Metas: a arte de chegar lá

Você sabe como deve ser estabelecida uma meta em uma empresa? Tenho contribuído muito com empresas no exercício da gestão estratégica, principalmente no final e início de cada ano, começando pelo estabelecimento de metas para os próximos 12 meses. E essa experiência é duríssima para os gestores, pois eles sabem que serão avaliados e observados por todos, sem exceção, durante o exercício.

Pelo atual quadro brasileiro e cenário econômico, sabemos que estabelecer metas é complicado. Oriento os principais executivos para estabelecer metas de sobrevivência como condição fundamental para a vida da empresa. Isso tem dado certo em algumas empresas e em outras não. A diferença é que umas sabem agir e outras não. Algumas só ficam no plano, na intenção.

Fazer cenários, previsões com fatos e dados, negociar com todos envolvidos, verificar condições financeiras, determinar prioridades, então, agir. É como um diretor-executivo de uma grande empresa me disse: ?Governar é estabelecer metas, analisar as estratégias e acompanhar rigorosamente o caminho das pedras?.

Infelizmente, as empresas que fracassam têm em seus ?figurões? belos discursos, eles demonstram comprometimento apenas no início e, depois, ?delargam? para os outros e viram cobradores autocratas e burocratas. O castelo de cartas se desmorona facilmente e todos ficam descrentes no processo.

Nas empresas que implantam com sucesso a metodologia de gestão estratégica, os principais líderes sabem calibrar as metas de acordo com ela e garantem o cumprimento de seus objetivos. De preferência, mantêm a organização saudável. Como fazem isso? As metas são desdobradas, em um efeito cascata, do resultado esperado para a definição de ações que levarão até ele. Do nível financeiro para as ações de mercado, daí para os processos e, finalmente, para o exercício de aprendizagem e crescimento, que determina as competências essenciais que todos precisam possuir e desenvolver para ter sucesso. É quase infalível. Por mais que o método tenda à perfeição, não garante que as metas sejam atingíveis.

O método organiza as diretrizes, mas as pessoas continuam sendo o principal desafio. Dependendo da distância entre a situação atual e a visão, a empresa terá de realizar muitas mudanças e, como sabemos, ?mudanças? afetam o comportamento das pessoas. É como disse um outro executivo: ?Construir um novo cenário ou um novo mapa, estabelecer rotas antigas nele, nos levará, com certeza, ao fracasso?.

Portanto, uma boa meta precisa implicar um processo de mudança, pois ela muda a cultura de uma empresa. O poder da meta é muito forte e deve dar credibilidade à visão da empresa. A probabilidade de erro é de 50%, mas pergunto aos executivos: ?É preferível ter ou não uma boa meta??. Adivinhe a resposta…

A metodologia de gestão estratégica pelas diretrizes visa resolver uma questão crítica no estabelecimento de metas. É o eterno conflito entre o curto e o médio prazo. Quase todas as empresas têm problemas com fluxo de caixa, e os resultados têm de vir imediatamente, sob pena de a empresa jamais chegar ao médio, dirá ao longo prazo. Para isso, é preciso dosar muito bem as metas, sem perder de vista o longo prazo.

Segundo um estudo da Booz-Allen sobre demissão de executivos, os executivos que entregam pequenos sucessos com constância têm mais longevidade do que aqueles que entregam grandes sucessos, mas também estrondosos fracassos. Estudos da Active Educação e Treinamento apontam que as empresas que atingiram suas metas seguem sempre a mesma lógica: sempre prometem menos do que podem e entregam mais.

Disciplina é uma competência sistemática e fundamental. Através de indicadores ou itens de controle bem estabelecidos durante o acompanhamento facilitam a tomada de decisão para corrigir imediatamente uma rota a ser seguida ou não.

Como deve ser estabelecida uma meta? ? Pela minha experiência, a meta imposta de cima para baixo é mais rápida, porém não traz comprometimento. As metas estabelecidas pelas unidades de negócio em acordo com as diretrizes do presidente têm um papel mais motivador. O problema é que essa forma pode permitir folgas, ou seja, as metas podem ser menos desafiadoras do que poderiam ser. Portanto, negociar e acordar ainda são a melhor forma.

No final das contas, toda ciência, uma metodologia científica de planejamento provê racionalidade para uma empresa que não é racional. Ter o poder da emoção, do talento, do comprometimento, ainda faz a diferença. O modelo científico vale para ajudar ou apenas contribuir para o factível. Isso continuará não garantindo que as metas sejam atingidas, pois estamos em um país imprevisível, mas os líderes fazem a diferença se as competências essenciais estiverem constantemente sendo desenvolvidas.

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