recompensa.

  1. Destaque o positivo

Na maioria das vezes estamos focados na crítica e no feedback de um problema ou algo que já passou. Claro que é preciso corrigir erros passados, mas para construir resultados diferentes é preciso comportamentos diferentes. Concentre-se no que as pessoas estão fazendo bem. Observe como elas se autodesafiam, aprendem e se desenvolvem. Com isso, você começa a aplicar o que Marshall Goldsmith chamou de técnica de realimentação (Feedforward): explorar o que gostaríamos de receber daqui para frente e as formas de colocar isso em prática.

  1. Processo e conteúdo

Uma das coisas mais importantes para os liderados é saber por onde estão andando, suas metas, progressos, feedbacks e os destaques de cada performance. Sempre que você tiver reuniões ou solicitações aos seus liderados, passe as informações mais importantes como tema, tempo, objetivo e foco. Quando o processo não é visível, o medo e preocupação das pessoas e o processamento do cérebro são bloqueados para novas ideias ou contribuições.

A cultura organizacional é um tópico muito importante na agenda da liderança, porque ela é uma forte razão para atrair e reter as pessoas em suas organizações. Empresas que adotam comportamentos coerentes e atributos culturais com os objetivos do negócio facilitam as execuções do colaborador no dia a dia.

O líder precisa sair do ego e ir ao eco. Um simples mecanismo de escuta e de feedback para compreender verdadeiramente as pessoas pode impulsionar a empresa em todos os níveis. Não há mais espaço para manter os antigos processos, é preciso pensar e promover os questionamentos.    

Este artigo foi escrito por Patrícia Gomes, especialista em carreira e desenvolvimento humano. Referências utilizadas:

 

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